CORONAVÍRUS DA SÍNDROME RESPIRATÓRIA AGUDA GRAVE-2 (SARS-COV-2)
Diagnóstico de enfermagem no processo terapêutico da COVID-19.
Palabras clave:
Enfermagem; Técnicas de Diagnósticos do Sistema Respiratório; Síndrome do Desconforto Respiratório no Adulto; Diagnósticos de Enfermagem.Resumen
Introdução: No final do ano de 2019 foi identificado na cidade de Wuhan, na China o vírus denominado Coronavírus da Síndrome Respiratória Aguda Grave-2 (SARS-CoV-2)1. Tal vírus, apresentou em experimentos in vitro, afinidade com a Enzima Conversora de Angiotensina-2 (ECA-2)², e que a partir de seu contágio, sua disseminação através do fluxo circulatório se torna importante, também é responsável por inflamações diversas, podendo apresentar sintomas graves, sendo a doença ocasionada pelo SARS-CoV-2, nomeada de COVID-19(2,3). Os pacientes que desenvolvem a forma grave da doença, geralmente necessitam de suporte ventilatório, aliado a uma atenção ampla, tendo em vista, que a terapia farmacológica para a COVID-19 ainda não é conhecida, porém, o tratamento utilizado na tentativa de reverter a inflamação, é baseado em estudos e fármacos utilizados anteriormente, frente a epidemias como Influenza A (H1N1)3. Tendo em vista o não conhecimento acerca das terapias medicamentosas, os profissionais de saúde atuantes na linha de frente, tem a incumbência de desenvolverem técnicas para diminuir o desconforto gerado ao paciente, bem como terapias alternativas. O profissional enfermeiro(a), é responsável pela gestão do cuidado, tem como uma de suas atribuições, o Diagnóstico de Enfermagem (DE) por meio da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE). Esses diagnósticos, vão de encontro às principais necessidades identificadas a partir de sua avaliação clínica, tendo a Taxonomia NANDA-I e Nursing Interventions Classification (NIC)(4,5) como principais instrumentos de efetivação da assistência de enfermagem. O DE, é um meio de atender as necessidades dos pacientes, proporcionando uma perspectiva positiva no processo terapêutico, ainda, favorece o diálogo entre equipe multiprofissional, e agilidade no atendimento, embasadas nas intervenções sugeridas pela NIC4. O sistema respiratório inferior é o principal afetado na forma grave da doença, onde ocorre o disparo de mediadores inflamatórios, o qual pode ser responsável pela evolução negativa do quadro clínico do paciente, com a Síndrome da Angústia Respiratória Aguda (SARA)(1,2). Os DE, tratados neste trabalho, dialogam também com possíveis instabilidades cardíacas ocasionadas justamente pela infecção viral e acometimento pulmonar, ou pelo tratamento farmacológico, que por vezes podem ocasionar arritmias cardíacas, como é mostrado em revisões integrativas da literatura e diretrizes para o tratamento farmacológico da COVID-19(2-4). Este efeito adverso, é visto e referenciado em pesquisas, as quais trazem as Aminoquinolinas (Hidróxicloroquina (HCQ)/Cloroquina(CQ)) como não recomendadas para tratamento farmacológico da COVID-19, por ocasionar arritmias cardíacas quando utilizada na monoterapia, e demais complicações quando associadas a outros fármacos, como a azitromicina³. Estes estudos corroboram com a importância das intervenções de enfermagem e seus benefícios, levando em consideração a não existência de vacinas e métodos terapêuticos efetivos comprovados cientificamente. Objetivo: Identificar na literatura, os principais diagnósticos de enfermagem presentes na Taxonomia NANDA-I5, relacionados à desconforto respiratório, e intervenções da Nursing Interventions Classification (NIC)4, que minimizem os riscos e aumentem o conforto do paciente acometido pela forma grave da COVID-19. Método: Foram analisados dois artigos originais, de pesquisas quantitativas descritivos transversais e uma diretriz farmacológica, bem como descrições e classificações da Taxonomia NANDA-1 e intervenções NIC. As bases de dados utilizadas foram Scielo, PubMed e Google acadêmico, tendo como descritores: “Enfermagem” AND “Técnicas de Diagnósticos do Sistema Respiratório” AND “Síndrome do Desconforto Respiratório no Adulto” AND “Diagnósticos de Enfermagem” definidos no DeCS. Os trabalhos analisados foram publicados de dezembro de 2013 a maio de 