O FUNCIONAMENTO DO IMAGINÁRIO MISSIONEIRO NO DISCURSO DICIONARÍSTICO

Autores

  • Leticia Schubert Friedrich UFFS - Campus Cerro Largo
  • Carline Kuhn Magalhães UFFS - Campus Cerro Largo
  • Caroline Mallmann Schneiders UFFS - Campus Cerro Largo

Palavras-chave:

Dicionário, Missioneiro, História, Memória

Resumo

Este subprojeto busca refletir sobre o funcionamento do imaginário missioneiro no discurso dicionarístico, analisando como o verbete missioneiro produz sentidos no contexto das Missões/RS. Para isso, foram mobilizados dicionários regionalistas e de língua portuguesa, articulando a Análise de Discurso pecheutiana com a História das Ideias Linguísticas. O corpus principal envolveu os dicionários Dicionário de Regionalismos do Rio Grande do Sul (1984), Dicionário Gaúcho Brasileiro (2003) e Dicionário Houaiss (2000), além do gesto analítico “palavra-puxa-palavra”. Os resultados mostram que, nos dicionários regionalistas, missioneiro é designado tanto como indígena das antigas reduções quanto como habitante atual da região, apagando especificidades étnicas e privilegiando a relação com o processo colonizatório. Já no Houaiss, a definição se concentra na vinculação histórica às Missões Jesuíticas, sem necessariamente associar o termo ao indígena. Observamos, na análise, que a produção de sentidos é atravessada por historicidade e ideologia, mostrando como o missioneiro, no imaginário local, também se funde às figuras do peão e do gaúcho. Assim, o verbete constitui um sujeito simbólico ligado a valores históricos e culturais, ao mesmo tempo em que celebra um “passado glorioso” e silencia aspectos da presença indígena anterior à colonização.

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Publicado

06-10-2025

Edição

Seção

Linguística, Letras e Artes - Campus Cerro Largo