ELIPSES DE CURVATURA DE SUPERFÍCIES DE TRANSLAÇÃO IMERSAS EM IR(n), n≥4

  • Daniel Argeu Bruxel Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Chapecó
  • Rosane Rossato Binotto Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Chapecó
Palavras-chave: Pontos umbílicos, Pontos semiumbílicos, Cone das direções degeneradas

Resumo

1 Introdução

O presente trabalho é parte integrante do projeto de pesquisa Caracterização da geometria local de 3-variedades imersas em IR6 por meio de seus projetivos de curvatura, aprovado no Edital Nº 281/UFFS/2015.

Dada uma superfície M imersa em IRn, n≥4, para cada ponto p M podemos definir uma elipse associada a p no subespaço normal a M em p, NpM , denominada elipse de curvatura de M em p, definida como sendo o lugar geométrico de todos os extremos dos vetores curvatura de seções normais ao longo de todas as direções tangentes a M em p.

O conceito de elipse de curvatura foi utilizado por Little (1969) para a caracterização de propriedades geométricas de superfícies em IR4. Este conceito também foi estudado por Moraes (2002) para superfícies imersas em IRn, n≥5, onde foram estabelecidas novas expressões que podem ser obtidas para parametrizações quaisquer da imersão da superfície.

De acordo com Moraes (2002) uma expressão para a elipse de curvatura em um ponto q de M pode ser dada por φ(θ) = H + B cos(2θ) + C sen(2θ),    com  0≤ θ ≤ 2π.

Dependendo da linearidade dos vetores H, B e C, obtemos a natureza da elipse de curvatura que pode ser uma elipse, um segmento de reta ou um ponto.

Além disso, nos pontos de M que esta elipse se degenerar em um segmento temos os pontos semiumbílicos de M e naqueles que ela se degenerar em um ponto temos os pontos umbílicos de M.

2 Objetivo

O trabalho tem como objetivo descrever os diversos tipos de elipses de curvatura associadas a superfícies de translação imersas em  IRn, n≥4, a fim de estudar as propriedades locais destas superfícies considerando o tipo de ponto semiumbílico e umbílico, e o contato destas superfícies com hiperplanos de  IRn, n≥4.

3 Metodologia

Este trabalho foi realizado por meio de pesquisa bibliográfica com o uso dos softwares GeoGebra e Mathematica como ferramenta de apoio para facilitar os cálculos matemáticos.

4 Resultados e Discussão

Dadas duas curvas regulares α,β : S1 →  IRn, n≥4, de classe C2, parametrizadas pelos seus respectivos comprimentos de arco, a superfície de translação associada a α e β é dada pela imagem da imersão f : S1 x S1 → IRn , f(s,t)=1/2  (α(s)+β(t)).

A elipse de curvatura de uma superfície de translação em q = f(s,t)≡(0,0,0,...,0) pode ser definida por φ(θ)=  1/((1-ω2))[(α''(s))N+(β''(t))N]+1/((1-ω2))[(1-2ω2)(α''(s))N-(β''(t))N]cos⁡(2θ)-2ω/√(1-ω2)[(α''(s))N]sen(2θ), sendo ω=< α'(s),β'(t) >   o produto escalar e os vetores (α´´(s))N e  (β´´(t))N as componentes normais de α´´(s)e  β´´(t), respectivamente.

Observamos que, quando as curvas α e β  estão em subespaços ortogonais de IRn, a elipse de curvatura da superfície de translação sempre se degenera em todos os seus pontos.

Para o caso geral, obtivemos a seguinte proposição:

Proposição 1: A elipse de curvatura em f(s,t) não se degenera se, e somente os vetores (α´´(s))N e (β´´(t))N são linearmente independentes, ou seja, < α' (s),β' (t) > ≠ 0.

A proposição 2 apresenta os casos degenerados.

