REFLEXÕES ACERCA DA INFLUÊNCIA DO PROJETO ARQUITETÔNICO DE MORADIA ESTUDANTIL NA CONSTRUÇÃO DE HÁBITOS MAIS SUSTENTÁVEIS EM SOCIEDADE

  • Amanda Stephani Zanatta Barroso Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Erechim
  • JÉSSICA DAIANE GUST PEREIRA Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Erechim
  • DUSTIN FERRARI Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Erechim
  • EDUARDA BEATRIZ VALANDRO DA SILVA Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Erechim
  • RICARDO SOCAS WIESE Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Erechim
Palavras-chave: espaços universitários, residência estudantil, formação, conforto, sustentabilidade.

Resumo

1 Introdução

A moradia estudantil, enquanto espaço de uso coletivo, pode ser vista como uma aliada no processo de construção de uma cidade mais sustentável, pois apresenta um grande potencial integrador e formador de indivíduos, contribui para o fortalecimento da vida universitária, assim como, favorece o estreitamento das relações entre cidade e universidade. Ao se inserir nos espaços universitários, a moradia estudantil possibilita a configuração de zonas de transição e sobreposição do tecido urbano, permitindo assim, a extensão do espaço público, abrigando funções que vão além da própria moradia, e que possam receber a comunidade, promovendo a troca de experiências e, ainda, colaborando com a função social dessa vivência em conjunto.

Dessa forma, a moradia estudantil pode contribuir através de configurações diferenciadas de espaço e linguagem arquitetônica, relacionados com a cidade e com seus usuários, com uma dimensão social e educativa, de modo que a vivência coletiva interfira na formação de indivíduos mais conscientes perante o conceito de cidade mais sustentável, integradora e coletiva.

2 Objetivo

O objetivo geral do presente estudo busca discutir a influência do projeto arquitetônico para um conceito mais amplo de sustentabilidade e de ensino consciente, partindo de algumas oportunidades identificadas na moradia estudantil que podem contribuir a este tipo de formação.

 

3 Metodologia

O presente estudo pautou-se pelas reflexões feitas a partir da configuração de espaços coletivos de caráter estudantil, que possam contribuir para o fortalecimento das relações sociais e sustentáveis. A metodologia para o presente projeto de pesquisa estruturou-se em cinco momentos distintos. (1) A abordagem teórica do tema da moradia estudantil com ênfase na sustentabilidade  (2) e a contextualização histórica, auxiliaram na construção de um olhar crítico reflexivo para a temática, a configuração dos espaços, suas relações intrínsecas com o entorno do campus e da cidade. (3) A análise de atividades e tradições regionais, assim como (4) a análise de critérios qualitativos de sustentabilidade, que estimulam a convivência coletiva proporcionaram uma maior visibilidade de reflexões acerca das estratégias arquitetônicas e conceitos presentes no desenvolvimento do trabalho. Por fim, com (5) a sistematização do conteúdo das etapas anteriores, criaram-se subsídios que contribuem para a discussão de projetos de moradia no contexto brasileiro, considerando um novo olhar para a construção dos espaços universitários.

4 Resultados e Discussão

O estudo teve como resultado a elaboração de estratégias projetuais sustentáveis que podem ser desenvolvidas na configuração dos espaços de habitação universitária, que tem a possibilidade de incentivar as relações do estudante com o próprio controle ambiental, e com a convivência coletiva. Como as “oficinas temáticas” com tarefas do dia-a-dia, oficinas comunitárias voltadas à comunidade externa, horta comunitária para além do espaço dedicado a cursos, onde é proporcionado o contato com a natureza.

As estratégias de controle solar passivo como anteparos, proteções e mecanismos de eficiência energética, assim como a busca por elementos arquitetônicos que incentivem as relações coletivas no espaço da moradia, com a cidade e com o entorno, como a utilização de vegetação, os telhados verdes que também podem servir como jardim suspenso. O fogão à lenha, tradição do sul do país, que reforça o espirito coletivo e também contribui para o conforto térmico do ambiente. Quanto a mobilidade, o incentivo ao uso das bicicletas e do transporte público, prioriza as ruas de pedestres no interior dos conjuntos habitacionais e a limitação dos veículos ao trânsito perimetral, permitem assim um melhor aproveitamento de áreas livres como parques, espaços comunitários e jardins individuais.

A interpretação destes resultados influencia na qualidade da habitação coletiva, tornando-a mais eficiente, por meio do uso racional dos recursos, com práticas e aprendizado capazes de promover a consciência individual e construir o comprometimento comunitário, expandindo-se para além do Campus e contribuindo para uma cidade mais sustentável.

5 Conclusão

A condição da habitação contemporânea, onde a proliferação de modelos baseados no individualismo e na segregação estão diretamente relacionados com a universidade, por também tornar-se, na maioria dos casos, um elemento que desconsidera a relação com a cidade, demonstram a reflexão acerca destes conceitos da educação do indivíduo na coletividade, em busca de uma sociedade mais sustentável evidenciando a moradia estudantil. Essa, por sua vez, nos mostrou suas potencialidades enquanto habitação coletiva para a construção da educação e de hábitos mais sustentáveis, construindo reflexões que venham a contribuir na formação de um novo olhar acerca dos espaços universitários, seu caráter público, assim como sua inserção no contexto urbano e integração com a cidade. Portanto, a moradia estudantil é aqui entendida, não somente como equipamento público, mas como uma oportunidade de evidenciar o espírito coletivo das pessoas, destacando o potencial de cada um para a construção de uma sociedade mais justa e consciente do seu papel na coletividade.

Dessa forma, as estratégias apontadas neste estudo, remetem a arquitetura da moradia estudantil coletiva, por suas especificidades e contexto, pode contribuir para a sustentabilidade de formas diversas, que vão além de mecanismos e estratégias de conforto e eficiência energética, mas valorizando e demonstrando o seu grande potencial educador.

 

Referências

Garrido, E. N., & Mercuri, E. N. G. S. (2013). A moradia estudantil universitária como tema na produção científica nacional. Scielo: http://dx.doi.org/10.1590/S1413-85572013000100009

Silva, M. L. d. & Landa, B. d. & Grassi, M. F. O. M. (2010). Repúblicas universitárias: produção de espaços e vivências. Consultado em 22 de setembro de 2015, Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, UEMS, Anais do Semex: http://anaisonline.uems.br/index.php/semex/article/viewFile/374/366

GOETTEMS, Renata Franceschet. Moradia estudantil da UFSC: Um estudo sobre as relações entre o ambiente e os moradores. Florianópolis, 2012

RAMOS, Renata Santiago. Residências universitárias modernas no Brasil. Porto Alegre, 2012

Publicado
28-09-2016