SIMULAÇÃO NUMÉRICA DA TRANSFERÊNCIA DE CALOR EM UM DOMÍNIO COM FLUXO DE AR QUENTE EM TORNO DE UMA PLACA METÁLICA

  • Fernando Augusto Brancher Universidade Federal da Fronteira Sul/Campus Chapecó
  • Vitor José Petry Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Chapecó
Palavras-chave: Modelagem matemática, Fluxo de um fluído, Simulação numérica, Distribuição de temperatura.

Resumo

1 Introdução

O trabalho desenvolvido faz parte de um estudo numérico que teve como finalidade descrever a distribuição da temperatura de uma placa metálica ao longo do tempo quando esta é submetida a um fluxo de ar quente. Esta situação está presente em inúmeras situações práticas, o que justifica tais estudos. Após definir o domínio de fluxo do ar e do corpo metálico em duas dimensões, obteve-se o perfil de velocidade do fluxo do ar utilizando um modelo baseado nas equações de Navier-Stokes previamente desenvolvido. Considerou-se que o fluxo de ar transporta calor pelo interior do domínio, ocorrendo transferência de parte desse calor para placa metálica.

2 Objetivo

O trabalho de pesquisa desenvolvido durante o projeto teve como objetivo aperfeiçoar o código computacional gerado para descrever o fluxo de um fluido em torno de obstáculos sólidos, além de descrever fenômenos físicos envolvendo transferência de calor e/ou massa, através de testes e simulações.

3 Metodologia

Para este estudo foi considerado um duto de comprimento L e largura W, com L=2W. No interior deste duto é colocada uma placa metálica de comprimento L/2 e largura W/2. O ar é forçado a circular constantemente pelo duto da esquerda para a direita por um sistema de pressão. Com o domínio do problema definido, calculou-se o perfil de velocidade do ar a partir de um modelo previamente definido, disponível em Petry e Weber (2012). Esse perfil foi obtido a partir da resolução das equações de Navier-Stokes, usando o método SOLA, conforme Fortuna (2000). Este método consiste na obtenção das componentes da velocidade a partir de uma malha desloca de forma que estas componentes são calculadas nas “arestas” de cada célula. Já a pressão é obtida por um processo iterativo, considerando-se o centro de cada célula. As correções espaciais são efetuadas por meio de funções de interpolação. O problema do fluxo e do aquecimento da placa foi resolvido para o caso bidimensional, sendo consideradas termicamente isoladas as paredes do duto e as fronteiras da placa que não estavam em contato com o fluxo do ar. A troca de calor entre o ar e placa metálica foi considerada nas respectivas condições de contorno. A transferência do calor no ar foi calculada através da equação do calor com seus termos convectivos e difusivos, conforme equação 1, enquanto no metal tem-se apenas o termo difusivo, conforme mostra a equação 2. A convecção acontece na parte do domínio em que circula o fluído (ar), pois nesta região a transferência do calor ocorre predominantemente através do movimento do próprio fluído. Já na placa metálica que esquenta ao entrar em contato com o fluxo de ar quente, a transferência do calor se dá pelo processo de difusão, ou seja, a transferência do calor na placa ocorre entre uma partícula e outra.  Nas equações citadas, Ta é a temperatura do ar, Tm é a temperatura do metal, Re o número adimensional de Reynolds, Pr o número adimensional de Prandtl e α a difusividade térmica. Os números de Reynolds e de Prandtl são adimensionais utilizados em mecânica dos fluidos que relacionam propriedades físicas presentes nos fenômenos descritos e aparecem no processo de adimensionalização das equações. O número de Reynolds é utilizado no cálculo de regime de escoamento de determinados fluídos e representa o quoeficiente de forças de inércia por forças de viscosidade. Já o número de Prandtl é utilizado em problemas envolvendo transferência de calor e representa o quoeficiente entre a taxa de difusão viscosa e a taxa de difusão térmica.

As equações (1) e (2) foram resolvidas numericamente através do Método de Crank-Nicolson, usando-se aproximações em diferenças finitas centradas de segunda ordem para as derivadas espaciais e adiantas de primeira ordem para as derivadas temporais. As propriedades físicas do ar e da placa utilizados são obtidas em Incropera (1990). Considerou-se nessa solução que o perfil de velocidade se mantém inalterado ao longo de todo o processo, ou seja, não foi considerada a influência da alteração da temperatura neste perfil.

4 Resultados e Discussão

Após a discretização das equações (1) e (2) e com o perfil de velocidade definido, foi desenvolvido um código computacional para calcular a distribuição da temperatura ao longo do tempo. Em seguida foram realizadas simulações que descrevem a distribuição da temperatura no domínio definido.

As imagens apresentadas na Figura 1 representam estas simulações para diferentes valores do tempo t (adimensional). Observa-se que o ar quente aquece rapidamente a parte do domínio com fluxo do ar enquanto a placa metálica demora a esquentar. As simulações mostram que o aquecimento da placa, ocorre incialmente nas fronteiras onde se observa a transferência de calor entre o ar e a placa, passando posteriormente este calor para seu domínio interno.

 

5 Conclusão

Analisando as imagens geradas pelas simulações os resultados foram considerados satisfatórios, tendo em vista que representam bem o perfil de distribuição da temperatura baseando-se no perfil de velocidade gerado e no problema físico em questão.

Biografia do Autor

Fernando Augusto Brancher, Universidade Federal da Fronteira Sul/Campus Chapecó

Acadêmico do Curso de Licenciatura em Matemática

Bolsista de Iniciação Científica

Vitor José Petry, Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Chapecó

Doutor em Matemática Aplicada. Professor de Matemática da Universidade Federal da Fronteira Sul.

 

Referências

FORTUNA, A. O. Técnicas computacionais para dinâmica de fluídos – conceitos básicos e aplicações. São Paulo: Edusp, 2000.

INCROPERA, A. P. Fundamentals of heat and mass transfer. New York: Wiley, 1990.

PETRY, V. J; WEBER, P. E. Modelagem Bidimensional do Fluxo de um Fluido em Torno de Obstáculos Sólidos. In: CONGRESSO NACIONAL DE MATEMÁTICA APLICADA E COMPUTACIONAL, 34., 2012, Águas de Lindóia. Anais... São Paulo: SBMAC, 2012.

Publicado
19-09-2016