DIFICULDADES E FACILIDADES DA ENFERMAGEM NO CUIDADO AOS POVOS INDÍGENAS KULINA E KANAMARI DO AMAZONAS

Autores/as

  • Vanessa Oliveira de Oliveira Gomes Universidade Federal do Amazonas - Instituto de Saúde e Biotecnologia
  • Deyvylan Araujo Reis Universidade Federal do Amazonas - Instituto de Saúde e Biotecnologia https://orcid.org/0000-0001-9314-3745

Palabras clave:

Saúde indígena, Enfermagem, Cuidados de enfermagem, Saúde das populações indígenas.

Resumen

RESUMO EXPANDIDO 

 

Introdução: no cenário mundial, o contingente populacional dos povos indígenas vem expressando um número significativo em seu crescimento, assim como no Brasil, onde se evidência um quantitativo de pessoas autodeclaradas indígenas, que falam as distintas línguas nativas entre as diversas etnias que foram reconhecidas no território nacional, diante das suas características formas de sobreviver.  Na literatura brasileira, a termo saúde indígena destaca-se por representar os conhecimentos medicinais dos grupos étnicos indígenas, de acordo com suas heranças tradicionais. Mediante a isto, no que se diz a respeito ao processo saúde e doença, a assistência dos povos originários a partir do modelo biomédico é uma definição designada a saúde indigenista.1 Diante da arte do cuidar, a enfermagem como profissão desempenha o seu papel em atender e respeitar a individualidade de seus clientes, compreendendo as singularidades das populações tradicionais do Brasil, como os povos indígenas. Partindo desse contexto, o presente estudo apresenta as facilidades e dificuldades de uma equipe de enfermagem que atuam na saúde indígena. Dessa forma, em razão as especificidades culturais, geográficas e epidemiológicas, o trabalho nas aldeias impões a esses profissionais alguns desafios que foram vivenciados durante o trabalho in loco. Todavia, para que a assistência pudesse garantir uma atenção diferenciada e integral a essas pessoas, o diálogo, a criatividade da enfermagem em se recriar em meio as condições desfavoráveis, mostrou-se ser umas das táticas que minimizam as limitações e adversidades enfrentadas no dia a dia nas aldeias. Objetivo: descrever as dificuldades e facilidades da enfermagem no cuidado aos índios Kulina e Kanamari do Amazonas. Metodologia: trata-se de um estudo descritivo, exploratório e transversal com abordagem qualitativa, realizado com cinco enfermeiros e oito técnicos de enfermagem que prestam assistência no polo base de Mamori no município de Eirunepé do Estado do Amazonas. O estudo em questão é um recorte de uma pesquisa intitulado “Atuação da enfermagem na assistência a população indígena do polo base de Mamori-Eurinepé, Amazonas” e foi realizado no período de agosto de 2019 a julho de 2020. O instrumento utilizado foi uma entrevista semiestruturada elaborado especificamente para o estudo e na realização da coleta de dados tiveram colaboração de dois acadêmicos do curso de enfermagem. Quanto ao local da coleta de dado aconteceu na sede do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) do Médio Rio Solimões e Afluentes, e na Casa de Apoio à Saúde do Índio em Eirunepé, utilizou-se um gravador de voz para gravar os depoimentos. Posteriormente, os depoimentos foram transcritos na integra e submetido a análise dos dados, que seguiram as etapas da análise temática de Minayo que foram três: pré-análise, exploração do material e tratamento dos resultados obtidos e interpretação.2  Em relação aos aspectos éticos, o estudo foi aprovado no dia 19 de setembro de 2019, pelo Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), obtendo o registro do CAAE nº. 18392319.6.0000.5020. Resultados e Discussão: os resultados obtidos por este estudo, foram elencados em duas categorias que demostraram as dificuldades e as facilidades. Sendo assim, a primeira descreve as dificuldades encontradas na assistência à população indígena: neste contexto emergiram duas subcategorias, tais como, as condições de trabalhos nas aldeias e a influência dos hábitos urbanos. Sobre as condições de trabalhos nas aldeias, foi perceptível que nos relatos dos entrevistados a insuficiência de recursos básicos, tais como, equipamentos, medicamentos e materiais de qualidade, que pudesse facilitar as condutas