RELATO DE UM CASO DE CINOMOSE CANINA ATENDIDO EM UMA CLÍNICA VETERINÁRIA DE FRANCISCO BELTRÃO, PR

Autores

  • Alison Rodrigues da Veiga
  • Micheli Negri Brusamarello
  • Susana Regina de Mello Schlemper Universidade Federal da Fronteira Sul - UFFS
  • Tiago Ribeiro Machado

Resumo

A Cinomose canina é uma enfermidade viral multissistêmica aguda ou crônica, altamente contagiosa, causada por um Morbilivirus. A transmissão ocorre por contato direto, através de aerossóis, alimentos ou objetos contaminados, e acomete principalmente cães domésticos jovens, mas também outros carnívoros. Em cães, a mortalidade chega a 80%. Foi encaminhada a uma clínica veterinária em Francisco Beltrão, PR, uma fêmea canina, quatro 4 meses de idade, não castrada, mestiça Border Collie com Pastor Belga, pesando 10,1 kg. Na anamnese, o tutor relatou como queixa principal salivação excessiva, tremores constantes e episódios de convulsões, e que a fêmea apresentou os primeiros sinais cerca de 10 dias antes, com perda do apetite, aumento na ingestão de água e apatia. O quadro relatado é semelhante a maior parte dos casos de Cinomose, sendo que a disseminação do vírus para os tecidos nervosos e consequentemente evolução dos sinais clínicos ocorre entre 8-10 dias pós-infecção. O tutor não apresentou a carteira de vacinação, afirmando que a fêmea tinha acesso à rua e não possuía contactantes em sua residência. Na avaliação clínica geral, observou-se escore corporal bom, temperatura=38,9°C, FR=30mpm, FC=156bpm, mucosas normocoradas, tempo de perfusão capilar=2 segundos, desidratação estimada de 6%, onde já se deu o início da estabilização da paciente com fluidoterapia. Na avaliação clínica específica observou-se secreção seropurulenta ao redor dos olhos, alterações respiratórias, som de estertor pulmonar à ausculta torácica, motivado pela inflamação dos tecidos pulmonares e mesmo edema pulmonar; alterações na pele da região abdominal, com lesões pustulares e colaretes epidérmicos. Devido ao histórico de convulsão e tremores foi realizada uma avaliação neurológica, seguindo uma ficha neurológica adaptada daquela utilizada no Hospital Veterinário UFFS. Notou-se diminuição do reflexo luminoso pupilar direito e sinais discretos de obnubilação. Foram solicitados exames complementares, como o teste de produção lacrimal de Schirmer, obtendo no olho direito produção lacrimal=zero e no olho esquerdo= 7,5. A produção lacrimal em cães situa-se entre 15-25 mm/minuto, e cães com valores entre 10-15 mm/minuto são considerados suspeitos, e inferiores a 10 mm/minuto são considerados portadores de ceratoconjuntivite seca. Evidenciou-se no hemograma completo, linfopenia (14%), que pode ser atribuída à destruição dos linfócitos T e B e devido à necrose dos tecidos linfóides causada pelo vírus, neutrofilia (80%) e discreto desvio à esquerda (2%); pelo esfregaço não foram observados corpúsculos de Lentz. O diagnóstico foi confirmado através do teste rápido imunocromatográfico. Foi estabelecido tratamento de suporte: antibioticoterapia, anti-inflamatórios e anticonvulsivantes. Dois dias após o início do tratamento o animal foi a óbito. A taxa de mortalidade de cães acometidos por Cinomose é muito alta, sendo enzoótica no Brasil. A prevenção continua sendo a melhor opção, através da vacinação, pois ainda hoje esta doença não possui um tratamento específico, sendo baseado apenas no quadro clínico e no suporte do paciente. Com isso é muito importante que sejam realizados estudos sobre a patogênese viral, para podermos entender com mais propriedade como se comporta esta doença e consequentemente desenvolver novas medidas de prevenção e controle da mesma.

Biografia do Autor

  • Susana Regina de Mello Schlemper, Universidade Federal da Fronteira Sul - UFFS

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Publicado

24-10-2018

Edição

Seção

Campus Realeza - Projetos de Pesquisa