O RECONHECIMENTO DO EU COMO LEITOR(A) E ESCRITOR(A) NA ALFABETIZAÇÃO

RELATO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO NOS ANOS INICIAIS

  • Victória Louise de Paula Santos Carminatti Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Jane Teresinha Donini Rodrigues

Resumo

Este resumo apresenta um dos resultados obtidos na experiência através do componente curricular Estágio curricular supervisionado: anos iniciais do ensino fundamental, do curso de Pedagogia, campus Chapecó. O estágio realizou-se no pri-meiro semestre de 2019, na Escola Básica Municipal Sereno Soprana, de Chapecó-SC, na turma de primeiro ano do fundamental, e se dividiu em quatro etapas: 1ª) ob-servação (diagnóstico); 2ª) planejamento; 3ª) docência; 4ª) relatório reflexivo. Durante a observação da turma, percebi que as crianças pouco se interessavam pelos livros infanto-juvenis presentes em sala de aula, não iam à biblioteca e não demonstravam interesse por este espaço que estava sempre com sua porta aberta e suas estantes cheias. Essa situação me inquietou. Movida pelo desejo de incentivar o gosto pela leitura e de proporcionar o contato direto com os livros, tomei a literatura como princi-pal proposição de meu planejamento. Uma estratégia pedagógica utilizada foi “e agora, como será?”. Trata-se de fazer uma contação de histórias interrompendo-a quando estiver no momento mais interessante dos fatos narrados e, a partir daí, de-safiar os ouvintes a criarem a sequência e o desfecho da história. Tornarem-se, por-tanto, coautores das histórias. Essa ação pedagógica foi desenvolvida após explorar, com as crianças, todas as características da obra: autoria, ilustração, personagens, as etapas da história. Iniciada a narração, as crianças acompanhavam cada detalhe “embriagadas” pelas palavras e, de repente: “E agora, como será? Vamos escrever o final da história?” Responderam de imediato: - “mas a gente não ‘sabemos’ escrever assim!”. Fiz a proposta de escrevermos juntos. Toparam o desafio! As ideias foram surgindo e registradas no quadro. Finalizada, a história já contava com novos autores. Registramos em uma cartolina e em seguida mais um desafio: ilustrar a nossa história! No dia seguinte, quando as crianças chegaram, se depararam com o trabalho exposto no mural da turma. Agitadas, chamavam os responsáveis para ver o resultado e ex-clamavam: “Fui eu que escrevi!”; “Os ilustradores ‘somos’ a gente!”. As crianças con-tavam como escreveram, mostravam suas ilustrações e a sua história. Esta ação pe-dagógica mudou o cenário da sala de aula e, a partir daquele dia, as crianças, que antes não tocavam nos livros, estavam agora pedindo por eles, estavam sentando no chão da sala para folheá-los. A experiência mostrou que a atividade desenvolvida não só havia proporcionado o estudo do gênero literário narrativo, como também incenti-vado o gosto pela literatura, criando consciência de si como leitor(a) e escritor(a), mesmo que em fase inicial da alfabetização.

Publicado
26-09-2019
Seção
Campus Chapecó - Projetos de Ensino