Avaliação da Prevalência de Diabetes Mellitus tipo 2 e Hipertensão Arterial Sistêmica em uma População Quilombola do Norte do Rio Grande do Sul
Resumo
A morbimortalidade na população quilombola, tanto de origem infectocontagiosa quanto crônico-degenerativa, é elevada, contudo, o diabetes mellitus tipo dois (DM2) e a hipertensão arterial sistêmica (HAS) vêm ascendendo, já ultrapassando o número de indevidos portadores dessas condições em relação às doenças contagiosas. Em vista disso, com o objetivo de avaliar a prevalência dessas comorbidades realizou-se um estudo observacional, do tipo transversal descritivo, com a população maior de 18 anos das comunidades quilombolas de Sertão, RS (Mormaça e Arvinha). As informações de sexo, data de nascimento, IMC, diagnóstico médico referido de DM, bem como de HAS foram obtidas por meio da aplicação de um questionário a essa população. Ainda, interrogou-se acerca do número de alimentações diárias, do tipo de produto consumido e do uso de aparelhos eletrônicos durante as refeições. As informações sobre sexo, data de nascimento, presença do DM2 e da HAS acerca da alimentação dos participantes foram coletadas diretamente a esses, enquanto o peso e a altura foram determinados por meio de uma avaliação antropométrica, sendo realizado posteriormente o cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC). O perfil dos 34 participantes era predominantemente mulheres (79,4%), entre 30-59 anos (55,9%), com IMC médio de 32,5kg/m². Do total 51,5% apresentavam diagnóstico médico referido de HAS e 23,5% do DM2. Ainda, com relação aos seus hábitos durante a alimentação, constatou-se que 44,1% não realizavam suas refeições assistindo televisão, mexendo no computador e/ou celular e que todos os entrevistados consumem ao menos duas refeições por dia, sendo a mais prevalente o almoço (100%) e a janta (97,0%). Além disso, o padrão alimentar mais frequente observado foi o consumo diário de feijão (67,7%) e alimentos preparados com açúcar (38,2%) consumo de frutas frestas três vez na semana (54,6%), bem como verduras/legumes (45,8%), de hambúrgueres e/ou embutidos (54,5%) e macarrão instantâneo/salgadinho/biscoito (48,5%). Apenas 3,0% dos entrevistados utilizam alimentos integrais na sua alimentação. Os participantes receberam orientações sobre os cuidados preventivos em relação a HAS e ao DM2, além da necessidade de seguir as determinações médicas quanto à utilização das medicações. A baixa renda da população pode ser um fator que justifique a compra de alimentos de menor custo, os quais, frequentemente, são de maior valor energético e pobres em nutrientes. Esse tipo de alimentação está associada ao aumento do índice de obesidade, sendo essa fator de risco para o desenvolvimento da hipertensão e do diabetes. Apesar de as características alimentares serem uma forte correlação para a presença de hipertensos e diabéticos, nessa população não são descartadas outras causas, dentre elas uma etiologia genética desta população. São necessários mais estudos que demonstrem às características dessas populações quilombolas e que avaliem se existe uma relação genética as doenças crônicas citadas e sua significativa incidência.
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