ESTRESSE ENTRE PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM QUE ATUAM NA LINHA DE FRENTE CONTRA A COVID-19

Autores/as

  • Ana Paula Appel Universidade Estadual do Oeste do Paraná
  • Ariana Rodrigues da Silva Carvalho Universidade Estadual do Oeste do Paraná
  • Carla Rejane de Oliveira
  • Emanuele Finkler
  • Reginaldo Passoni dos Santos
  • Tarcisio Vitor Augusto Lordani

Palabras clave:

Estresse psicológico; Pandemia; Enfermagem

Resumen

Introdução: Desde dezembro de 2019 a China noticiou ao mundo as infecções pelo coronavírus, a COVID-19, que estava acometendo os humanos em grande escala. No início de 2020 essa epidemia assolou a Europa, ceifando várias vidas na Itália, Espanha e França. Na América a situação não foi diferente, vem devastando a América do Norte com epicentro nos Estados Unidos e América do Sul com epicentro no Brasil. Os profissionais da enfermagem, estão na linha de frente do combate a COVID-19, comprometidos com a avaliação, diagnóstico, tratamento e cuidados aos pacientes com suspeita e portadores do Sars-CoV-2. A complexidade das ações realizadas pelos trabalhadores da enfermagem e as dificuldades que vem enfrentando com a nova pandemia, pode aumentar o risco de estresse, ansiedade e depressão. Altas taxas de depressão, ansiedade e sofrimento psicológico já podem ser verificadas entre trabalhadores de saúde na China, sendo que estar na linha de frente no combate a COVID-19 é um fator de risco independente para a piora da saúde mental.¹ Desse modo, ao conhecer os níveis de estresse, ansiedade de depressão dos profissionais da enfermagem medidas poderão ser implementadas para que esse sofrimento possa ser amenizado. Objetivo: Investigar os fatores do estresse entre os profissionais da Enfermagem que compõem a equipe COVID de um hospital do interior do Paraná. Metodologia: Estudo quantitativo, descritivo, transversal, desenvolvido na Unidade de cuidados aos pacientes acometidos pela COVID-19 de um hospital universitário público do Paraná, Brasil. O estudo envolveu os profissionais de enfermagem de nível superior e médio, que estavam trabalhando na unidade COVID no período da coleta, que ocorreu entre os meses de abril e maio de 2020, por meio de formulário eletrônico, encaminhado via WhatsApp® dos participantes. Estes realizaram o aceite, assinando ao Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), antes de responder às questões. Todas as normativas da Resolução 466/2012, do Conselho Nacional de Saúde ² estão sendo seguidas. O presente estudo é um recorte de um projeto matricial intitulado “Qualidade de vida relacionada à saúde e suas vertentes: investigação do impacto positivo e negativo sobre a vida diária do ser humano” aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, sob parecer favorável nº 2.588.565, CAAE: 84505918.6.0000.0107, em 09 de abril de 2018. Foi utilizado um formulário para caracterização sociodemográfica e laboral dos participantes, com o seguinte questionamento: O que mais tem lhe estressado/incomodado depois de ter iniciado o trabalho na unidade COVID-19? Resultados e Discussões: No total eram 37 profissionais de enfermagem atuando na unidade. Entretanto 8 não responderam ao questionário. Desse modo, o estudo contou com uma amostra de 29 participantes. Estes eram predominantemente mulheres (89,7%), com idades entre 25 e 49 anos. No que se refere a atuação profissional, 68,9% atuam na unidade como técnicos de enfermagem; 24,2% trabalham como enfermeiros e 6,9% exercem a função de auxiliares de enfermagem. O momento em que vivemos é sem precedentes, a doença que ainda não tem cura, sua característica de transmissão e alta taxa de morbimortalidade, mudou completamente as rotinas das equipes de enfermagem, o que pode gerar grande influência no aumento dos níveis de estresse.4 Foi possível constatar nas falas dos profissionais, que após iniciarem as atividades na linha de frente contra a COVID a insegurança, incerteza, a tensão e o medo da doença foram geradores de estresse. Assim, uma profissão que já vinha sofrendo com condições de trabalho precárias está ficando esgotada, não somente porque a carga de trabalho aumentou, mas porque novas rotinas estão sendo implantadas, novos protocolos devem ser aprendidos4,5, vale destacar que 20,7% da equipe, possuem um segundo emprego. O discurso da equipe de enfermagem aponta que a desorganização do setor, as novas rotinas e fluxos que não estavam bem definidos também geraram condições estressoras. 20,7% não trabalhavam no hospital antes da abertura da unidade e 58,6% não trabalhavam em unidade de cuidados intensivos, quando foram remanejados para a unidade COVID. Esse dado também pôde ser observado nas falas da equipe, pois não conhecer as demandas daqueles pacientes que necessitam de cuidados intensivos, foi relatado como fator estressante. A característica do novo cuidado, a falta de experiência e os remanejamentos, não implicam somente ao indivíduo, mas no bem-estar de toda a equipe.4 31,1% dos trabalhadores da unidade moram com familiares que pertencem aos grupos de risco da COVID-19, sendo crianças, idosos e portadores de doenças crônicas. Sabe-se que o apoio social é um fator que ameniza os sintoma de estresse, contudo, ao mesmo tempo que a enfermagem precisa do apoio dos seus familiares e amigos, eles se preocupam com a saúde dos entes queridos, desse modo, morar com pessoas que estão inseridas nos grupos de risco, pode ser um causador de estresse.5 Considerações finais: Verificou-se que a equipe avaliada apresentou alguns fatores de estresse como a mudança das rotinas e fluxos, a insegurança, bem como a incerteza e o medo da nova doença. A falta de experiência no cuidado com o paciente intensivo e sair do setor onde trabalhava para realizar cuidados antes nunca realizados, também foi apontado como um gerador de estresse. Aqueles profissionais que moram com familiares pertencentes aos grupos de risco da COVID-19, igualmente apontaram ser um fator de estressante. Indica-se que os gestores realizem a provisão de materiais adequados, indicação fluxos e construção de protocolos específicos para atender as demandas da unidade e do quadro clínico do paciente, promoção de treinamentos e capacitações, bem como a realização de atividades que amenizem as consequências do isolamento, permitindo uma recuperação positiva. O estudo apresentou limitação no que se refere ao tamanho da amostra, o que admite considerar os resultados para a população em evidência, bem como, ter avaliado as causas de estresse apenas no momento da coleta de dados. 

Publicado

22-04-2024