Escuta-flânerie em um coletivo de mulheres da periferia
Resumo
Em vista das evidentes marcas da violência na vida cotidiana em comunidades periféricas é imprescindível que sejam articuladas novas estratégias de enfrentamento a este fenômeno. Essas estratégias podem produzir lugar para potentes espaços de escuta e produção do comum. Este trabalho de extensão universitária tem como objetivo atender a demanda de escuta apresentada por um Coletivo de mulheres periféricas da cidade de Porto Alegre/RS e sua luta na reivindicação de direitos comunitários, em prol da redução do impacto à violência. A narrativa central deste coletivo de mulheres é constituída pelo debate acerca da saúde mental e a produção de laços de coletividade. A violência contra mulheres e crianças na comunidade tornou-se uma questão norteadora para a organização política do coletivo e agora torna-se também uma questão para o NUPEEC - Eixo 3/UFRGS, cuja produção teórica se sustenta nos pressupostos da teoria psicanalítica, na metodologia da escuta-flânerie e suas implicações para a dimensão ética e política da escuta no laço social. O coletivo constitui-se como um campo em constante construção, uma vez que a intervenção psicanalítica opera a partir da experiência dos sujeitos. O projeto está em fase inicial, com as primeiras visitas ao Coletivo: um tempo de estabelecimento de transferência de trabalho e de recolhimento de questões no campo. Trata-se, portanto, de comunidade confrontada em seu cotidiano por uma "guerra urbana" e pelo abandono do Estado em legítimos tempos sombrios, constituidora de laços de coletividade.
