ATRIBUTOS FÍSICOS DO SOLO EM SISTEMAS DE INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA LEITEIRA E PRODUTIVIDADE DA CULTURA DA SOJA

  • Lucas Raimundo Rauber Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Cerro Largo
  • Flavio de Lara Lemes Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Cerro Largo
  • Douglas Rodrigo Kaiser Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Cerro Largo

Resumen

1 Introdução

O sistema de integração lavoura pecuária (ILP) consiste em alternar produção bovina, seja leite ou carne, com culturas de grãos em uma mesma área. São grandes os benefícios da ILP quando mantido o sinergismo entre solo-animal-planta, proporcionando melhorias nas condições físicas, químicas e biológicas do solo como também aumentando a rentabilidade por unidade de área para o agricultor.

Existe, porém, uma grande preocupação com a compactação do solo em áreas de pastagens (ROCHA JÚNIOR; SILVA; GUIMARÃES, 2013) principalmente quando altas taxas de lotação animal são utilizadas para pastejo (OLIVEIRA, 2016). A compactação do solo pode limitar a produtividade das culturas de verão (SECCO et al., 2009) e inviabilizar o sistema.

2 Objetivo geral

Estudar o efeito de um sistema de integração lavoura pecuária leiteira de dois anos sobre atributos físicos do solo sob diferentes condições de manejo e a produtividade da soja.

3 Metodologia

Experimento implantado desde 2015. O solo foi caracterizado como Latossolo Vermelho com textura argilosa. O delineamento experimental foi blocos ao acaso com três tratamentos e quatro repetições: T1 – Área sem pastejo no inverno (S.PAST); T2 – Área com pastejo no inverno (PAST); T3 – Área com pastejo no inverno seguida de escarificação mecânica (PAST+ESC). Após a caracterização dos tratamentos foi implantada a cultura da soja. A pressão de pastejo foi de 5 unidade animais (U.A) por bloco, caracterizando um sistema de pastejo intensivo.

Após os ciclos de pastejo e também posterior a colheita da cultura da soja foi avaliada a densidade e a distribuição de poros nas camadas 0-5, 5-10, 10-20 e 20-30 cm seguindo metodologia de EMBRAPA (2011). Durante a fase vegetativa da cultura da soja foi avaliada a resistência do solo a penetração com um penetrômetro automático e na fase de maturação fisiológica avaliada a produtividade de grãos e peso de mil grãos (PMG).

4 Resultados e discussão

O pisoteio bovino aumentou a densidade do solo (Ds) nas camadas 0-5, 10-20 e 20 -30 cm (Tabela 1) para níveis considerados limitantes para o solo em estudo. Os bovinos por possuírem uma alta massa corporal e uma pequena área de contato com o solo, exercem uma alta pressão, a qual se distribui na superfície do solo, mas quando esta camada já se encontra compactada as cargas são distribuídas para as camadas mais profundas. Portanto a cada novo pastejo as pressões foram se distribuindo para camadas mais profundas. A exceção da camada 5-10 cm onde a Ds não foi influenciada pelo pisoteio bovino provavelmente se deu pelo fato de a mesma já ter estado em alto nível de compactação, resultante do histórico de manejo da área, assim não ocorrendo mudança significativa de densidade nesta camada pelo pisoteio bovino.

Tabela 1: Densidade e distribuição de poros após o ciclos de pastejo e após o ciclo da soja

 

A porosidade total (Pt) sofreu uma diminuição pelo pisoteio bovino nas camadas 0-5, 10-20 e 20-30 cm. A macroporosidade (Ma), responsável pela aeração do solo, diminui no tratamento PAST até a profundidade de 10 cm. O valores de Ma no tratamento PAST já são considerados limitantes pois estão abaixo do limite que é de 0,1 m3 m-3. Já a microporosidade (Mi) não sofreu influência do pisoteio bovino.

A escarificação da área pastejada (PAST+ESC) diminuiu a Ds e aumentou a Pt e Ma até os 10 cm de profundidade. Mas em contrapartida a escarificação diminuiu a Mi na camada mais superficial, o que pode diminuir a capacidade de armazenamento de água nesta camada.

Após a retirada da cultura da soja não se observou mais influência do pisoteio animal na densidade e distribuição de poros no solo, com exceção da Pt na camada 20-30 onde continuou significativamente menor no tratamento PAST. Isso mostra o efeito da haste sulcadora no momento de semeadura e também a própria capacidade de resiliência do solo, que atuaram na melhoria das condições físicas do solo.

A resistência do solo a penetração foi influenciada apenas pela escarificação do solo a qual diminuiu este fator físico do solo até os 10 cm de profundidade. As diferenças de RP foram encontradas quando o solo estava numa condição de alta umidade (Figura 1).

Figura 1: Resistência do solo a penetração e umidade gravimétrica do solo.

 

 

A produtividade da cultura da soja e o PMG não sofreram influência dos tratamentos (Tabela 2). Os limitantes níveis de Ds e Ma no tratamento PAST não comprometeram a produtividade da soja pois são fatores físicos indiretos. E como a quantidade e distribuição de chuvas foram satisfatórios durante o ciclo da cultura (Figura 2), os processos físicos do solo não foram comprometidos.


Tabela2: Produtividade da soja

 

Figura 2: Índices pluviométricos no ciclo da soja


5 Conclusão

O pisoteio bovino afetou a estrutura do solo em superfície e subsuperfície, mas isso não afetou a produtividade da soja visto os bons índices pluviométricos observados. A escarificação foi eficiente para diminuir a densidade do solo, diminuir resistência a penetração e melhorar a porosidade de aeração do solo em superfície.

 

Palavras chave: Bovinos; pisoteio; estrutura do solo; pastagens; compactação.

Financiamento: PROBIC - FAPERGS

Referências

EMPBRAPA. Manual de métodos de análise de solo. 2º ed. Revisada. Rio de Janeiro: EMBRAPA-CNPS , 2011.

OLIVEIRA, G. G. de. et al. Indicadores de qualidade física para Argissolos sob pastagens nas regiões leste e sul de Minas Gerais. Revista de Ciências Agrárias, Amazonian Journal. v. 58, n. 4, p. 388-395, out./dez. 2015

ROCHA JUNIOR, P. R.; SILVA, V. M.; GUIMARÃES, G. P. Degradação de pastagens brasileiras e práticas de recuperação. Enciclopédia Biosfera, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.9, n.17; p. 2013.

SECCO, Deonir. et al. Atributos físicos e rendimento de grãos de trigo, soja e milho em dois latossolos compactados e escarificados. Ciência Rural. v. 39, p. 58-64, 2009.

Citas

EMPBRAPA. Manual de métodos de análise de solo. 2º ed. Revisada. Rio de Janeiro: EMBRAPA-CNPS , 2011.

OLIVEIRA, G. G. de. et al. Indicadores de qualidade física para Argissolos sob pastagens nas regiões leste e sul de Minas Gerais. Revista de Ciências Agrárias, Amazonian Journal. v. 58, n. 4, p. 388-395, out./dez. 2015.

ROCHA JUNIOR, P. R.; SILVA, V. M.; GUIMARÃES, G. P. Degradação de pastagens brasileiras e práticas de recuperação. Enciclopédia Biosfera, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.9, n.17; p. 2013.

SECCO, Deonir. et al. Atributos físicos e rendimento de grãos de trigo, soja e milho em dois latossolos compactados e escarificados. Ciência Rural. v. 39, p. 58-64, 2009.

Publicado
07-08-2017