“VER-SUS SANTA CATARINA: ITINERÁRIOS (TRANS)FORMADORES EM SAÚDE” - A EXPERIÊNCIA DOS ORGANIZADORES NA CONSTRUÇÃO COLETIVA DE UM LIVRO/E-BOOK
Abstract
O produtivismo acadêmico brasileiro, instigado direta ou indiretamente pelas métricas quantitativas e acríticas de órgãos fiscalizadores da “qualidade” da graduação e sobretudo da pós-graduação, tem gerado desvios e lacunas quanto ao real sentido e significado dos itinerários formativos e do próprio papel social da universidade, além de impactar, dentre outras mazelas, em processos de adoecimento da comunidade acadêmica. Iniciativas de produção científica que fujam dessa lógica, sem perder de vista a robustez teórica e rigor metodológico característicos de uma produção relevante, ainda são raras, isoladas, e não apreciadas por grande parte dos pesquisadores/as, mais preocupados/as em atender aos critérios acima ancorados em um paradigma individualista, hipercompetitivo e predatório de ciência. Esse trabalho tem como objetivo geral apresentar a experiência dos Organizadores do Livro intitulado “VER-SUS Santa Catarina: itinerários (trans)formadores em saúde”, ao proporem alguns rompimentos paradigmáticos na produção de uma obra que almeja ser (efetivamente) coletiva. A trajetória do projeto “Vivências e Estágios na Realidade do Sistema Único de Saúde” (VER-SUS) em Santa Catarina gerou diversas publicações técnico-científicas pelo país, em diversos eventos de abrangência nacional e internacional, além de capítulos de livro em chamadas públicas sobre as temáticas deste projeto. Na obra em questão, contou-se com Apoio e Financiamento do Ministério da Saúde, da Fundação de Ensino e Engenharia de Santa Catarina (FEESC) e da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Se ancorando sobretudo em um dos pilares do VER-SUS, a produção solidária do conhecimento mediante uma ciência respeitosa e horizontal, frutos robustos emergiram: 34 capítulos finalizados, preenchendo 436 páginas, com relatos de experiência, pesquisas, reflexões teóricas, além de diversas poesias entre estes capítulos; todas as regiões de Santa Catarina representadas (além de representantes de outros estados); duas chamadas públicas de ampla concorrência – uma para os capítulos em si, e outra para a arte da capa; 58 autores/as de distintas formações; diversos capítulos escritos por alguns/algumas professores/as e profissionais de saúde convidados/as de renome nacional e internacional; prefácio concedido por docente e pesquisador da Universidade de Coimbra - Portugal; arte da capa idealizada por três mulheres ex-VERSUSianas; dentre outros imensuráveis ganhos. Emergiu da experiência que uma obra desse porte poderia ser construída valorizando a pluralidade de manifestações artísticas e culturais que emergiram nos dias de vivência nas diferentes regiões catarinenses, incluindo entre os capítulos, sessões com prosas/poesias/versos que retomariam para o/a leitor/a um pouco dos sentimentos dos/as estudantes imersos/as. Além disso, o fato da estrutura de cada capítulo ser livre para o respeito às singularidades de cada autor/a ou grupo de autores/as, trouxe mais um desafio aos organizadores para avaliação e construção dos feedbacks com as modificações necessárias, para que sugestões de melhoria para potencializar a dimensão didático-pedagógica do capítulo não soassem como tentativas de cerceamento criativo. Por conseguinte, produções coletivas com pertencimento solidário são, além de viáveis, necessárias e urgentes às rupturas paradigmáticas defendidas aqui, essenciais ao retorno da produção acadêmica e técnico-científica, da formação profissional e da própria universidade ao compromisso social de onde nunca deveriam ter se afastado.
Palavras-chave: Saúde Coletiva; Livro; Formação profissional em saúde; Universidade; Publicação em acesso livre.