AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIOXIDANTE E ANTIMICROBIANA DE EXTRATOS DE CASCAS DE ABACATE (Persea americana)

  • Francieli Maria Libero IFSC
  • Larissa Vargas Becker
  • Daniela Lauermann
  • Ane Luize de Oliveira
  • Maira Perin
  • Marcionei Bedin
  • Patricia Carina Schoenberger

Resumo

Introdução: O uso da polpa, semente ou folhas de abacate (Persea americana) em pesquisas vem crescendo nas últimas décadas. Estudos descrevem atividades hepatoprotetora, anti-inflamatória e analgésica, anti-hipertensiva, antioxidante e antimicrobiana dessas porções do abacate (ADEYEMI; OKPO; OGUNTI, 2002). Porém, pesquisas utilizando cascas de abacate são escassas. Objetivos: Tendo em vista a necessidade de novos agentes antioxidantes e antimicrobianos provenientes de fontes naturais, nesse trabalho objetivou-se aproveitar o resíduo (cascas) de abacate na geração de extratos e avaliar potenciais atividades antioxidante e inibitória de microrganismos patogênicos - Staphylococcus aureus (CCCD S014) e Salmonella enteritides (CCCD S002). Metodologia: Cascas de abacate in natura foram higienizadas, trituradas e maceradas em solventes, obtendo-se três extratos distintos, em triplicatas (50 g de cascas de abacate em 300 mL do respectivo solvente - água, etanol ou acetonitrila - sob agitação (200 rpm por 6 horas), posteriormente filtrados sob vácuo e evaporados até secura). Avaliou-se a atividade antioxidante pelo método de captura de radicais livres com 2,2-difenil-1-picril-hidrazila (DPPH•) - protocolo adaptado de Brand-Willians e colaboradores (1995), por espectrofotometria UV/Vis. Após obtenção da curva de calibração com ácido ascórbico, efetuou-se diluições dos extratos em triplicatas a 0,1 % e 0,01 % (p/v). Adicionou-se 0,1 mL de cada diluição a 2,9 mL da solução 100μM de DPPH. Decorridos 40 minutos, efetuou-se as leituras de absorbância. Para avaliação da atividade antimicrobiana, usou-se o teste de concentração inibitória mínima (CIM) (OSTROSKY et al., 2008) por diluição seriada em placas. Foram pesados 0,2 g dos extratos secos, em triplicatas, diluídos em solução de dimetilsulfóxido (DMSO) 0,5 %, ajustando volume para 10mL. Inoculou-se 100 μL de caldo caseína de soja contendo culturas viáveis de S. aureus ou S. enteritides nos respectivos micropoços e adicionou-se (em colunas distintas nas placas) 100 μL de cada diluição dos extratos, mantendo-se controle positivo, negativo e branco. Após incubação, para leitura, adicionou-se cloreto de trifeniltetrazólio 5%. Resultados e Discussão: Tratados os dados, verificou-se que o extrato com maior atividade antioxidante (73 % de neutralização do radical livre) e maior inibição dos microrganismos testados (CIM 2.500 μg/μL) foi o extrato obtido em acetonitrila (diluído a 0,1 %). Acredita-se que moléculas que conferem as atividades de interesse (com cadeias longas/estruturas complexas ou compostos aromáticos e fenólicos) possuam afinidade com acetonitrila. Para o extrato etanólico, verificou-se atividade antioxidante moderada (37 % de neutralização do DPPH) e CIM para S. aureus a 5.000 μg/μL e S. enteritides a 10.000 μg/μL. Já o extrato aquoso das cascas de abacate apresentou resultados inexpressivos (até 10.000 μg/μL não inibiu o crescimento dos microrganismos e apresentou 13 % de neutralização do DPPH), provavelmente devido ao baixo poder de extração da água. Conclusão: Conforme os objetivos do presente estudo, o aproveitamento de cascas de abacate na produção de extratos com atividades antioxidante e antimicrobiana mostra-se promissor. A extração em acetonitrila apresenta resultados expressivos, com alta atividade antioxidante, além de características inibitórias frente a S. aureus e S. enteritides. Porém, outros estudos são necessários para caracterização da composição das cascas e dos extratos.

Publicado
08-08-2018