Suplementação alimentar e estresse oxidativo em cães: revisão sistemática da literatura

  • Rafael Luan Perin Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Angelo Menin Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Nadine Arend Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Dalila Moter Benvegnú Universidade Federal da Fronteira Sul
Palavras-chave: Antioxidantes, Biomarcadores, Espécies reativas

Resumo

Introdução: O estresse oxidativo é o desequilíbrio entre espécies reativas (ERs) e antioxidantes no organismo, em favor das ERs. A condição prejudica a atividade celular e pode predispor a diversas doenças. Por conta disso, vários estudos buscaram identificar moléculas com potencial antioxidante e avaliar seus efeitos na saúde animal. Objetivos: O trabalho teve por objetivo analisar a relação entre suplementação alimentar e estresse oxidativo em cães. Métodos: A revisão sistemática da literatura foi realizada a partir de busca na base de dados Pubmed. Para tanto, foram utilizados os descritores “oxidative stress”, “supplement” e “dog”, separados pelo operador booleanoAND”, e o filtro para artigos produzidos nos últimos 5 anos. Foram incluídos artigos que analisaram a influência de suplementos alimentares sobre marcadores de estresse oxidativo em cães, e excluídos os demais. Resultados e discussão: Após a aplicação de todos os critérios a pesquisa obteve 5 artigos. Os níveis séricos dos radicais livres (RLs) alcoxil e hidroperoxil e o potencial antioxidante biológico (PAB) foram mensurados em 20 cães com osteoartrite, suplementados com Dìnamic™ (sulfato de glucosamina, óleo de Krill e sulfato de condroitina). Em 90 dias de experimento, houve redução da concentração de RLs, e aumento do PAB. Os mesmos radicais foram mensurados em outro estudo para avaliar os efeitos da inclusão de quitosana e extrato de Oleo europaea na dieta de cães com doença renal crônica. Da mesma forma, foram observados efeitos antioxidantes e redução do estresse oxidativo. Outra pesquisa, determinou a influência da suplementação alimentar com propionato de crômio sobre as concentrações de tióis proteicos, a peroxidação lipídica via substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARs) e enzima catalase. As amostras do grupo teste apresentaram maiores concentrações de tiol sérico e catalase, e redução da peroxidação lipídica. Outro estudo avaliou os efeitos da substituição de conservantes químicos do alimento por óleos essenciais (cravo, alecrim e orégano) e Vitamina E em marcadores de estresse oxidativo de 10 cães adultos da raça Beagle. Houve redução de ERs e aumento dos níveis de glutationa S-transferase e tióis não-proteicos. Em outro trabalho foi avaliado o potencial antioxidante de hidrolisado proteico de farelo de arroz incluído na alimentação de 11 cães. Os resultados mostraram redução das concentrações séricas de malondialdeído e carbonilas, indicando redução da peroxidação lipídica e da oxidação de proteínas, respectivamente. Os trabalhos revisados avaliaram diversos ingredientes naturais adicionados à dieta de cães. Em períodos de estudo de um a três meses foi possível identificar efeitos antioxidantes pela análise de múltiplos marcadores bioquímicos. O início rápido dos efeitos é interessante do ponto de vista terapêutico das substâncias analisadas. A utilização de diferentes marcadores demonstra a confiabilidade dos resultados e a existência de diversos mecanismos de atuação. Por vezes, os estudos avaliam o efeito de fórmulas com vários constituintes sobre o estresse oxidativo, mas seria interessante a avaliação dos efeitos individuais. Conclusão: Moléculas de origem natural apresentam efeitos antioxidantes de início rápido quando adicionados à dieta de cães na forma de aditivos ou substitutos aos conservantes químicos da ração.

Publicado
03-12-2023