A INVISIBILIDADE DO PROTAGONISMO FEMININO NAS CIÊNCIAS EM LIVROS DIDÁTICOS DO ENSINO FUNDAMENTAL
Palavras-chave:
Mulheres , Livros didáticos, Ensino de Ciência, Protagonismo, InvisibilidadeResumo
Este estudo investiga a invisibilidade do protagonismo feminino nas Ciências, tal como representado nos livros didáticos de Ciências Naturais direcionados ao oitavo ano do Ensino Fundamental no livro Ciências naturais: aprendendo com o cotidiano. Dessa maneira, a pesquisa surgiu da inquietação em torno da forma como as mulheres são retratadas nesses materiais, sobretudo no que tange à sua atuação enquanto cientistas, para isso, adotou-se uma abordagem metodológica qualitativa, tendo como corpus um exemplar disponível no site do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD). Durante a pesquisa, utilizamos a ferramenta de busca “Ctrl + F” para localizar termos-chave como “mulher”, “protagonismo” e “cientistas”, na qual o termo “protagonismo” não foi localizado no livro, o que reforça a ausência de uma abordagem ativa e central da mulher nas ciências. Nesse sentido, as ocorrências encontradas foram examinadas considerando o contexto em que surgem, sua frequência e a relevância no tocante à representação da mulher no universo científico. Sendo assim, o termo “mulher” foi identificado 123 vezes, entretanto, majoritariamente associado a temas como saúde reprodutiva, sexualidade, violência doméstica e planejamento familiar — sem qualquer menção à atuação científica feminina. Já a busca pelo termo “cientistas” retornou 13 menções, às quais estavam relacionadas a descobertas, invenções e conceitos científicos, mas sem identificar sujeitos específicos — ou seja, não tratavam diretamente de cientistas, tampouco de cientistas mulheres, como Marie Curie ou Bertha Lutz. A análise iconográfica complementou os dados textuais, evidenciando que, embora algumas imagens representam diversidade de gênero, não há destaque para a participação das mulheres na ciência. As ilustrações, em sua maioria, retratam figuras femininas em situações do cotidiano, como em supermercados ou em contextos genéricos de saúde, desprovidas de qualquer narrativa que valorize sua presença na produção do conhecimento científico. Conclui-se, portanto, que, apesar da recorrência do termo “mulher” ao longo do livro, sua representação permanece restrita a aspectos biológicos ou sociais, sem fomentar modelos identificatórios que incentivem alunas a se reconhecerem como potenciais cientistas. A omissão de nomes e contribuições femininas no campo científico perpetua estereótipos de gênero e revela uma lacuna significativa na promoção de uma educação mais equitativa e inspiradora. Diante disso, propõe-se a revisão e a reestruturação dos conteúdos e das imagens presentes nos livros didáticos, de modo a incorporar uma abordagem que valorize a pluralidade de identidades e reconheça a relevância histórica e contemporânea das mulheres na ciência.