APLICAÇÃO DO INSTRUMENTO mYFAS PARA VERIFICAR DEPENDÊNCIA ALIMENTAR EM UMA AMOSTRA DE IDOSOS

  • Pedro Lucas Vogt Universidade Federal da Fronteira Sul
Palavras-chave: Vício alimentar, Escala de Yale, Ultraprocessados.

Resumo

Introdução: A alimentação contemporânea passou por mudanças abruptas no decorrer dos últimos anos, sendo que a base da dieta ocidental passou a ser alimentos ultraprocessados[1]. Esta classificação de alimentos possui como características a adição massiva de ingredientes culinários e formulações químicas (acidulantes, emulsificantes, amido modificado e açúcar invertido)[2]. As alterações na produção e ambiente alimentar, juntamente com a grande oferta desses alimentos ultraprocessados, impactaram no aumento de casos de sobrepeso/obesidade, que como consequência, resultam em doenças crônicas não transmissíveis (DCNT)[3]. Um dos pontos que atravancam o avanço dessa discussão é o fato de não se ter uma substância isolada com potencial viciante na composição alimentar[4]. Porém, sabe-se que os alimentos ultraprocessados podem gerar comportamentos nocivos devido à alta concentração de compostos recompensadores (açúcar, gordura, sal e aditivos alimentares).[5] Um dos pontos importantes da dependência alimentar é o paralelo que se faz entre o uso de drogas de abuso e seus mecanismos fisiológicos, o desequilíbrio no sistema de recompensa e sua rede dopaminérgica. Nesse sentido, foi desenvolvido em 2009, atualizada em 2016 e alterada em 2017 a escala modificada de dependência alimentar de YALE (mYFAS). Este instrumento avaliativo utiliza os 11 critérios do DSM-5 para transtornos relacionados a substâncias viciantes, com 13 perguntas acerca do comportamento alimentar nos últimos 12 meses, a qual fornece um parâmetro de diagnóstico para dependência alimentar.[6] [7] [8] Dentro deste contexto os idosos são um público que tiveram seus primeiros contatos com os ultraprocessados já na fase adulta e o consumo de ultraprocessados está associado a problemas cardiovasculares e obesidade abdominal.[9] Objetivos: Relacionar o consumo de ultraprocessados com a dependência alimentar em idosos utilizando a mYFAS. Métodos: O presente estudo foi realizado com idosos participantes da UNATI (Universidade Aberta da Terceira Idade) de três municípios, Francisco Beltrão, Enéas Marques e Santa Izabel do Oeste. A escala foi preenchida individualmente por cada participante após orientação prévia. Os dados foram tabulados no Libreoffice Calc e a estatística realizada no software PSPP. As análises consistiram em um cálculo onde o indivíduo endossa ou não os critérios e fornece um diagnóstico escalar entre leve, grave e moderado. Resultados e discussão: O presente estudo contou com 40 participantes sendo eles 90% do sexo feminino e 10,0% do sexo masculino. Após realizar o diagnóstico a partir das pontuações da escala verificou-se uma prevalência de 5,0% de diagnóstico de dependência alimentar nos idosos. Este estudo diverge do encontrado em um estudo com jovens estudantes de graduação, onde houve uma prevalência de 18,8%[10]. A diferença entre a prevalência de dependência alimentar dos públicos pode fornecer informações a respeito da influência das bases alimentares no comportamento alimentar dos indivíduos e principalmente nos primeiros anos de vida. Conclusão: O presente estudo traz parâmetros e contribuições para a ascendente discussão sobre a dependência alimentar, principalmente a diferença entre o contato já na fase adulta com os ultraprocessados e o contato desde a infância e o quanto isso afeta no comportamento alimentar dos indivíduos.

Publicado
05-12-2023
Seção
Nutrição em Saúde Coletiva e Epidemiologia