QUALIDADE DE VIDA EM IDOSOS ACOMETIDOS POR INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO

Autores

  • Manoela Ferreira Martins
  • Bruno Henrique Fiorin UFES

Palavras-chave:

Idosos; Infarto Agudo do Miocárdio; Qualidade de vida.

Resumo

Introdução: A qualidade de vida é um constructo que não possui definição única e definitiva; o senso comum se apropriou desse objeto de forma a resumir como melhorias do bem-estar ou simplesmente como sinônimo de saúde.1 O conceito de qualidade de vida está intimamente ligado à percepção do indivíduo em relação às circunstâncias da vida, por isso está relacionada com o bem-estar físico, funcional, emocional e mental, o nível socioeconômico, a interação social, a atividade intelectual, o autocuidado, o suporte familiar, o próprio estado de saúde, os valores culturais, éticos e a religiosidade. Trata-se desta forma de um conceito multidimensional que perpassa a subjetividade do indivíduo.2  As doenças cardiovasculares lideram os casos de mortalidade a nível mundial, dentre elas o Infarto Agudo do Miocárdio é a causa de morte mais comum na população geral. É evidente como é modificada a vida de uma pessoa após a ocorrência do infarto, principalmente em idosos, pois além das mudanças fisiológica, o surgimento de patologias crônicas nessa fase da vida, geram limitações que pode impactar negativamente em sua qualidade de vida.3  Objetivo: Avaliar a qualidade de vida em pacientes idosos acometidos por infarto agudo do miocárdio e apresentar a sua análise por domínios. Metodologia: Estudo analítico, de corte transversal e de abordagem quantitativa. Os dados foram coletados em um Hospital referência em Cardiologia no município de Vila Velha-ES. Fizeram parte da amostra pacientes infartados, que possuíam o diagnóstico devidamente registrados no prontuário e que no dia da coleta apresentassem 60 anos ou mais. Foram utilizados dois instrumentos para coleta de dados. O primeiro é um instrumento elaborado pelos pesquisadores para caracterizar a amostra e avaliar, sobretudo os fatores de riscos para doenças cardiovasculares. O segundo é o MIDAS que é a Escala de Avaliação Multidimensional pós Infarto Agudo do Miocárdio, que visa avaliar a qualidade de vida. Este é composto por 35 questões fechadas, que apresentam sete domínios (atividade física; insegurança; reação emocional, dependência; dieta; preocupações com a medicação, efeitos colaterais). Este estudo está em conformidade com a Resolução nº 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde. A aprovação deste projeto pelo Comitê de Ética e Pesquisa tendo seu registro no CAAE: 42456915.8.0000.5068. Resultados e Discussão: Participaram do estudo 183 idosos, variando de 60 a 91 anos, sendo a maioria do sexo masculino (67,8%). Observa–se que muitos homens ainda julgam serem invulneráveis a determinadas doenças e não procuram atendimento aos setores de saúde, isso contribui para o progresso e agravo da doença e dificulta o tratamento. Em relação aos fatores de risco cardiovasculares, verificou-se que 70,5% eram hipertensos, 48,7% diabéticos, 51,4% fumantes, 40,4% consumiam bebidas alcoólicas e 31,1% relataram estarem deprimidos frequentemente. A hipertensão arterial foi o fator de risco de maior prevalência, pessoas hipertensas com diagnóstico de infarto do miocárdio apresentam maiores taxas de mortalidade e as chances da ocorrência de um reinfarto.4A prevenção desses e de outros fatores de risco somados com o estilo de vida saudável, contribui no tratamento de diversas comorbidades. Os dados obtidos através da aplicação do questionário MIDAS tem a função de indicar os prejuízos na qualidade de vida dos idosos infartados em cada domínio, de acordo com os resultados 50,3% dos idosos afirmaram que houve piora em sua qualidade de vida. Os domínios que obtiveram melhores escores foram os “efeitos colaterais” e “dieta”. Um dado significante visto que, em indivíduos da terceira idade é frequente a manifestação de diversas doenças que exigem o uso prolongado de diferentes fármacos, o que pode ocasionar o surgimento de efeitos colaterais. Outro dado importante é em relação à dieta, pois devido ao capitalismo e a produção de alimentos industrializados ocorreram mudanças negativas nos hábitos alimentares da sociedade. Uma nutrição equilibrada evita o surgimento ou a evolução de doenças, e isso é essencial para na saúde de qualquer individuo inclusive os idosos. Os domínios que apresentaram a pior média foram “dependência” e “atividade física”. Infelizmente, após o infarto muitos idosos se tornam dependentes, seja no aspecto social e nas condições de saúde.3  As limitações físicas ocorrem devido à diminuição da força muscular cardíaca, em virtude dessa perda da capacidade funcional, pode ocorrer alterações na rotina da própria família, visto que, estes necessitam de auxílio realizar suas atividades diárias.3 Em pacientes estáveis que sofreram infarto, a prática regular e supervisionada de atividade física pode auxiliar na conquista da sua independência e autonomia para a realização das atividades de rotina. Além de promover o aumento da capacidade de bombeamento do coração e ainda contribui na redução da depressão e do risco de quedas.5 Considerações finais:  O estudo ressaltou que os fatores de risco cardiovasculares apontados são passíveis de modificação e por isso precisam ser mais abordados pelos profissionais da saúde através da educação e promoção em saúde afim de orientar  não só a população idosa, mas toda a população sobre os efeitos negativos que os fatores de risco geram no organismo, para prevenir o agravamento de diversas doenças, e garantir a manutenção da qualidade de vida. E as questões de dependência precisam serem trabalhadas em idos infartados.

Publicado

19-04-2024