MASTITE GANGRENOSA EM FÊMEA BOVINA LEITEIRA EM PROPRIEDADE DE AGRICULTURA FAMILIAR, NO MUNICÍPIO DE AMPÉRE, PR

Resumo

A mastite representa um dos principais entraves para a bovinocultura leiteira, devido aos severos prejuízos econômicos que acarreta. Anualmente, três de cada dez vacas leiteiras apresentam inflamação clinicamente aparente da glândula mamária. As perdas econômicas podem ser avaliadas pela diminuição na produção e na qualidade do leite, à elevação dos custos com mão-de-obra, medicamentos e serviços veterinários, além de descarte precoce de animais. O presente relato trata-se de um caso incomum de mastite gangrenosa bovina possivelmente causada por agentes ambientais, ocorrido em pequena propriedade da agricultura familiar, situada no interior do município de Ampére, Paraná. Foi atendida uma vaca holandesa de dois anos de idade, primeira lactação, que durante a ordenha apresentava sensibilidade ao toque, úbere quente e endurecido e o leite espesso com grumos, estrias de sangue e odor forte. Na região ventral da glândula, acima da papila mamária posterior esquerda, foi observada uma área acinzentada sugestiva de necrose. Na anamnese, o proprietário informou que o animal era alimentado com silagem e ração em um sistema de criação semi-intensivo, tendo acesso ao pasto em piquetes por algumas horas no dia, mas a maior parte do tempo passava confinada em estábulo com piso de cimento. Ao exame físico, o animal apresentou febre, taquipneia, linfonodos retromamários reativos e a porção ventral do quarto esquerdo e sua inserção, com pele fria, acinzentada e ressequida, cercada por halo hiperêmico. Foi diagnosticado como um caso superagudo de mastite gangrenosa por agentes ambientais, caracterizado por inflamação muito intensa, com a presença de sinais sistêmicos. O tratamento da mastite gangrenosa é muito difícil sendo necessária a intervenção cirúrgica com a amputação do quarto gangrenado apenas para salvar a vida do paciente apesar prognóstico duvidoso, pois na maioria das vezes ocorre perda parcial ou total do úbere e em muitos casos o animal acaba vindo a óbito. Nesta abordagem realizou-se apenas o tratamento sistêmico com terramicina, sem êxito, houve piora do quadro clínico com o aumento das áreas de necrose. Após alguns dias houve a separação entre os quartos mamários com desprendimento de partes da glândula mamária e quinze dias após o parto o animal veio a óbito. A mastite gangrenosa enquadra-se na categoria de mastites superagudas, sendo considerada a mais radical das formas de mastite, acometendo principalmente as raças de aptidão leiteira no período pós-parto. Prevenção é a palavra-chave para o controle da mastite. A alta prevalência e enzooticidade da doença nos rebanhos, bem como o alto custo dos tratamentos instituídos, juntamente com os prejuízos e perdas na produção, justificam a necessidade da instituição de programas eficazes de controle. No presente trabalho relatou-se a ocorrência incomum de mastite gangrenosa, reforçando a importância da adoção de procedimentos preventivos contra a mastite bovina por agentes ambientais.