2020 e que de alguma forma dialogavam com o tema central deste trabalho. Resultados: Os estudos pré concebidos, mostram a necessidade da utilização de manejo não farmacológico³, e sim de intervenções que apresentam resultado efetivo perante a demanda apresentada por cada paciente em sua singularidade4. Portanto, os DE, foram baseados em características definidoras presentes na Taxonomia NANDA-I5, tendo em vista que, nem todos os pacientes irão apresentar a forma grave da doença. Ademais, as intervenções presentes na NIC4, e os DE, bem como suas características definidoras5, foram categorizados em dois grupos. Grupo 1 (G1): pacientes que apresentaram a forma grave da COVID-19 e que não tenham sido submetidos a terapia farmacológica (HCQ/CQ) e Grupo 2 (G2): pacientes que apresentaram a forma grave da COVID-19 e que foram submetidos a terapia farmacológica (HCQ/CQ). Os diagnósticos do G1 foram: padrão respiratório ineficaz caracterizado por dispnéia, batimentos de asas do nariz e utilização da musculatura acessória relacionado a dor; Troca de gases prejudicada caracterizada por hipoxemia, dispnéia, padrão respiratório anormal e taquicardia, relacionado a infecção viral associado a alteração na membrana alveolocapilar e desequilíbrio na relação ventilação-perfusão5; Ventilação espontânea prejudicada, caracterizada por diminuição na saturação arterial de O2 (SaO2) e uso aumentado da musculatura acessória, relacionado a fadiga da musculatura respiratória associada a alterações no metabolismo5. Às intervenções presentes na NIC perante os respectivos diagnósticos do G1 foram: posicionar paciente visando o alívio da dispnéia e facilitar a combinação ventilação/perfusão4; Monitorar a ocorrência de efeitos da troca de posição na oxigenação: gasometria arterial e SaO24; Monitorar o estado respiratório e a oxigenação4; Monitorar níveis da gasometria arterial quanto à diminuição do pH, conforme apropriado. Monitorar níveis de gasometria arterial quanto a diminuição do pH conforme apropriado; oferecer suporte ventilatório mecânico, se necessário4. Os diagnósticos do G2 foram: risco de pressão arterial instável, associado a arritmia cardíaca5; Débito cardíaco diminuído, definido por alteração no eletrocardiograma (ECG), taquicardia, aumento da pressão de oclusão da artéria pulmonar, relacionado à alteração na frequência cardíaca5. As intervenções do G2 presentes na NIC, respectivamente aos diagnósticos supracitados foram: monitorar sinais vitais com frequência4; Registrar arritmias cardíacas4; Reconhecer a presença de alterações na pressão sanguinea4; colocar eletrodos de eletrocardiograma (ECG) e conectar a monitor cardíaco4; Monitorar a resposta hemodinâmica à arritmia e garantir o acesso a medicação de emergência para arritmia4. Frente a tais achados, é notória a importância que as ações em enfermagem tem para com o processo de recuperação da saúde, e também, de prevenir agravos. O DE efetivo realizado pelo profissional enfermeiro, é fundamental para a efetivação da assistência, sendo ainda mais relevante, quando não se tem método farmacológico disponível. As intervenções de enfermagem neste contexto, são as únicas ações que possuem embasamento científico(4,5), e que há conhecimento da sua efetividade. A percepção profissional, o raciocínio clínico e a coerente tomada de decisões, são o que tornam a enfermagem uma ciência provedora do cuidado. Considerações Fianis: a partir das análises, leituras e observações, é possível identificar, que no atual contexto, o processo de reabilitação do paciente acometido pela forma grave da COVID-19, mesmo não havendo nenhum método terapêutico efetivo aos olhos da ciência, a atenção, a percepção e o olhar clínico, são indispensáveis para a efetividade dos DE, bem como as intervenções adequadas, para cada necessidade, respeitando e vislumbrando a singularidade do ser humano. Ademais, conclui-se que as ações realizadas pelo(a) Enfermeiro(a), segundo suas atribuições, constitui o método terapêutico de maior eficácia aos usuários. Ressalta-se ainda, a importância de construção de novos estudos, de modo a subsidiar profissionais Enfermeiros(as) da importância de seu papel frente ao atual contexto da pandemia por Coronavírus.