Atuação do enfermeiro no cuidado ao paciente com câncer de pele não melanoma
Palabras clave:
Neoplasias cutâneas, Processo de Enfermagem, Enfermagem Oncológica, Oncologia cirúrgicaResumen
Introdução: O câncer é um nome dado a um conjunto de doenças que acometem o organismo pelo crescimento rápido e desordenado das células anormais, estas células tendem a ser mais agressivas e incontroláveis. Estima-se que no triênio de 2023 a 2025 cerca de 704.080 novos casos sejam identificados (Santos et al., 2023). O câncer de pele não melanoma é o mais frequente no Brasil, correspondendo a 30% de todos os casos. Os tipos mais comuns diagnosticados são o Carcinoma Basocelular (CBC) e o Carcinoma Espinocelular (CEC), sendo o melanoma, o tipo mais agressivo e com pior prognóstico (INCA, 2022). O enfermeiro é o profissional que possui competência para entender as necessidades psicobiologias, psicossociais e psicoespirituais que, por meio do Processo de Enfermagem (PE), sistematiza a assistência em cinco etapas: 1) Avaliação de enfermagem; 2) Diagnóstico de enfermagem; 3) Planejamento de enfermagem; 4) Implementação de enfermagem e; 5) Evolução de enfermagem, sendo fundamentado por Sistemas de Linguagem Padronizados (SLP) ou outros suportes teóricos (Cofen, 2024). Objetivo: Descrever a atuação do enfermeiro no atendimento ao paciente com câncer de pele não melanoma. Metodologia: Trata-se de uma revisão narrativa da literatura que busca descrever a atuação do enfermeiro no cuidado ao paciente com câncer de pele não melanoma. Para inclusão das bibliografias foram utilizadas as bases de dados: Portal periódicos Capes; Biblioteca Virtual em Saúde (BVS); Scopus e Medline, os descritores foram: Neoplasias cutâneas; Processo de Enfermagem; Enfermagem; e Oncologia cirúrgica em inglês e português, com os operadores booleanos “AND” ou “OR”, entre os anos de 2020 a 2025. Foram excluídas bibliografias fora do espaço temporal e que não se enquadram na temática. O estudo foi realizado no primeiro semestre de 2025. Resultados e Discussão: Foram utilizados cinco estudos encontrados por meio da busca na literatura, presentes nas bases de dados: Portal periódicos Capes; Biblioteca Virtual em Saúde (BVS); Scopus e Medline, além de livros, legislações e diretrizes disponíveis de forma virtual. O enfermeiro desempenha um papel fundamental desde a prevenção ao manejo do tratamento do câncer de pele não melanoma, tendo em conta que é o profissional protagonista e que está inserido de forma direta na assistência à saúde a essa população. Sua atuação se estende desde a atenção primária à saúde, desenvolvendo ações de orientação sobre os fatores de risco e medidas de prevenção, e ações voltadas para o pré e pós-hospitalar, por meio do planejamento de ações direcionadas ao cuidado integral durante e após as o tratamento, contribuindo para melhoria dos desfechos clínicos, manejo dos sinais e sintomas e melhoria da qualidade de vida dessa população. Nas principais abordagens utilizadas no tratamento oncológico, destacam-se a cirurgia, radioterapia, quimioterapia, imunoterapia, terapia hormonal entre outros procedimentos que ao longo de sua exposição apresentam riscos e efeitos adversos. Quando se trata do câncer de pele não melanoma, o tratamento considerado de primeira linha é a intervenção cirúrgica, terapêutica da qual leva em consideração o tipo histológico, o tamanho, a localização anatômica e as condições clínicas de cada paciente (Santos et al., 2022). A radioterapia costuma ser indicada como terapia adjuvante para lesões localmente avançadas e com margens comprometidas, além disso também pode ser utilizada como terapia primária em idosos, e pacientes que não possuem indicação de intervenção cirúrgica. Já as terapias sistêmicas são indicadas em casos de doenças mais avançadas e localmente invasivas (Ferreira et al., 2021). Nesse contexto, é importante o desenvolvimento de ações em saúde que atendam às necessidades de cuidado de cada paciente antes, durante e após o tratamento, bem como o monitoramento de complicações e efeitos adversos que podem ser acarretados pela terapêutica de escolha. Com isso, leva-se em consideração as respostas de enfermagem presentes no domínio das necessidades