USO DA AURICULOTERAPIA NA DOR CRÔNICA EM IDOSOS: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores

  • Camila Soligo Bernardi UDESC
  • Carla Argenta
  • Lucimare Ferraz
  • Suzanne Cristina Abido

Resumo

Introdução: As Práticas Integrativas e Complementares (PICS) consistem em intervenções que auxiliam na promoção e recuperação da saúde dos indivíduos. Em 2006, no Brasil, o Ministério da Saúde instituiu a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no Sistema Único de Saúde (SUS).1-2 Esta Política contém 29 práticas regulamentadas2, entre elas encontra-se a auriculoterapia, que consiste na aplicação de agulhas ou sementes aplicadas no pavilhão auricular1-3, em pontos específicos, que correspondem a microssistemas do organismo humano.1 Esta prática é amplamente utilizada para várias situações, como: redução da ansiedade e estresse, melhora do sono, dores crônicas, entre outros.4 Estas situações, com base na prática clínica, estão entre as principais queixas de idosos que buscam por atendimento nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), sendo que, a população idosa é o principal público atendido nas unidades. Sendo assim, torna-se importante destacar que o envelhecimento populacional é um acontecimento mundial e a expectativa é que 20% da população mundial seja idosa no ano de 2050.1 Este processo natural de vida pode ser acompanhado de diversas doenças, sendo a dor crônica uma das queixas comuns atendidas neste público3. A dor crônica é considerada uma experiência sensorial e emocional desagradável que pode estar associada a lesão tissular real ou potencial, tem início súbito e lento, podendo ter intensidade leve ou intensa, com duração maior que três meses.3 O enfermeiro na Atenção Primária à Saúde (APS) atende diariamente idosos com dor  e a auriculoterapia pode ser considerada uma prática complementar aliada no alívio das dores crônicas. Além disso, é também uma forma de qualificar a consulta de enfermagem, a qual precisa ser amplamente explorada na APS. Objetivo: Relatar a experiência do uso da auriculoterapia pela enfermeira no tratamento complementar da dor crônica em idosos. Metodologia: Trata-se de um estudo descritivo na modalidade relato de experiência a partir de vivências da enfermeira, na consulta ao idoso, usando a auriculoterapia como prática complementar para o tratamento da dor crônica neste público. Esta experiência vem sendo vivenciada no Município de Pinhalzinho/SC. As consultas de enfermagem com aplicação de auriculoterapia acontecem semanalmente, com duração aproximada de 8 a 10 sessões/semanas. Resultados e Discussão: A consulta de enfermagem ao idoso, é uma prática muito importante para o enfermeiro, por meio dela, se cria o vínculo entre usuário e profissional. Nas consultas, a dor crônica é uma queixa comum entre os idosos que procuram pelos serviços e pode estar relacionada a patologias musculoesquelética crônicas que geralmente desencadeiam incapacidades funcionais, podendo ocasionar consequências biopsicossocias3. Neste contexto da consulta de enfermagem e da dor crônica, a auriculoterapia emerge como uma prática resolutiva, entretanto, para a sua realização, o Enfermeiro precisa se capacitar. No município de Pinhalzinho/SC, os idosos com dor, que procuram a UBS são direcionados para avaliação do enfermeiro a fim de realizar a prática complementar de alívio da dor crônica, especialmente a auriculoterapia. Na primeira consulta de enfermagem ao idoso, para aplicação de auriculoterapia é realizada a anamnese e exame físico a fim de levantar questões importantes relacionadas ao processo saúde-doença; são elencados os diagnósticos de enfermagem e é realizado um plano de cuidado em auriculoterapia para este usuário. A auriculoterapia é implementada utilizando pontos específicos do pavilhão auricular, correspondentes aos microssistemas para tratamento da dor crônica no idoso. Na consulta é orientado ao idoso fazer compressão no mínimo 3 vezes ao dia nos pontos nos quais são aplicadas as sementes. O estímulo nestes pontos específicos são os responsáveis pela diminuição da dor, pois ao realizar pressão no local ocorre o estímulo sensorial responsável pelo alívio dos sintomas5. Sendo assim, a pressão nos pontos específicos é fundamental pra o sucesso do tratamento. Os relatos dos idosos com dor crônica é de diminuição das dores, diminuição de uso de medicamento analgésico, melhora do quadro geral e consequentemente uma maior qualidade de vida. O relatos dos idosos corroboram com estudo de caso-controle em que a auriculoterapia realizada com agulhas ou sementes demonstrou uma diminuição da dor e aumento da capacidade funcional dos usuários tratados com esta prática.3-4 O momento em que o enfermeiro está aplicando a auriculoterapia também se constitui em um espaço de promoção à saúde, no qual são realizadas várias orientações que favorecem a diminuição dos sintomas e  das limitações, ocasionadas pela dor crônica, além da consequente melhora na qualidade de vida. A promoção à saúde é fortalecida com orientações para o autocuidado e educação em saúde, sendo importante o engajamento do usuário no tratamento.4 Sendo assim, a realização da auriculoterapia para tratamento complementar da dor crônica vem se mostrando eficiente e também positiva para a vinculação do enfermeiro e do usuário idoso. Considerações finais: A auriculoterapia é uma prática integrativa e complementar relativamente barata, segura e com ótimos resultados na dor crônica em idosos. Além de diminuir as dores, facilita o vínculo entre profissional e usuário e a promoção da saúde, tendo em vista que o momento da consulta de enfermagem também se constitui em um momento de orientações. Os idosos atendidos com auriculoterapia diminuíram o uso de medicamento analgésico e consequentemente melhoraram a sua qualidade de vida, fatores considerados positivos e de relevância para a saúde dos mesmos. Acredita-se que as PICS devam ser mais difundidas e utilizadas na APS a fim de propiciar tratamentos alternativos que auxiliam no manejo de várias situações encontradas diariamente na prática clínica, especialmente do enfermeiro. Além disso, são necessários mais estudos, especialmente os controlados para comprovar a sua eficácia.

Publicado

22-04-2024