TRANSTORNOS MENTAIS EM GESTANTES: REVISÃO NARRATIVA DA LITERATURA

Autores/as

  • Ingrid Manoella Borges
  • Vanessa Aparecida Gasparin
  • Marta Kolhs
  • Sarah Dany Zeidan Yassine
  • Andreia Cristina Dall'Agnol

Resumen

Introdução: Durante toda a vida o ser humano está predisposto ao desenvolvimento de inúmeras doenças, atingindo os sistemas do organismo das formas mais variadas. Nesse sentido é perceptível o crescimento dos casos de Transtornos Mentais (TM), os quais constituem um problema de saúde pública e nas últimas décadas, tem sido fonte de estudos nas várias esferas da saúde. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 450 milhões de pessoas sofrem de algum tipo de TM, seja ele de nível leve ou severo.¹ Evidências de alguns estudos abordam que os TM são mais frequentes em pessoas do sexo feminino, e que determinadas fases da vida, tais como a gestação e o puerpério, podem levar a uma predisposição maior. A suscetibilidade conferida a essas fases, decorre da considerável alteração hormonal, relevância psicológica da gravidez (se foi desejada ou não, planejada ou não, condições gerais da mãe e família...), incertezas, e alterações físicas e psicológicas comuns do ciclo gravídico puerperal.2 Nesse contexto, destaca-se a importância do acompanhamento fornecido a essas mulheres, no intuito de promoção da saúde e detecção precoce de possíveis TM. O profissional enfermeiro, pode ser um grande aliado nessas ações, visto que possui respaldo para a assistência de enfermagem à gestante, parturiente e puérpera.2,3Objetivo: Identificar as evidências científicas disponíveis sobre a ocorrência de TM em gestantes. Metodologia: Trata-se de uma revisão narrativa da literatura, visando responder a pergunta de pesquisa: Qual o TM que mais acomete gestantes? A busca foi realizada na base Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e na biblioteca virtual (SciELO). A busca deu-se por meio dos Descritores em Ciências da Saúde: gestantes e transtornos mentais. Os critérios de inclusão foram artigos na temática, disponíveis na íntegra online e gratuitos, em idioma português, inglês ou espanhol. Os critérios de exclusão foram: artigos sem resumo nas bases de dados ou incompletos, anais de eventos, manuais ministeriais, editoriais, capítulos e livro e artigos de reflexão. A coleta de dados ocorreu em agosto de 2020 e não teve delimitação de recorte temporal. Para a seleção dos estudos foi realizado a leitura de títulos e resumos, e selecionados para a leitura na íntegra os que respondiam à pergunta do estudo. Foi elaborado um instrumento de extração das informações de cada estudo selecionado pela revisão, o qual contemplava os seguintes itens: ano de publicação, periódico de origem, procedência do estudo, número de gestantes, transtornos estudados e implicações para a prática. Os dados foram analisados descritivamente. O estudo não passou por avaliação de Comitê de Ética por se tratar de um estudo secundário. Resultados e Discussão: A busca nas bases supracitadas resultou em 23 artigos. Após aplicação dos critérios estabelecidos e da leitura de títulos e resumos, bem como dos estudos na íntegra, 11 responderam à questão de pesquisa e compuseram o corpus final da revisão. O transtorno mental de maior incidência durante o período gestacional foi a depressão. Os fatores que estão relacionados ao desenvolvimento da depressão em gestantes estão ligados a situação socioeconômica, baixa escolaridade, desemprego, situação conjugal e gestação não planejada.2,4 Vale destacar que a depressão na gestante, além de comprometer sua saúde física e mental, aumenta o risco para a pré-eclâmpsia e parto prematuro, pode interferir no desenvolvimento do feto, e ainda constitui fator de risco para depressão pós-parto.4 Os fatores físicos associados a gestação e a ansiedade pelos dias que virão, contribuem consideravelmente para o desenvolvimento do TM.5 É importante considerar e exaltar que a saúde mental de mulheres gestantes por vezes pode ser negligenciada, visto que as mesmas não recebem a devida atenção e muitas vezes são tratadas de maneiras equivocadas. Tal conduta, pode se relacionar ao fato de que a gravidez é socialmente conhecida como um período de bem-estar e felicidade para as mulheres e famílias, o que faz com que o diagnóstico de qualquer alteração mental neste período passe despercebido.1,2,4 Visando a mudança de condutas, exalta-se que a gestante quando acometida por algum TM precisa ter uma assistência individualizada, visto que isso a caracteriza como gestante de alto risco. Deste modo, reforça-se a assistência pré-natal como sendo o meio mais favorável de detecção precoce dessas mulheres, que necessitam de acompanhamento de profissionais de saúde mental.4 Os estudos mostram que independe da classe social, raça ou religião, o avanço dos sinais de TM ocorrem principalmente no último trimestre da gestação, possivelmente associado a aproximação do parto e podem se estender até o puerpério e em casos mais graves, adquirir cronicidade.2,5 Considerações finais: Nos estudos analisados, observou-se que a depressão é o TM que mais acomete gestantes. O reconhecimento deste, subsidia a atenção direcionada à população de gestantes por parte dos profissionais, principalmente da enfermagem, os quais desenvolvem forte vínculo com a comunidade assistida. Estratégias e ações no sentido de detecção precoce e qualificação da assistência, devem ser colocados em pauta por gestores dos serviços de saúde, uma vez que tratados corretamente e em tempo oportuno, os TM tendem a não acarretar prejuízos demasiados para a gestante, feto e posteriormente no puerpério.

 

Publicado

18-04-2024