A REPRESENTAÇÃO DO DESEJO EM URBANIDADES PERIFÉRICAS

Resumo

Com a intenção de contribuir com os estudos de gênero, espaço e sexualidade pelo viés interdisciplinar, este resumo apresenta a proposta inicial do projeto de pesquisa “Gênero e sexualidade em urbanidades periféricas”, com o objetivo de analisar os discursos e a cultura material na espacialização do desejo, das identidades e das sexualidades não hegemônicas. Através de pesquisa prévia, em cartografar a urbanidade contemporânea das representações de subcultura(s) queer em contextos urbanos centrais (através da pesquisa intitulada “Território queer no contexto urbano ocidental”), observamos diferentes fatores de referência para os movimentos de subcultura vinculados às relações de gênero, aos feminismos e as práticas cotidianas de uma vida mais contemplativa e democrática. Desta forma, constatamos que entre as grandes, médias e pequenas cidades - marcadas pela geografia política de países ocidentais e da influência regional - existem subterfúgios transitórios destas relações humanas marcados por hierarquias espaciais na configuração de moralidades, práticas cotidianas e deveres mais voltados para a regulamentação heteronormativa do que para a autonomia (individual e coletiva) alcançada pela experiência de viver em metrópoles de referência mundial. Por este fator transitório, intercalando inovações e conservadorismos, esperamos compreender linhas mais tênues para desfazer a concepção binária dos conceitos e estigmas que marcam as pequenas e médias cidades. Através de análise qualitativa envolvendo entrevistas e espacializações urbanas, esperamos compreender de que maneira estes contextos periféricos, no sentido da incorporação de novidades, teorias e tendências, tornam-se um campo de re-produção de comportamentos e regulamentações na caracterização de um modelo subliminar de urbanidades periféricas. Um contexto também marcado por produções particulares e desvios criativos de característica político-geográfica descentralizados. Na medida em que a espacialização da cidade contribui para o condicionamento da vida das pessoas, estabelecendo como fundamento maior as funções e os deveres da população muito mais do que as práticas do prazer e da busca pela autonomia a partir dos desejos, trazemos como hipótese a caracterização de urbanidades periféricas no contexto local e global como alienação e reprodução de um sistema político que delimita a transcendência do sujeito e das comunidades envolvidas em estruturas urbanas irredutíveis. Este fator envolvendo a vida cultural e cotidiana de cidades periféricas predispõe uma estrutura de articulações restritas e precárias para a produção criativa e inovadora na representação de estilos de vida que, normalmente, permanecem restritos aos grandes centros urbanos. Com base nesses fatos previamente analisados e nas teorias de gênero, espaço e sexualidades, esperamos analisar as nuances que envolvem o prazer como sistema de articulações urbanas.