A MAQUIAGEM ARTÍSTICA COMO UMA FERRAMENTA NA SIMULAÇÃO CLÍNICA EM SAÚDE:

RELATO DE EXPERIÊNCIA

Abstract

Introdução: A simulação clínica tem se destacado cada vez mais como uma estratégia de ensino na área da saúde, classificada como uma metodologia ativa de ensino.¹ A simulação visa amplificar as experiências, tendo em vista que os cenários reproduzem a realidade e permitem analisar e refletir as situações envolvidas de maneira segura oferecendo melhor preparo e maior confiança para os estudantes antes de atuarem em uma situação real, aprimorando as competências, fortalecendo a cultura de segurança do paciente e melhorando a qualidade de atendimento.^1,2 Dentro desta perspectiva, a maquiagem artística é uma ferramenta que auxilia para tornar o cenário mais realístico e fidedigno. Esta pode ser utilizada como recurso para o treinamento de habilidades técnicas e para o desenvolvimento de competências clínicas, habilidades de comunicação, raciocínio clínico, tomada de decisões e trabalho em equipe.^2,3 O alto custo de simuladores/materiais de alta fidelidade, por vezes, inviabiliza seu acesso, deste modo, materiais de baixo custo para realizar simulações fazem-se necessários.¹ Trabalhar com tecnologias de baixo custo como, por exemplo, a maquiagem artística, realizada com materiais acessíveis, são formas de proporcionar maior democratização no acesso ao uso da simulação clínica em saúde. Diante disso, identificou-se a importância de realizar um minicurso com o intuito de simular maquiagens artísticas utilizando materiais de baixo custo, demonstrando que é possível desenvolver a simulação de cenas/situações com recursos limitados e criativos, tornando o ensino mais qualificado, uma vez que contempla quesitos fundamentais na construção do conhecimento.² Objetivo: Relatar a experiência de acadêmicos do curso de graduação em Enfermagem ao conduzir um minicurso sobre o uso da maquiagem artística de baixo custo para simulação clínica. Metodologia: Trata-se de um relato de experiência, embasado pelo desenvolvimento de uma atividade do Projeto Extensionista “Liga Acadêmica de Simulação Clínica Interprofissional (LASCI)”, vinculada à Universidade Federal da Fronteira Sul, campus Chapecó (UFFS/SC), durante a I Semana Acadêmica de Enfermagem da UFFS. A atividade supracitada efetuou-se com o fito de explanar, de maneira expositiva, acerca do uso da maquiagem artística nas simulações clínicas em saúde e demonstrar, por meio da prática, métodos de elaboração das maquiagens com materiais acessíveis e de baixo custo. A equipe de organização e execução da atividade dispôs do envolvimento de duas pessoas responsáveis por realizar as maquiagens propostas, um assistente de recursos digitais, um modelo e um responsável pelo áudio e vídeo. Todos os envolvidos são integrantes da LASCI. Resultados e Discussão: Para a realização da atividade, utilizou-se o Google Meet®, uma plataforma digital que possibilita a conexão virtual simultânea dos participantes em uma única sala.  Ao idealizar e organizar o minicurso, um dos principais objetivos a serem alcançados era proporcionar aos participantes a produção de maquiagens artísticas acessíveis e que estivessem relacionados a situações corriqueiras na formação do profissional enfermeiro. Planejou-se algumas lesões que seriam reproduzidas com maquiagem e como as mesmas se assemelham à situações práticas realísticas. Foram elaborados três modelos de maquiagens, sendo eles: hematoma na região periocular, representando agressão; queimadura por abrasão, decorrente de um acidente com moto, bicicleta ou queda; e ferida aberta, com presença de necrose, exsudato sanguinolento e miíase. Em seguida definiu-se os materiais necessários para a realização destas, sendo algodão, cola branca a base d’água, tinta guache (nas cores vermelho, preto e amarelo), sombras de olho (roxa, bege, marrom, vermelho e verde/amarelo claro), secador de cabelo, pincéis (de maquiagem, ou semelhante), grãos de arroz, glicerina, corantes (preto e vermelho), gel para cabelo e recipientes. A atividade contou com a participação de 46 pessoas e perdurou por cerca de duas horas. Ao final do minicurso, como método avaliativo, foi disponibilizado um formulário, no qual os participantes relataram a sua apreciação referente ao desenvolvimento da atividade. Quando se trata do ensino voltado à área da saúde, a simulação objetiva, dentre outros aspectos, representar, em um ambiente seguro e controlado, as vivências dos serviços de saúde. Dessa maneira, estimula o pensamento crítico-reflexivo do participante, assim como o desenvolvimento de suas competências, sendo estas a habilidade de sistematizar a assistência em saúde, instigando o papel de liderança e gestão em um trabalho multiprofissional.^3,4 Ademais, entende-se que o uso dessa metodologia se apresenta como facilitador do ensino, a fim de que o estudante se aproxime dos contextos que poderá vivenciar, enquanto futuro profissional da saúde. Compreende-se que o uso da maquiagem na simulação clínica em saúde deve ser planejado juntamente com o roteiro da cena, para que esta seja uma ferramenta de aproximação do cenário com a realidade. A atividade efetuada possibilitou, de maneira lúdica, o aprendizado de exemplos de maquiagens a serem utilizadas nos cenários de simulação. Essa característica de ludicidade promove o maior envolvimento dos participantes nas atividades educacionais.³ Para a equipe organizadora e executora, o trabalho em equipe foi o ponto-chave, onde o papel de todos os envolvidos foi fundamental para o desenvolvimento do planejamento e realização do minicurso. Em relação a avaliação da dinâmica, obteve-se retorno positivo dos participantes, uma vez que a maioria relatou satisfação e superação das expectativas. Ainda, muitos demonstraram surpresa decorrente da constituição realística das maquiagens, bem como o fácil acesso aos materiais usados, sendo estes de baixo custo. Considerações finais: Experiências como essas são válidas e necessárias para a formação profissional e minimização de riscos a saúde dos pacientes. Os resultados obtidos proporcionaram o encorajamento à elaboração e seguimento de pesquisas, aprofundando os conhecimentos acerca da simulação clínica, assim como utilizar materiais de baixo custo para sua realização, uma vez que este método se mostra eficaz no ensino. A atuação das ligas acadêmicas na área da saúde carrega consigo a possibilidade de incrementar os conhecimentos de acadêmicos, docentes e profissionais. Portanto, experienciar atividades como esta, estimulam a participação crítica e ativa de acadêmicos em seu processo formativo, além da criação de vínculo entre academia e comunidade externa.