TRABALHO E CIDADE

O ESPAÇO COLABORATIVO COMO ALTERNATIVA

  • Stefani Daiprai Cerutti UFFS
  • Vinícius Cesar Cadena Linczuk

Resumo

A Revolução Industrial deixou como legados ao campo do trabalho a obsessão por produtividade visando o lucro e a alienação do trabalhador em relação ao processo produtivo, o que era expresso espacialmente em linhas de produção que tornavam difícil distinguir a função do trabalhador daquela exercida pela máquina. Esse momento histórico foi tão marcante que sua influência na concepção dos espaços de trabalho perpetua-se até hoje, o que também origina relações sociais hierárquicas e pouco saudáveis, sendo recorrente no mercado de trabalho o surgimento de transtornos psicológicos. Em contrapartida, com a chegada à Era da Informação tem sido possível observar transformações tecnológicas e ideológicas que produzem novas interpretações, como o modelo de trabalho colaborativo. Os espaços com base nesse referencial vêm se popularizando mundialmente e estão voltados ao compartilhamento de estruturas físicas, recursos e ideias, à formação de parcerias e à criação conjunta de projetos em prol do bem comum. Logo, o modelo tem a cooperação mútua como premissa, sendo uma reação ao pensamento precedente que considera o parasitismo social – ou seja, a competição, dominação e subjugação - enquanto indissociável das relações de trabalho. Nesse contexto, a Arquitetura e o Urbanismo exercem papéis fundamentais, visto que a configuração dos espaços é capaz de traduzir ideias, induzir ou inibir a comunicação entre diferentes pessoas. Foi a partir dessas matrizes que o Trabalho Final de Graduação do curso de Arquitetura e Urbanismo intitulado “TEIA: Espaço de trabalho colaborativo em Erechim/RS” foi desenvolvido. Após a aproximação histórica e conceitual da temática, e então a realização de análises na cidade de Erechim/RS, foi possível unir as necessidades do município com as ideias obtidas a partir dos referenciais teóricos e produzir uma síntese que resulta em uma proposta arquitetônica. Dessa forma, discutiu-se a importância da existência nas cidades de um equipamento público que estabeleça redes de colaboração e funcione como mediador entre diferentes grupos sociais, organizações e instituições, que fomente a criatividade coletiva e as inovações de cunho social, unindo oportunidades, democratizando o acesso às estruturas, valorizando a diversidade e descentralizando a produção do conhecimento em polos isolados de saber. Considera-se, portanto, a cultura, os conhecimentos populares e as demandas da comunidade como integrantes do desenvolvimento local, colocando as pessoas como protagonistas das transformações. Para isso, esses espaços devem dispor de subsídios que promovam o trabalho colaborativo e a criação coletiva a partir de múltiplas plataformas: encontros, debates, palestras, workshops, apresentações culturais, criação artística e audiovisual, trabalho manual e experimental, atividade empreendedora, entre outros. Logo, sua arquitetura deve priorizar a flexibilidade programática e induzir a socialização. Apontou-se, ainda, diretrizes para a implantação desse tipo de equipamento como a locação em zonas de atração natural da população em diferentes períodos do dia, bem como em áreas onde o uso predominante é o lazer e a moradia, de forma a estabelecer relações mais informais e cotidianas.

Publicado
30-08-2019
Seção
Campus Erechim - Projetos de Ensino