UM OUTRO (NOVO) MUNDO JÁ EXISTE
Resumo
Frequentemente vemos frases como “um outro mundo é possível, ou “por um mundo melhor”, que aparecem na mídia, em campanhas, e na fala das pessoas, como promissão da qual devemos nos agarrar, acreditar, e esperar. Nesse sentido o presente trabalho tem como objetivo debater sobre esse discurso comum da contemporaneidade, que visa a busca por um futuro melhor, mais promissor, busca incansável por um novo mundo, por uma nova sociedade. Tal discurso nos reporta para um futuro, sem mesmo olharmos as possibilidades de mudanças para o mundo presente. Pensando nisso buscamos questionar, que outro mundo é esse? O que teria nesse novo mundo? Porque essa aspiração ávida por um outro mundo apenas no futuro? Prontamente, não há a pretensão de responder tais questionamentos, mas sim de incitarmos uma reflexão e problematização sobre essa busca incessante, no presente, por um futuro “melhor”. Talvez, esse “novo” seja novo para nós que nele não vivemos, e este “outro” já exista em algum lugar desse nosso mundo que negamos em prol de um futuro. Em contrapartida com essa realidade, buscamos destacar um outro novo mundo já existente no presente. O mundo zapatista presente em Chiapas no México. Chamamos esse, de “outro” mundo, porque evidente não é o mesmo que o nosso, possui organização social diferente da nossa, e “novo” mundo, pois, frente ao que vivemos é algo desconhecido. A partir de duas bibliografias que abordam um pouco da origem e construção dessa sociedade chiapaneca, sendo os autores, Cassio Brancaleone, e Emílio Gennari. Pretendemos destacar, algumas características desse mundo que desconhecemos e que ocorre no nosso mundo presente. Um pouco da história dos zapatistas, suas formas de organização, luta e resistência frente as opressões sociais e imposições do governo mexicano. Comparar a sociedade chiapaneca com qualquer outra é inviável, e está longe de ser essa nossa intenção. O foco da nossa abordagem é ressaltar que a questão da luta pela sobrevivência desses povos acontece no presente, e para o presente. Ou seja, buscamos refletir que a sociedade chiapaneca se mobilizou e se mobiliza para efetuar mudanças no mundo real, no mundo presente em que vivem, sem negá-lo em prol de uma ambição por um futuro distante. Com essas considerações, ponderamos que o ritual de ansiar no presente por um mundo novo, e melhor no futuro, torna-se insensato se pensarmos que isso ocorre por conta de não olharmos para o presente como algo passível de mudança, como algo em que possamos efetuar uma modificação, uma revolução, antes de negar esse presente mundo que vivemos, e apenas desejar, assentados na imobilidade, um futuro mundo melhor e promissor. Dessa forma, provocamos um olhar para nosso presente, em que possamos ver que um mundo novo já existe em nosso mundo, e que pode constar nesse espaço presente ainda mais mundos novos. Não que o mundo zapatista seja uma modelo de arquétipo excelente, mas talvez, uma referência de que existe sim a possibilidade de efetuarmos mudanças sociais no próprio presente, vivendo ele e fazendo dele um mundo novo e melhor.
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