PROTEÍNA C REATIVA EM CADELAS COM ALTERAÇÕES UTERINAS INFLAMATÓRIAS

Autores

  • Mari Moço De Freitas Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Anne Caroline de Aguiar Pesenti
  • Daniela Hemsing Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Denilson Rosalez Soares Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Jhenifer Eduarda Da Rosa Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Julia Elisabett Klocoski Bolsonello Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Fernanda Bernardo Cripa Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Fabíola Dalmolin Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Gentil Ferreira Gonçalves Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Luciana Pereira Machado Universidade Federal da Fronteira Sul

Resumo

A resposta do sistema imune à infecções ou processos inflamatórios se dá pela produção de proteínas inflamatórias, com atividade inespecífica, denominadas proteínas de fase aguda. A proteína C reativa (PCR) é uma proteína de fase aguda produzida pelo fígado e tecido adiposo, liberada sob estímulo de mediadores pró-inflamatórios, como as citocinas: fator de necrose tumoral (TNF), interferon-γ, interleucina 1 (IL-1) e 6 (IL-6). O aumento sérico da PCR está relacionado a eventos que cursam com injúria tecidual, podendo ser traumática, imunológica ou inflamatória. O objetivo deste trabalho foi avaliar a concentração da PCR sérica em cadelas diagnosticadas com piometra ou gestantes em parto distócico. Foram utilizadas amostras excedentes de soro sanguíneo, de 14 cães fêmeas, enviadas ao Laboratório de Análises Clínicas Veterinário da UFFS para avaliação bioquímica pré-cirúrgica, no período de janeiro de 2016 a julho de 2018. Os animais foram divididos em três grupos: grupo controle (GC) com 2 animais, grupo distocia (GD) com 6 fêmeas em trabalho de parto distócico e grupo piometra (GP) com 6 animais com diagnóstico sugestivo de complexo hiperplasia endometrial cística/piometra. Nos animais em que o hemograma foi solicitado para avaliação pré-cirurgica também foram analisados retrospectivamente os resultados. A determinação da PCR foi realizada em amostras de soros mantidas a -20°C, com kit comercial de aglutinação em látex (PCR serolátex SD Labtest). O teste tem sensibilidade para detectar a concentrações da proteína C reativa mínima de 6 mg/L, utilizando partículas de poliestireno estabilizadas e sensibilizadas com anticorpo anti-proteína C reativa humana. Estudos recentes indicam reação cruzada com PCR canina, sugerindo que o teste possa ser utilizado em cães. No GC todas as amostras foram negativas para PCR (< 6,0 mg/L) e com número de neutrófilos dentro dos valores de referência para a espécie, com média de 3,5±0,2 x10³ células/μL, sem desvio a esquerda. A PCR foi positiva em 83,3% dos animais do GD com média de 55±75,7 mg/L e número de neutrófilos médio foi de 11,4±5,0x 10³ células/μL. No GP também 83,3% dos animais apresentaram PCR positiva (44± 73,1mg/L), acompanhados de número de neutrófilos de 19,5±17,3x10³ células/μL. Todos os animais positivos para PCR apresentavam alguma alteração no hemograma, predominando a neutrofilia, com ou sem desvio à esquerda, monocitose, anemia, eosinofilia e neutropenia. Um animal do GD apresentou PCR normal e apenas anemia discreta no hemograma, que pode ser relacionada com anemia fisiológica da gestação. Em um animal do GP com PCR negativa foi observado neutropenia com desvio a esquerda degenerativo e anemia, que sugerem processo inflamatório intenso. Não houve diferença significativa entre os grupos GD e GP para PCR e número de neutrófilos pelo teste de Mann-Whitney (p>0,05). Apesar do número reduzido de animais, reafirma-se o envolvimento da PCR nos processos inflamatórios do trato reprodutivo de fêmeas caninas. Sugere-se que a PCR pode complementar a avaliação hematológica dos cães, principalmente nos casos que não se observam alterações nos neutrófilos. Porém, não permite distinguir-se a causa ou intensidade da inflamação, não devendo substituir o hemograma.

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Publicado

24-10-2018

Edição

Seção

Campus Realeza - Projetos de Pesquisa