das equipes durante o atendimento in loco, comprometeu a efetividade das ações dos serviços de saúde na esfera da atenção primária aos povos originários Kulina e Kanamari. Deste modo, outros estudos demostram que a limitação dos recursos financeiros nessas comunidades afetam drasticamente as metas que foram traçadas pela equipe, tais semelhanças corroboram com os resultados sobre as condições de trabalho, no que se diz respeito a carência de materiais e equipamentos que são fundamentais como, balança, esfigmomanómetro, aparelho glicômetro, para a realização do cuidado aos indígenas nas aldeias.3-4 A influência dos hábitos urbanos nas aldeias, mostrou-se como um dos obstáculos que são recorrente nas ações de enfermagem, em consequência ao consumo exagerado de bebidas alcoólicas, ora qualquer outra substância que contenha álcool, que são inseridos nas comunidades ou ingeridos nas cidades vizinhas, assim, evidenciou-se nos discursos a necessidade de uma atenção especial, devido a alteração da capacidade de disseminação e percepção, ocasionando o aumento dos casos de violência e agressividade em algumas aldeias, comprometendo a  qualidade das ações dos serviços de saúde e próprio bem-estar desses indivíduos. Pesquisa realizado com a etnia Maxakali no estado de Minas Gerais, cita que o acesso do indígena para comprar bebidas na cidade é tido como um ato perigoso, em razão, a sucessão de acidentes, mortes e amnésias. O alcoolismo no âmbito comunitário e familiar, podem levar a ocorrência de um comportamento violento, ocasionado o comprometimento do elo familiar e do cuidado parental.5 A segunda categoria evidência as facilidades durante o atendimento ao indígena: destacou-se a importância do diálogo entre a equipe de enfermagem e as lideranças indígenas.  O receio e a timidez durante a presença de um profissional da saúde são uma das expressões pessoais de cada indígena que pode interferir no processo de comunicação entre o cliente e o enfermeiro.3 Nesta perspectiva, a última subcategoria demostra que o diálogo entre a equipe e as lideranças, foi uma das formas que convenceu os indígenas a realizarem o acompanhamento de saúde, sendo assim, os agentes indígenas de saúde, os  pajés e a família de um indígena, são pessoas que possuem facilidade para explicar e orientar o indivíduo a aderir os serviços que são disponibilizados, demostrando assim, que o diálogo é eficaz no processo de implementação de novas atividades, para que as metas assistenciais sejam executadas respeitando os sabres tradicionais e a essência cultural de cada etnia. Logo, identificar as fragilidades durante a comunicação tornou-se um meio que facilita a adesão das famílias indígenas nas ações desenvolvidas em área. Considerações finais: portanto, a realização desse estudo fortalece e enriquece o campo cientifico da enfermagem sobre os povos tradicionais no Brasil, as limitações envolvem incipiência de estudos atuais que abordasse a atuação da equipe de enfermagem no campo da saúde indígena, uma das hipóteses deve-se ao fato da burocracia entorno dos estudos que são voltados para a temática dos povos originários no Brasil. Os resultados obtidos, ratificam os percalços que afetam diretamente a atuação desses profissionais no decorrer da assistência aos indígenas do município de Eirunepé, devido ao trajeto percorrido para se ter acesso as comunidades, assim como, a limitação do recurso financeiro, a falta de materiais e as precariedades dos transportes durante as estadias nessas terras tradicionais. Ressalta-se neste estudo, que a destreza dessa profissão em se reinventar e superar de forma criativa as dificuldades durante o dia a dia nas aldeias, facilitou o relacionamento interpessoal, ao respeitarem os saberes e vivencias dessas pessoas, ou seja, pode-se concluir que a enfermagem desempenha uma ação atuante de acordo com as necessidades e especificidades desses povos.

Biografía del autor/a

  • Deyvylan Araujo Reis, Universidade Federal do Amazonas - Instituto de Saúde e Biotecnologia


    Doutorado em Enfermagem na Saúde do Adulto pela Universidade de São Paulo, Brasil(2016)
    Docente do Curso de Enfermagem do ISB/UFAM da Universidade Federal do Amazonas , Brasil

Publicado

15-04-2024