ANTIOXIDANTES NA SUPLEMENTAÇÃO DE RAÇÕES PARA CÃES: REVISÃO SISTEMÁTICA DE LITERATURA
Resumo
Introdução: O estresse oxidativo (EO) é caracterizado pelo desequilíbrio entre oxidantes e antioxidantes, favorecendo a predominância de espécies reativas de oxigênio (EROs). Níveis elevados de estresse oxidativo podem resultar em danos celulares e resultar em consequências adversas e condições patológicas. Por esse motivo, a inclusão de antioxidantes nas dietas tem sido recomendada como uma estratégia para reduzir a vulnerabilidade das membranas celulares aos efeitos das espécies reativas (ER), incluindo as espécies reativas de oxigênio e nitrogênio. Objetivos: Buscar evidências disponíveis acerca da implementação de compostos antioxidantes em rações para cães e seus efeitos. Métodos: Este trabalho foi desenvolvido a partir de produções científicas indexadas na plataforma da National Library of Medicine (NLM), com registros da base de dados MEDLINE e PubMed, que enfocaram o uso de antioxidantes implementados em rações de cães e seus efeitos. O recorte temporal abrangeu o período entre os anos 2017 até 2023. Após o levantamento, procedeu-se à análise dos dados. Os critérios utilizados para seleção dos artigos foram a ação antioxidante dos compostos testados, a avaliação do estresse oxidativo e a capacidade de implementação na alimentação, sendo incluídos os que continham esses elementos. Resultados e discussão: Antioxidantes naturais como a vitamina E e o selênio, presentes na ração canina, além de promoverem a conservação da ração, estimulam os níveis de antioxidantes sistêmicos e minimizam os impactos causados pelas ER no sangue dos cães. Cães que recebem adição de substâncias antioxidantes naturais nas dietas não apresentaram diferença significativa em comparação com cães com dieta comercial, nem alternância de valores hematológicos, porém pode-se observar redução na contagem de leucócitos e no percentual bacteriano presente nas fezes dos cães que receberam antioxidantes naturais na dieta. Em tratamento com adição de curcumina (32,9 mg/kg de ração), observou-se também diminuição nos níveis de linfócitos circulantes, indicando atividade antinflamatória eficiente. Além disso, os cães que receberam ração suplementada mostraram níveis mais baixos de EROs e a atividade antioxidante total foi aumentada com o tempo de suplementação. Sugeriu-se também que a curcumina tem potencial protetor hepático, pela diminuição dos níveis de ALT e AST, corroborando com a hipótese de outros autores. Estudos desenvolvidos utilizando propionato de cromo (2 mg/kg de ração) obtiveram resultados indicativos de modulação na resposta imunológica, metabólica antioxidante, e maiores níveis de proteína C reativa no sangue, fator indicativo de resposta inflamatória, além de elevação dos níveis de gamaglobulina. Esse estudo também mostrou que o grupo que recebeu suplemento teve aumento significativo de tióis proteicos e atividade da enzima catalase no sangue em relação ao grupo controle. Conclusão: Não são todos os antioxidantes em rações que favorecem a diminuição da inflamação de cães, possivelmente devido ao próprio antioxidante utilizado ou as concentrações propostas. Porém, os animais suplementados com antioxidantes, mostraram diminuição de EROs, ação antioxidante e melhor qualidade de vida. Sendo assim, a necessidade de novos estudos é evidente, para que se estabeleça níveis adequados e a devida importância na suplementação destes componentes na dieta de cães.