O PAPEL DA TUTORIA NO PROCESSO DE FORMAÇÃO DE RESIDENTES MULTIPROFISSIONAIS

  • Dorian Mônica Arpini Universidade Federal de Santa Maria
  • Ana Caroline Secco Universidade Federal de Santa Maria
  • Catheline Brandolt Rubim Universidade Federal de Santa Maria
  • Roberta Fin Motta Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS)

Resumo

A Residência Multiprofissional (RM) apresenta-se como uma modalidade de pós-graduação latu sensu, regulamentada no ano de 2005 pelo Ministério da Saúde em parceria com o Ministério da Educação. Apresenta como proposta pedagógica capacitar profissionais para o exercício de práticas ancoradas nos preceitos do Sistema Único de Saúde (SUS), visando à integralidade, interdisciplinaridade e trabalho em equipe. Logo, caracteriza-se por uma formação ensino-serviço, na qual após os dois anos de formação o residente possa desenvolver um novo perfil profissional, comprometido e direcionado para o trabalho no SUS. Apesar das RM apresentarem, em todo o país, uma grande variedade de desenhos metodológicos, os espaços de tutoria e preceptoria de núcleo (profissão) e campo (serviço), são espaços comuns, que visam dar suporte teórico às atividades dos residentes, oferecendo momentos de reflexão, fundamentação e problematização para que estes possam desenvolver melhor suas atividades nos serviços. Destaca-se que as tutorias são encontros coordenados por um docente vinculado a universidade de referência da RM, e preceptoria conecta-se ao profissional ativo no serviço. Assim, o objetivo desse trabalho é fazer o relato de experiência de Tutoria de Núcleo de Psicologia na ênfase da Atenção Básica/Estratégia Saúde da Família. Neste relato, os encontros de tutoria de núcleo são realizados semanalmente, nas dependências de um prédio da Universidade Federal de Santa Maria, com duração de cerca de 2 horas. Contam com a presença dos residentes de psicologia, da tutora - docente do Departamento de Psicologia e do Programa de Pós-graduação em psicologia da UFSM, e de uma co-tutora, mestranda vinculada ao respectivo programa de Pós-graduação. Além disso uma vez por mês é realizado um momento integrado, entre tutoria e preceptoria de núcleo. Durante a tutoria são realizadas atividades teóricas, com a leitura e discussão de temas pertinentes à prática dos residentes. Destaca-se também os momentos para discussão de casos e de possíveis estratégias interventivas, bem como do acolhimento das demandas trazidas pelos residentes decorrentes de seus cotidianos no serviço. Essas demandas perpassam o atendimento e cuidado com o usuário, o trabalho e convivência em equipe (na proposta multi e interdisciplinar), as questões de organização e estruturação dos serviços e da rede, tal como questões macrosociais que acabam refletindo, de maneira mais incisiva, no trabalho dos residentes e profissionais de saúde na atualidade. Portanto, a tutoria, refere-se assim, à atividade pedagógica desenvolvida em relação de proximidade com os residentes, na qual o tutor deve ser um educador com postura ética e reflexiva, que faça uso de metodologias ativas de ensino e aprendizagem. Pode-se perceber a potencialidade formativa desse momento na medida em que diversas demandas complexas são trazidas para discussão, e são pensadas estratégias de enfrentamento de maneira coletiva. Ressalta-se que decorrentes deste espaço já foram construídos trabalhos para eventos, igualmente escritos artigos científicos pontuando as experiências formativas no campo da saúde, indagações frente ao uso de tecnologias e considerações éticas da profissão, tal como compartilhadas algumas ações coletivas desenvolvidas durante a RM.

Biografia do Autor

Dorian Mônica Arpini, Universidade Federal de Santa Maria
Psicóloga, doutora em Psicologia, Docente do Departamento de Psicologia e do Programa de pós-graduação em Psicologia, Tutora de Núcleo em Psicologia, ênfase Atenção Básica.
Ana Caroline Secco, Universidade Federal de Santa Maria
Psicóloga, Especialista em Cardiologia, Mestranda em Psicologia pela Universidade Federal de Santa Maria.
Catheline Brandolt Rubim, Universidade Federal de Santa Maria
Psicóloga, Especialista em Atenção Básica, mestranda do PPGP da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)
Roberta Fin Motta, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS)
Psicóloga, Doutora em Psicologia; Docente da Universidade Federal de Santa Maria e da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.
Publicado
22-02-2018
Seção
Educação e Formação em Saúde