CHECK-LIST PARA TRANSFERÊNCIA DE CUIDADOS DE PACIENTES PEDIÁTRICOS HOSPITALIZADOS: SUBSÍDIO PARA A COMUNICAÇÃO EFETIVA ENTRE EQUIPES ASSISTENCIAIS

Authors

  • Natália Hoefle Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul
  • Shanna Machado Sousa Hospital Universitário da Universidade Federal da Grande Dourados

Keywords:

Transferência da responsabilidade pelo paciente; Segurança do Paciente; Comunicação; Pediatria.

Abstract

Introdução: A segurança do paciente tem sido cada vez mais reconhecida como uma questão de importância global, visto que o processo de cuidados à saúde contém certo grau de insegurança inerente. A percepção geral de segurança do paciente é uma dimensão de resultado e indica a existência de processos e sistemas para prevenir erros e problemas provenientes da assistência à saúde, e diante disso são despendidas estratégias para a minimização de riscos e danos evitáveis durante o processo de cuidados assistenciais a um mínimo aceitável. Para que essa minimização ocorra, tem-se a necessidade da elaboração de estratégias que sejam incorporadas nos serviços de saúde para reduzir os danos decorrentes dos cuidados prestados e o sofrimento desnecessário ao paciente e à equipe de atendimento. Diante disso, a Organização Mundial de Saúde (OMS) estabeleceu seis Metas Internacionais para a Segurança do Paciente, e destas destaca-se a melhoria na comunicação entre os profissionais de saúde para o seguimento do plano terapêutico e cuidados dispendidos ao paciente independente da unidade hospitalar que o mesmo se encontra (1-2). A transferência de cuidado consiste na transferência da responsabilidade do cuidado ao paciente, para outra pessoa ou grupo de profissionais e a mesma pode ser intra ou extra hospitalar, de forma temporária ou definitiva. Dessa forma, fomentar estratégias de comunicação efetiva entre profissionais e instituições de saúde favorece a cultura de segurança do paciente, pois lacunas na comunicação estão entre as principais causas associadas a eventos adversos e descontinuidade dos cuidados prestados aos pacientes (3). Objetivo: Descrever o processo de construção e implantação de um instrumento padronizado para a transferência de cuidados entre setores da linha pediátrica em um hospital universitário. Metodologia: Trata-se de um estudo descritivo, tipo relato de experiência, vivenciado pela equipe de enfermagem dos setores: UTI pediátrica, centro cirúrgico, enfermaria pediátrica e cirúrgica de um Hospital Universitário do Centro Oeste brasileiro, acerca da transferência de cuidados com a criança hospitalizada na instituição. A construção de um instrumento padronizado se deu pela necessidade de transmitir informações relevantes, relacionadas a continuidade do cuidado e para evitar lacunas assistenciais durante o percurso do paciente pediátrico na instituição. O referido documento foi elaborado a partir de reuniões realizadas entre o grupo condutor, que contou com a participação de enfermeiros e médicos das unidades supracitadas, chefias das unidades e também o Núcleo de Segurança do Paciente. A construção do instrumento de transferência de cuidado foi norteada por modelos de outras instituições brasileiras e adaptado para o contexto pediátrico da instituição, após a primeira versão concluída, o mesmo foi testado nos diferentes setores da linha pediátrica, sofreu várias alterações até que se chegasse a uma versão final do mesmo. Este ensaio não necessitou de avaliação de comitê de ética em pesquisa, segundo critérios da resolução n° 510/2016, pois provém de prática profissional e garante anonimato. Resultados e Discussão: O instrumento que foi desenvolvido é rápido e de fácil aplicabilidade, tipo check-list, de forma a não aumentar a demanda de trabalho da equipe assistencial e foi intitulado de “Check-list para transferência de cuidado entre unidades de internação” Os dados incluídos foram: identificação do paciente, alergias, procedimentos e intervenções realizadas durante a internação, cirurgias realizadas ou agendadas, além de exames que ficaram pendentes, assim como condições de alta desse paciente como: suporte ventilatório, medicações, drenos e sondas, e informações relativas aos tipos de isolamentos, como de contato e respiratório, que quando não informados, podem causar prejuízos à saúde de outros pacientes e dos profissionais. Essas informações são preenchidas na alta hospitalar da uti-pediátrica para a enfermaria pediátrica e vice-versa, assim como para outros setores que também estão interligados, como centro cirúrgico e enfermaria cirúrgica. De acordo com (1), o check-list tem potencial para melhorar a segurança e a qualidade do cuidado prestados aos pacientes nos serviços de saúde. Eles melhoram a comunicação entre as equipes e ajudam a garantir a continuidade do cuidado. Assim como no estudo de (2), no presente trabalho também ficou definido que a transferência do cuidado se dará de forma verbal e escrita, esta, com o preenchimento do formulário padronizado de transferência de cuidados. O mesmo será preenchido pela enfermagem na saída do paciente da unidade e validada e assinada pelo enfermeiro que receber o paciente na unidade de destino. Ainda, (3), enfatizam que a transferência de cuidado é uma estratégia que compreende a transferência de informação, de responsabilidade e de autoridade. É a transferência de informações acerca dos cuidados e da terapêutica instituída ao paciente entre os profissionais de diferentes turnos de trabalho e também entre os diferentes setores hospitalares. Esse instrumento começou a ser implantado nos setores em fevereiro de 2020 e cabe destacar que ele não substituiu a comunicação verbal, apenas veio para reforçar o registro dos cuidados prestados ao paciente durante a internação nas unidades hospitalares e evitar possível esquecimento de informações relevantes ao processo de assistência à saúde no âmbito hospitalar. Após a implantação desse instrumento padronizado percebeu uma melhor organização da equipe de enfermagem e a otimização da transferência do paciente na passagem de plantão, visto que neste momento, além das informações referentes aos cuidados ele também serviu como um “lembrete” para evitar possíveis esquecimentos referente a prontuário, medicamentos, documentos pessoais, além da coleta de swab retal que deve ser colhido antes da alta para pacientes que permaneceram por mais de 48hrs no setor e que agora são encaminhados juntamente com ele, evitando o esquecimento e aumento da demanda de trabalho. Considerações finais: O uso de instrumento de transferência de cuidado, além de melhorar a qualidade das informações compartilhadas entre as equipes de enfermagem, foi incorporado na prática assistencial de forma a auxiliar a comunicação efetiva entre as equipes de saúde, melhorar a cultura de segurança do paciente entre os setores pediátricos da instituição e qualificar as informações acerca do paciente e seus respectivos cuidados.

Published

24-09-2024