psicobiológicas, como o risco de infecção do sítio cirúrgico e relacionado ao manuseio de cateteres intravenosos, náuseas, dor, diarreia, alterações no paladar e na absorção de nutrientes. Nesse cenário, a Nursing Interventions Classification (NIC) prevê intervenções de enfermagem seguras, com base científica para a prevenção e controle desses agravos, sendo o "Controle de Infecção - 6540", "Proteção contra infecção - 6550", "Precauções cirúrgicas - 2920”, “Cuidados com o local de incisão - 3440”, “Controle de náusea - 1450”, "Controle da dor: aguda - 1410", "Controle da dor: crônica - 1415", “Controle de medicamentos - 2380”, “Controle da diarreia - 0460”, “Monitoração nutricional - 1160” e “Controle nutricional - 1100" (Butcher, 2020). Como qualquer diagnóstico, a doença traz consigo aspectos significativos para qualidade de vida do paciente, uma vez que a doença gira em torno do seu contexto social, trazendo o medo, a ansiedade e a insegurança frente a resposta ao tratamento, e quando se trata de uma doença oncológica, percebe-se que esses aspectos interferem de forma significativa na qualidade de vida. No que se refere às necessidades psicoespirituais, o enfermeiro é o profissional que deve estar disponível a escutar e identificar demandas relacionadas às crenças, onde as palavras de conforto podem ser estratégias para amenizar situações estressantes durante o diagnóstico e o tratamento do câncer. A oração também é reconhecida como uma maneira de assistir o paciente e promover o conforto no que tange a espiritualidade (Almeida; Cunha; Scorsolini-Comin, 2023). Algumas intervenções de enfermagem presentes na NIC podem ser prescritas pelo enfermeiro, como é o caso de “Apoio espiritual - 5420” e “Facilitação do crescimento espiritual - 5426” (Butcher, 2020). Outro aspecto importante a ser considerado durante as intervenções, é que o câncer de pele traz impactos visuais e sociais na vida dos pacientes oncológicos, pontos que precedem à responsabilidade dos enfermeiros durante a prestação de cuidados e a aplicação de intervenções. As lesões oncológicas ocasionadas por esse perfil de neoplasias necessitam um olhar da equipe para promover um cuidado apropriado por meio da escolha adequada no uso de coberturas, visando ao manejo dos sintomas apresentados, reduzindo o impacto da doença e melhorando a qualidade de vida (Bernardino e Matsubara, 2022). O enfermeiro, com seu conhecimento técnico-científico e habilidades clínicas, deve integrar essas práticas na rotina assistencial, monitorando continuamente os efeitos adversos do tratamento e ajustando as intervenções conforme as necessidades individuais de cada paciente. Além disso, também se estende à atuação junto a equipe multidisciplinar, garantindo que a assistência em saúde seja realizada de maneira coordenada, efetiva e personalizada, promovendo uma abordagem integral ao cuidado do paciente oncológico (Butcher, 2020). Considerações finais: Percebe-se que o cuidado de enfermagem na atenção ao câncer de pele não melanoma abrange ações que vão desde a prevenção até a assistência integral durante e após o tratamento. A atuação do enfermeiro, pautada no Processo de Enfermagem e embasada em Sistemas de Linguagem Padronizados, é essencial para o enfrentamento das necessidades psicobiológicas, psicossociais e psicoespirituais dos pacientes. A abordagem preventiva e a vigilância dos efeitos adversos dos tratamentos oncológicos configuram-se em práticas fundamentais para a promoção da qualidade de vida e para a humanização do cuidado. Diante da complexidade do diagnóstico, reforça-se a importância da educação permanente do enfermeiro e da equipe de enfermagem, bem como na importância da implementação de estratégias de cuidado centradas no paciente, com base científica e na individualidade das dimensões humanas. Como limitações do estudo, ressalta-se a dificuldade em encontrar estudos científicos voltados para a atuação do enfermeiro frente a esse cenário, especificamente, na atenção ao câncer de pele não melanoma, o que limita as evidências de sua aplicação na prática, assim percebe-se que a temática voltada para a área da enfermagem ainda é pouco explorada, tornando-se conveniente novos estudos sobre o assunto.