PREVENÇÃO DE INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS EM UMA COMUNIDADE INDÍGENA KAINGANG DE PASSO FUNDO/RS

  • Angélica Kolberg Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Erechim Analista de Políticas Sociais do Ministério da Saúde
  • Caroline Bock Montagner Farmacêutica no Serviço de Escritório Local do RS/Distrito Sanitário Especial Indígena Interior Sul/Secretaria Especial de Saúde Indígena/Ministério da Saúde - SEL-RS/DSEI ISul/SESAI/MS.
  • Lucíola Maria Inácio Belfort Médica no Serviço de Escritório Local do RS/Distrito Sanitário Especial Indígena Interior Sul/Secretaria Especial de Saúde Indígena/Ministério da Saúde - SEL-RS/DSEI ISul/SESAI/MS.

Resumo

Resumo: As Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) representam um problema de saúde pública não só no Brasil, mas também em âmbito mundial. Segundo o Ministério da Saúde (MS), a terminologia Infecções Sexualmente Transmissíveis passou a ser adotada em substituição à expressão Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST), porque destaca a possibilidade de uma pessoa ter e transmitir uma infecção, mesmo sem sinais e sintomas. As IST são causadas por vírus, bactérias ou outros microrganismos e são transmitidas, principalmente, por meio do contato sexual (oral, vaginal, anal) sem o uso de preservativo masculino ou feminino, através do contato com vírus da pessoa infectada. A transmissão de uma IST pode acontecer, ainda, da mãe para a criança durante a gestação, no parto ou na amamentação. O tratamento das pessoas atingidas por IST possibilita uma melhora na qualidade de vida, além de interromper a cadeia de transmissão dessas infecções. O atendimento e o tratamento são gratuitos nos serviços de saúde do SUS, incluindo o Subsistema de Atenção à Saúde Indígena (Sasi/SUS). No entanto, apesar da maior cobertura de detecção das infecções sexualmente transmissíveis, oferta de testes rápidos mais sensíveis, melhora no diagnóstico, há ainda fatores preocupantes que contribuem com aumento do número de pessoas infectadas, segundo dados do MS que demonstram novos casos anualmente. A prática sexual muitas vezes ocorre sem proteção, sugerindo que o uso de preservativos ainda é não consenso e, muitas vezes, está associado apenas ao método contraceptivo e não de proteção. O MS preconiza o modo de prevenção combinada, que abrange o uso da camisinha masculina ou feminina, ações de prevenção, diagnóstico e tratamento das IST, testagem para HIV, sífilis e hepatites virais B e C, profilaxia pós exposição ao HIV, prevenção da transmissão vertical de HIV, sífilis e hepatite B, dentre outros. Embora muito se tenha evoluído nas questões de tratamento para as pessoas infectadas com IST, sabe-se que a educação em saúde, com objetivo de prevenir a contração dessas moléstias, continua sendo a melhor forma de evitar o contato. O objetivo deste trabalho, focado na educação em saúde, foi orientar sobre as IST, conscientizando a comunidade indígena do acampamento Butiá, localizado às margens da BR 285, próximo do aeroporto municipal de Passo Fundo, sobre a importância do uso de preservativo e da prática sexual segura, bem como orientar sobre o risco da transmissão vertical. Os profissionais da equipe multidisciplinar de saúde indígena realizaram atividade educativa, cujo objetivo foi orientar a comunidade sobre a prevenção das IST, a prática sexual segura e a vigilância permanente sobre as condições de saúde daquela comunidade. Após a atividade de educação foram disponibilizados testes rápidos de HIV, sífilis, hepatite B e C para toda a comunidade. A maioria dos membros da comunidade, após as atividades educativas, aderiu à proposta de realização da testagem rápida para IST. A atividade realizada demonstra que a educação em saúde, com objetivo de prevenir os agravos, é uma estratégia de conscientização e possibilita o acesso aos serviços de saúde às populações mais vulneráveis, tais como os indígenas.

 

Palavras-chave: Infecções Sexualmente Transmissíveis; Educação Em Saúde; Prevenção.

Biografia do Autor

Angélica Kolberg, Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Erechim Analista de Políticas Sociais do Ministério da Saúde
Graduada em Odontologia pela Universidade Federal de Pelotas-UFPel, 2008. Pós graduada em nível de Especialização em Saúde Pública com Ênfase em Saúde da Família - Centro Universitário Internacional, UNINTER, Curitiba. Pós graduada em nível de Especialização em Gestão de Organização Pública em Saúde - Universidade Federal de Santa Maria, UFSM. Pós graduada em nível de Especialização em Ortodontia - Faculdade Ciodonto. Mestranda na UFFS-Erechim, no Curso Interdisciplinar em Ciências Humanas. Analista de Políticas Sociais do Ministério da Saúde, atuando no Distrito Sanitário Especial Indígena Interior Sul/Escritório Local do Rio Grande do Sul/Passo Fundo/RS, com as populações indígenas do Rio Grande do Sul.
Publicado
23-02-2018
Seção
Saberes e Práticas de Atenção à Saúde