POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO E SUA IMPLICAÇÃO NO MODELO ASSISTENCIAL À SAÚDE: REFLEXÃO TEÓRICA
Resumo
Resumo: o objetivo deste resumo é fazer uma breve análise da Política Nacional de Humanização (PNH) e sua contribuição na mudança do modelo assistencial de saúde. Trata-se de uma reflexão teórica elaborada a partir da atuação como enfermeiros da Rede de Assistencial no sul do Brasil, bem como de revisão bibliográfica da literatura científica sobre a temática. Para tanto, além da leitura, análise e interpretação de artigos publicados nos bancos de dados Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e Scientific Eletronic Library Online (SciELO), em complementaridade, foram consideradas as experiências acadêmico-profissionais das autoras. O termo “humanização” está em pauta na área da saúde brasileira desde a década de 90, sendo instituído como Política Pública em 2003. Isso se deve, em especial, as reivindicações da Reforma Sanitária durante a qual se identificou a necessidade de construção de um sistema de saúde que, além de garantir acesso para todos, garanta integralidade e qualidade, criticava especialmente, o modelo biomédico. Essa abordagem fragmenta os processos de trabalho, valorizando a assistência voltada para a cura da doença a partir de seus aspectos biológicos e o ensino médico voltado para inovações tecnológicas, deixando de lado a clínica voltada ao paciente e seu contexto. Os modelos de gestão atuais têm apontado a necessidade de flexibilização dos processos decisórios incluindo cada vez mais os profissionais na tomada de decisões, especialmente o enfermeiro pelo seu papel de liderança e conhecimento na área da saúde. Nesse sentido, a humanização surge como uma estratégia de interferência no processo de produção de saúde, considerando que os sujeitos sociais são capazes de modificar a realidade na qual estão inseridos, transformando e melhorando essa dinâmica. Isso está pautado nas diretrizes da Política que são: o acolhimento, a gestão participativa e co-gestão, a ambiência, a clínica ampliada e compartilhada, a valorização do trabalhador e a defesa dos direitos dos usuários. Nessa direção, incluir os trabalhadores da saúde na gestão é fundamental para que eles, no dia a dia, reinventem seus processos de trabalho e sejam agentes ativos das mudanças no serviço de saúde. Acrescenta-se também, a inclusão dos usuários nos processos de cuidado como importante recurso para a ampliação da co-responsabilização no cuidado de si. Conclui-se que a proposta da PNH vem ao encontro das necessidades de melhoria do modelo biomédico, ainda hegemônico no âmbito do Sistema de Único de Saúde (SUS), o qual não consegue atender a integralidade da assistência ao usuário. A PNH se ancora em práticas como as rodas de conversa, o incentivo às redes e movimentos sociais e a gestão dos conflitos gerados pela inclusão das diferenças. Nossa experiência na qualidade de profissionais e gestores de alguns desses processos converge com a literatura científica, a qual demonstra que essas são ferramentas experimentadas nos serviços de saúde, as quais trazem experiências positivas e resolutivas para a atenção à saúde. No entanto, sua efetivação depende diretamente do comprometimento dos atores envolvidos, sejam eles gestores, profissionais ou usuários.