POLÍTICAS PÚBLICAS E AÇÕES DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE PARA ADOLESCENTES E JOVENS: PERCEPÇÕES DE ESTUDANTES ERECHINENSES

Autores/as

  • Ivone Mendes Silva Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Erechim/RS

Resumen

Este trabalho objetiva discutir como jovens estudantes erechinenses avaliam as políticas públicas de saúde às quais têm acesso e o que consideram que pode ser melhorado nessas políticas, com base em suas experiências. Também traz reflexões sobre as ações de educação em saúde referidas por esses sujeitos. O material analisado compõe o banco de dados de uma pesquisa mais ampla sobre políticas públicas de juventude, realizada em 2016, com a colaboração das autoras. No presente trabalho, foram considerados os achados relacionados aos programas, projetos, serviços e ações de saúde mencionados pelos participantes da pesquisa. No que concerne ao desenho metodológico, foi utilizada a técnica do grupo focal, tendo sido realizada análise de conteúdo dos dados obtidos. Participaram do grupo doze estudantes (sete jovens moças e cinco jovens rapazes), com idade variando entre 15 e 17 anos, que estavam, à época da pesquisa, cursando o ensino médio numa escola da rede estadual de ensino de Erechim/RS. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFFS. De maneira geral, os depoimentos colhidos mostram que os participantes da pesquisa consideram a saúde como um direito social fundamental. Os jovens criticaram, porém, a qualidade da assistência ofertada por hospitais públicos e centros de saúde da cidade, tendo relatado episódios de demora no atendimento médico e baixa resolubilidade, além da vivência de situações em que eles mesmos e seus familiares foram alvo de preconceito ou discriminação por parte de profissionais de saúde, em função da condição sócio-econômica principalmente. Alguns participantes problematizaram a formação recebida pelos profissionais de saúde e também as condições de trabalho às quais estes se encontram submetidos, reconhecendo que há problemas estruturais que afetam o setor saúde no Brasil. Eles descreveram os serviços de saúde como contextos aos quais gostariam de recorrer não apenas para tratar doenças, ainda que essa prática seja a mais freqüente, mas também para obter informações, aprender sobre prevenção e autocuidado. Os jovens participantes da pesquisa não destacaram programas ou projetos específicos cuja importância seja reconhecida por eles ou dos quais se beneficiem diretamente. Não obstante, é possível depreender das narrativas obtidas, que eles têm acesso a ações de educação em saúde desenvolvidas na escola em que estão inseridos, como palestras e campanhas de conscientização, mas estas são pontuais e não integram programas/projetos aos quais tenham conferido destaque. Reforça-se, nesse sentido, o que a literatura científica aponta sobre a necessidade de se incluir os jovens na construção das políticas públicas de saúde, ampliando os contextos de participação existentes e criando novos espaços, sem perder de vista o fato de que esses sujeitos não têm sido ouvidos em suas necessidades e interesses como gostariam. O investimento na construção e/ou fortalecimento da parceria entre serviços de saúde e escola figura como um dos passos importantes nesse processo, uma vez que muitas das ações de saúde dirigidas ao público jovem são planejadas por essas instituições sem haver um diálogo cooperativo entre elas ou sem contemplar as especificidades dos jovens enquanto sujeitos sociais, seus contextos de vida e culturas.

Biografía del autor/a

  • Ivone Mendes Silva, Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Erechim/RS
    É doutora em Psicologia pela USP (2013); Mestre em Educação pelo CEFET-MG (2008); Mestre em Ciências da Saúde pela UFMG (2008). Atualmente é professora adjunta na Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), onde atua junto aos cursos de licenciatura e no Programa de Residência Multiprofissional em Saúde, área da Psicologia. É também professora permanente do Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas e do Programa de Pós-Graduação Profissional em Educação. Atua, desde 2015, como consultora da Comissão de Ética Pública da Presidência da República. Tem experiência no trabalho com as seguintes temáticas: formação de professores e políticas públicas voltadas ao espaço escolar; educação indígena; educação em saúde; processos de subjetivação e exclusão social na contemporaneidade; trabalho e subjetividade; violências; gênero e sexualidade.

Publicado

19-08-2025