Determinantes sociais de saúde no tratamento de doenças crônicas não transmissíveis: uma revisão integrativa de literatura

Autores

Palavras-chave:

Determinantes Sociais de Saúde, Doenças Não Transmissíveis, Aderência ao Tratamento

Resumo

Introdução: As Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DNTs) representam a principal causa de morte no mundo, exigindo acompanhamento contínuo e gerando impactos financeiros significativos para os pacientes e suas famílias. Dado que esses tratamentos frequentemente se estendem por toda a vida, os Determinantes Sociais de Saúde (DSS) desempenham um papel crucial na adesão e continuidade do cuidado. Assim, compreender esses fatores é essencial para a formulação de políticas públicas eficazes que garantam acesso equitativo ao tratamento das DNTs. Objetivo:  Analisar a influência dos DSS no tratamento de doenças crônicas não transmissíveis. Metodologia: Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, realizada por meio de buscas nas bases de dados PubMed, LILACS e BVS Saúde. Foram utilizados os descritores “Chronic Disease”, “Social Determinants of Health”, “Treatment Adherence”, “Compliance" e "Noncommunicable Diseases”, combinados pelo operador booleano AND. A pesquisa incluiu artigos em português e inglês, publicados a partir de 2012, que estavam disponíveis na íntegra. Após a remoção de duplicatas, nove estudos foram selecionados para análise. Os dados extraídos foram organizados em tabelas, permitindo a comparação dos principais achados. Resultados e Discussão: Os estudos analisados indicaram que os DSS afetam diretamente o tratamento das DNTs. Fatores econômicos demonstraram grande impacto, como evidenciado na China, onde 50,1% das famílias com pacientes oncológicos enfrentaram gastos catastróficos com saúde, comprometendo outras necessidades básicas, especialmente entre desempregados e aposentados. No Brasil, a baixa renda foi associada a dificuldades no uso correto de medicamentos, menor questionamento de profissionais de saúde sobre a condição do paciente e maior tendência a subestimar orientações médicas. O acesso aos serviços de saúde também se revelou um desafio em diversas regiões. Na África Subsaariana, a escassez de insumos, como fitas de glicose e baterias para glicosímetros, prejudicou o diagnóstico e tratamento de diabetes. Em Malawi, a distância dos serviços foi apontada como um obstáculo, enquanto a indisponibilidade de medicamentos dificultou o tratamento de asma e tuberculose. Além disso, o nível de letramento em saúde mostrou-se um fator determinante na adesão ao tratamento. Na América Latina, pacientes com maior alfabetização em saúde demonstraram melhor aderência ao tratamento medicamentoso para hipertensão e diabetes. Em Bangladesh, observou-se que indivíduos com maior nível socioeconômico buscaram mais atendimento qualificado, evidenciando desigualdades no acesso à saúde. Considerações Finais: Os resultados demonstram que os DSS influenciam diretamente a adesão e a continuidade do tratamento das DNTs, sendo essenciais para a compreensão das desigualdades no acesso aos cuidados de saúde. Fatores como condição socioeconômica, disponibilidade de insumos, distância dos serviços e letramento em saúde afetam a efetividade do tratamento, reforçando a necessidade de políticas públicas que ampliem a cobertura assistencial, promovam a interiorização dos serviços e garantam a distribuição adequada de medicamentos. No Brasil, o fator econômico se destaca como uma das principais barreiras, tornando imprescindível a implementação de estratégias que reduzam as desigualdades e incentivem o autocuidado dos pacientes. Compreender e mitigar os efeitos dos DSS é fundamental para aprimorar a assistência às DNTs e reduzir o impacto dessas doenças na saúde pública global.

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Publicado

20-07-2025

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Seção

ET 1 - Políticas de Equidade, Acessibilidade, redes de atenção e desafios no SUS