ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM ÀS PESSOAS PRIVADAS DE LIBERDADE EM UMA PENITENCIÁRIA CATARINENSE
Resumo
Objetivo: Relatar a experiência de duas acadêmicas de enfermagem durante a implementação de uma prática assistencial de enfermagem, com pessoas privadas de liberdade em uma penitenciária catarinense, durante o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), desenvolvido para aprovação do Núcleo 16: Efetivando as Práticas em Saúde e Enfermagem – Estágio Curricular Supervisionado e obtenção do título de bacharel em enfermagem. Método: Realização de consultas de enfermagem e ações educativas durante o período destinado à prática assistencial, a fim de identificar os diagnósticos de enfermagem na população privada de liberdade com base em suas necessidades humanas básicas, de acordo com a teorista Wanda Horta, e promover ações de saúde com a finalidade de contribuir para o bem-estar biopsicossocioespiritual. Resultado: Foram realizadas consultas de enfermagem com 242 reeducandos, de uma população total de 585 correspondendo a um percentual aproximado de 41,60%. Também, foram realizadas ações educativas, com uma média de adesão de 28,5% dos reeducandos. Para a realização das consultas de enfermagem, os reeducandos foram divididos em 5 grupos, faziam parte do grupo um (43 pessoas) os que faziam uso de contínuo de medicações anti-hipertensivas, antidiabéticas e para hipercolesterolemia, bem como, hiperplasia prostática, reposição hormonal, anemia, insuficiência e arritmias cardíacas. Em seguida, foram realizadas as consultas dos reeducandos que fazem tratamento para doenças gástricas, hanseníase, uretrite crônica e distúrbios circulatórios cerebrais, designados como grupo dois (31 pessoas). Posteriormente, foram realizadas consultas de enfermagem com os reeducandos com diagnóstico de infecções sexualmente transmissíveis (IST's) e tuberculose, designados como grupo três (23 pessoas). Na sequência, foram convidados a participar da prática, os reeducandos que faziam uso de medicação psicotrópica, compondo o grupo quatro (57 pessoas). O quinto e último grupo (83 pessoas) destinou-se a que não havia recebido atendimento há um período superior a seis meses ou que ingressou há menos de três meses na penitenciária. As principais Necessidades Humanas Básicas afetadas dentre os cinco grupos foram: Hidratação, liberdade, amor, segurança, autorrealização e filosofia de vida. Conclusão: Durante o período destinado a prática assistencial compreendeu-se que a assistência de enfermagem às pessoas em privação de liberdade é imprescindível. Acredita-se que foi possível contribuir para a melhoria da assistência de saúde nesse cenário, focando no cuidado integral dos indivíduos, considerando os princípios de equidade e integralidade, conforme as leis e diretrizes que o Sistema Único de Saúde (SUS) propõe. A inserção de estudantes nesses espaços pode ser considerado um estímulo para a formação de profissionais com senso crítico reflexivo desenvolvido, compreendendo que no papel de profissionais de saúde, assume-se o compromisso ético de prestar assistência ao indivíduo, independentemente de suas crenças, raça, condição sexual ou ficha criminal, não cabendo aos profissionais de saúde, o papel de fazer julgamentos a essa, ou qualquer outra população. Ademais, buscou-se contribuir para a desconstrução de alguns preconceitos da população de forma geral, além de estimular o debate e reflexão acerca das práticas de saúde voltadas aos apenados.