Proposição 2: Dada uma superfície de translação imersa em IRn, n≥4, temos que:

i) A elipse de curvatura em q se degenera  num segmento não  radial  se,  e   somente se, < α' (s),β' (t) >=0 e os vetores (α´´(s))N e (β´´(t))N são linearmente independentes.

ii) Se <α'(s),β'(t)>=0, a elipse de curvatura em q se  degenera num  segmento  radial se, e somente se, os vetores (α´´(s))N e (β´´(t))N são linearmente dependentes e distintos.  Quando um deles é nulo o ponto q é extremo do segmento radial que determina a elipse de curvatura.

Porém, se  < α' (s),β' (t) > ≠ 0, a elipse se degenera num segmento radial se, e somente se, os vetores (α´´(s))N e (β´´(t))N são linearmente dependentes com somente um deles não nulo. Neste caso, o ponto  é extremo do segmento radial que determina a elipse de curvatura se, e somente se, (α´´(s))N = 0 e (β´´(t))N ≠ 0, ou (β´´(t))N = 0,  (α´´(s))N ≠ 0    e  < α'(s),β'(t) > =±√2/2.

iii) A elipse de curvatura em q se degenera num ponto diferente da origem q se, e somente se,  (α´´(s))N = (β´´(t))N ≠ 0 e < α'(s),β'(t) > = 0.

Ela é a própria origem q se, e somente se, (α´´(s))N = (β´´(t))N = 0.

A fim de analisar a geometria local das superfícies de translação podemos considerar o cone das direções degeneradas destas superfícies a partir da elipse da curvatura.

O cone das direções degeneradas no ponto q=f(s,t) é o conjunto de todas as direções normais degeneradas μ, cuja matriz Hessiana da função altura associada a imersão f, na direção μ tem coposto 1.

Seja q=f(p)≡ (0,...0)fu= <f(p),μ> a  função altura associada a imersão f na direção normal μ≠0.

Seja NpM o espaço das direções normais da superfície de translação M em q. Dizemos que μ∈NpM é uma direção degenerada em p=(s,t) se, e somente se, <α”(s),μ> .<β”(t),μ> =0.

O cone das direções degeneradas de coposto 1, em  q é dado por:

Cq={ μ / <α",μ> .<β",μ> =0 e (<α",μ>2+ <β",μ>2)≠0 }.

A condição <α”,μ> .<β”,μ> =0 é equivalente a μ∈Cq ou μ  pertencer ao complemento ortogonal do primeiro espaço normal de M em q, onde o primeiro espaço normal de M em q, denotado por Nq1M, é o espaço gerado por (α´´(s))N e (β´´(t))N.

Como resultado obtemos:

Proposição 3: Dada a superfície de translação M imersa em IRn, n≥4, temos que:

i) Se a elipse de curvatura em  q não se degenera ou se degenera num segmento não radial, então Cq é um par de retas concorrentes no plano Nq1M.

ii) Se a elipse de curvatura em  q se degenera num segmento radial com extremo em q então Cq é a reta Nq1M.

iii) Se a elipse de curvatura em  q se degenera num segmento radial com q não sendo extremo deste segmento ou se ela degenera num ponto diferente da origem  q, então Cq é o conjunto vazio.

iv) Se a elipse de curvatura em  q é a própria origem q então Cq é o conjunto vazio e todas as direções degeneradas são de coposto 2.

5 Conclusão

A partir desta análise concluímos que em caso de superfícies de translação, dependendo de sua natureza é possível encontrar todos os tipos de elipses de curvatura. E neste caso, pode haver a incidência de pontos não semiumbílicos, semiumbílicos e umbílicos.

Além disso, a partir do cone das direções degeneradas é possível descrever localmente a geometria local dessas superfícies.

 

 

Referências

BINOTTO, R. R. Projetivos de Curvatura.130f. Tese (Doutorado), Universidade Estadual de Campinas, 2008.

LITTLE, J. A. On Singularities of Submanifolds of Higher Dimensional Euclidean Space. Annali Mat. Pura et Appl. (ser 4A) V. 83, p.261-336, 1969.

MORAES, S. M. Elipses de Curvatura no Estudo de Superfícies Imersas em IRn, n ≥ 5. 102f. Tese (Doutorado), Universidade Estadual de Campinas, 2002.

Publicado
29-09-2016