A pós-modernidade como objeto pictórico
solidão e melancolia na arte de Susano Correia
Resumo
O presente trabalho propõe uma reflexão sobre as obras de arte de um brasileiro contemporâneo, chamado Susano Correia, um jovem artista catarinense, graduado em Artes Visuais pela Universidade Estadual de Santa Catarina – UDESC, atualmente reside em Florianópolis/SC. Tem como objetivo geral refletir a melancolia e a solidão que pairam as relações sociais, substituídas pelo afeto virtual, na pós-modernidade, através da representação destes silogismos psicológicos apresentados, nesta análise, na obra intitulada Homem em sua solidão super povoada (2017). Embrenha-se no imediatismo da vida urbana, a correria, que gera o desgaste físico e emocional, o tédio e por consequência, a apatia. Sentimentos expressados por dois artistas, de tempos distintos, mas que encontram-se e suas obras, se abraçam em compreensão por desenharem o sofrimento consequente da modernidade, desta forma, são relacionadas as expressões artísticas de Susano Correia, que pinta os tempos melancólicos da pós-modernidade e Edward Hooper (1882-1967), o pintor norte-americano da solidão do século XX. Para tanto, introduz-se às reflexões, a arte como mentira, com Friedrich Nietzsche, para dissertarmos acerca desta, através da pós-modernidade, conceituada por Gianni Vattimo, como um “debilitamento do ser” e a “destruição da ontologia”, tendo como consequência o enfraquecimento das estruturas de legitimação da Verdade. Ademais, procede-se por meio de Maria Bernadete Ramos Flores, ao que concerne interpretações acerca de Hooper e à definição de melancolia, da poetisa argentina Alejandra Pizarnik. Compreendemos a infinidade de possibilidades para a interpretação de uma pintura ocorre, primeiramente, em razão da subjetividade do espectador, há quem aprecie determinadas obras em relação à sua capacidade de se identificar com aquilo que vê e há quem admire-as simplesmente por divagar em torno de suas significações. De qualquer modo, a arte carrega em suas perspectivas interpretativas algum teor de dissimulação, o prazer da apreciação artística está em sua pluralidade, ou seja, há uma infinidade de interpretações possíveis porque há uma imensidão de elementos imperceptíveis a todos os olhos que a miram, o que torna cada obra de arte singular a cada apreciador. Não obstante, atemo-nos a detalhar alguma exposição técnica da tela analisada e, a partir disso, interpretamos a obra por meio das ideias e métodos elucidados pelo historiador e filósofo Georges Didi-Huberman, considerando suas descrições de “decupagem”, “detalhe” e “trecho”. Consideramos como referencial biográfico do artista, entrevistas dispostas em meios virtuais e, o acesso às obras, através de suas redes sociais. As considerações finais acerca da interpretação pretendida, preconiza sobretudo, a apatia. Sentimento presente em toda a composição artística da pintura, a sensação de estar perdido e não poder se encontrar. A obra como um todo, exprime o tédio, consequência da rotina pré-estabelecida do sistema consumista moderno de uma vida programada.
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