DESAFIOS PARA A IMPLEMENTAÇÃO DE PRÁTICAS LÚDICAS NO SERVIÇO HOSPITALAR INFANTIL
UM RELATO EXTENSIONISTA
Keywords:
Ludoterapia; Cuidados de Enfermagem; Hospitalização.Abstract
Introdução: Diversos instrumentos direcionados para a melhor prática da enfermagem foram elaborados, de modo a facilitar não somente a prática laboral, mas também, para que a experiência da hospitalização não seja um evento traumático na vida da criança. Tem-se na ludicidade, uma das principais técnicas que auxiliam os processos terapêuticos e facilitam o estabelecimento de vínculo profissional-paciente, principalmente em pediatria. O conceito de ludicidade, remete ao ato do brincar ou até mesmo desenvolver uma ação física ou psicossocial a partir da brincadeira¹ uma vez que torna a criança um indivíduo autônomo, singular e criativo, além de estimular a afetividade e a consciência de si e dos outros. Contudo, embora a sua eficiência seja visível e reconhecida tanto pelos profissionais quanto pelos familiares, foi observado durante a realização de atividades de um Programa extensionista lacunas quanto a sua utilização. Objetivo: Relatar os desafios sobre a utilização das práticas lúdicas na atenção à saúde em pediatria. Metodologia: Estudo do tipo relato de experiência a partir das ações de um Programa extensionista intitulado: Enferma-Ria: A palhaçaria como ferramenta na promoção de saúde vinculado à Pró-Reitoria de extensão e cultura da Universidade Federal da Fronteira Sul, Campus Chapecó que apresenta como um dos seus subprojetos o (En)cenando Enferma-Ria: a palhaçaria como ferramenta na promoção da saúde da criança e do adolescente hospitalizado que é um projeto de cultura o que retroalimenta as ações dos dois subprojetos de extensão: Enferma-Ria: a palhaçaria como ferramenta na promoção da saúde do adolescente hospitalizado e Enferma-Ria: a palhaçaria como ferramenta na promoção da saúde da criança hospitalizada. A presente exposição foi realizada a partir da observação da realidade do uso do lúdico durante as atividades de extensão universitária em um hospital pediátrico da região Oeste de Santa Catarina. As atividades do Enferma-Ria ocorrem, semanalmente, a partir de um escala prévia organizada entre os estudantes do Curso de Graduação em Enfermagem. Nessas oportunidades, utiliza-se da palhaçaria para balizar as ações entre as crianças, familiares e profissionais da saúde. Mediante a essa inserção, pode-se observar os desafios de inserção das técnicas de ludicidade, visto que esta não é uma prática recorrente do serviço de saúde. Resultados e Discussão: O brincar para a criança é algo fundamental, pois é por meio disso que ela cria, desenvolve sua afetividade, demonstra seus medos e anseios, representa o que sabe e além disso, amadurece a partir do aprendizado adquirido. Sendo assim, quando a criança quando submetida à hospitalização e muitas vezes privada dessas situações, as experiências traumatizantes, por vezes, sobrepõe como consequência. Visto a importância da ludicidade na vida do paciente pediátrico, em 2005 foi aprovada a lei nº11.104, na qual consta a obrigatoriedade da brinquedoteca nas unidades de internação que atendem crianças. Além disso, na resolução nº 546/2017 do Conselho Federal de Enfermagem deixa claro que é responsabilidade do Enfermeiro a utilização dessas práticas de cuidado. Esta prática surge com o intuito de amenizar, acalmar e orientar as crianças bem como os acompanhantes frente aos sentimentos de medo e insegurança em que são submetidos.² Porém, apesar de estudos e o reconhecimento dessa necessidade por parte dos profissionais, ainda se observa uma lacuna no que tange à prática da ludicidade no cotidiano dos serviços de saúde. Os profissionais, expõe que compreendem a relevância da ludicidade em seu cotidiano. Todavia, destacam a falta de tempo e da necessidade de educação continuada que aborde esse assunto devido o hiato desse assunto em sua formação. Além disso, o excesso de atribuições ao enfermeiro e a carência de material desmotiva ainda mais os profissionais a buscarem o conhecimento e aperfeiçoamento para desenvolver a ludicidade.³ Apesar de todos esses empecilhos, ressalta-se o direito da criança de brincar bem como receber informações condizentes com sua etapa de desenvolvimento quanto aos procedimentos realizados durante o período de internação hospitalar. A fim de suprir essa premência torna-se indispensável a oferta cursos de aperfeiçoamento para os profissionais e o apoio das instituições considerando as boas práticas em saúde e em Enfermagem. Assim, para que ocorra uma melhora na qualidade do tratamento à saúde pediátrica, se faz necessário não somente que se invista em ações de educação continuada,4 como a participação em cursos de especialização com ênfase na ludicidade, mas também se tenha investimento na criação ou aprimoramento de espaços apropriados para sua realização dentro dos serviços de saúde. Além disso, destaca-se a necessidade de aquisição e/ou elaboração de materiais e brinquedos apropriados, contemplando cada fase do desenvolvimento psicomotor das crianças. Deste modo, pode-se afirmar que ainda que o cuidado com a criança seja complexo, existem formas de abrandar as situações aliviando as tensões tanto para o paciente e o familiar, quanto para a equipe. Considerações finais: Usar a ludicidade como instrumento recorrente de humanização do cuidado possibilitando a autonomia dos pacientes pediátricos e seus familiares é relevante para um exercício da Enfermagem centrado nos princípios do Sistema Único de Saúde no cuidado. Assim, as práticas lúdicas podem auxiliar na promoção da qualidade da assistência e da experiência de hospitalização vivenciada pelo paciente pediátrico quando empregada. Se faz claro que, uma vez que o uso do lúdico é incentivado desde a graduação, na participação destes futuros profissionais em programas que visam expandir a compreensão dessas práticas de cuidado o olhar amplia-se para efetividade.
