LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO E SUAS MANIFESTAÇÕES NEURO VASCULARES E CEREBRAIS
Resumo
Introdução
O lúpus tipo sistêmico é o mais comum entre a população afetada pela doença reumatológica, ele se manifesta de diversas formas, sendo a forma de lúpus eritematoso sistêmico (LES) o mais conhecido. Não há estudos que comprovem a origem do lúpus em nosso organismo, tendo em vista que é uma doença autoimune, os sintomas são relacionados a anticorpos, como anti-DNA, anti-P ribossomal, anticardiolipina, entre outros, incluindo o sistema nervoso central (SNC) (ZHANG et al., 2021). O SNC é composto pelo encéfalo e pela medula espinhal, estes quando afetados pelo lúpus, pode levar a uma variedade de sintomas neurológicos, incluindo processos inflamatórios podendo causar uma condição conhecida como "lúpus neuropsiquiátrico" ou "neurolúpus” (ARAUJO et al. 2019).
Essa inflamação acaba resultando em alterações nos neurotransmissores do SNC, e consequentemente, em comportamentos como: confusão mental aguda, distúrbios cognitivos, psicose, transtornos de humor, ansiedade e depressão. A fisiopatologia da LES é caracterizada pela formação de imunocomplexos constituídos por anticorpos e auto ou hetero antígenos que se depositam nas paredes de vasos sanguíneos de médio e pequeno calibre, ou seja na microcirculação. Os quais, dão ‘start’ nos mediadores da inflamação, resultando em vasculite leucocitoclástica, juntamente com necrose na parede vascular e em tecidos irrigados pela mesma, assim, acarretando em mudanças estruturais e funcionais de diversos órgãos (CASTRO ALVES DOS SANTOS COSTA, 2017).
Importante destacar as formas de tratamento para o LES, ou seja é necessário a intervenção das equipes multiprofissionais para uma melhor orientação no tratamento farmacológico e não farmacológico. Visto a necessidade de esclarecimentos sobre o LES, suas manifestações neurológicas e cerebrovasculares, este trabalho busca sanar algumas lacunas existentes e trabalhar com estudos que tenham embasamento científico.
Objetivos
Explicar de forma coerente e científica a relação do lúpus com o sistema nervoso e acometimentos no sistema neurocirculatório, tendo sobre entendimento sintomas expressos por pacientes diagnosticados com a doença.
Metodologia
Este trabalho contempla uma revisão de literatura, do tipo resumo expandido, de cunho qualitativo, descritivo e exploratório. Realizado a partir da busca de artigos originais, pesquisas clínicas ou experimentais, ou revisões sistemáticas, indexadas em bancos de dados científicos com fator de impacto relevante no período de 10 anos na língua portuguesa, espanhola e inglesa. Serão excluídos artigos, fora do interesse da pesquisa, duplicados, artigos pagos, ou que contenham apenas o resumo disponível.
Resultados e discussões
O comprometimento neurológico é um dos determinantes de morbimortalidade nos indivíduos com LES, sendo frequente nestes, as manifestações neuropsiquiátricas que variam de 38% a 65,8% nos pacientes com LES (ZAMBRANO & VÁSQUEZ, 2014). Entre as condições mais comuns estão os ataques cerebrovasculares, convulsões, disfunção cognitiva, confusão aguda e psicose (PAREDES et al., 2020). Esses sintomas podem estar relacionados a alterações neurológicas decorrentes do LES, como inflamação cerebral, vasculite e trombose (TEODORO et al., 2022).
Os danos gerados pelo processo inflamatório afetam o organismo sistemicamente. Estudos abordam a relação entre a lesão vascular/trombótica encefálica com a presença de anticorpos patogênicos, citocinas pró-inflamatórias, interleucina (IL) -6, Interferon alfa (IFNα) e aumento da permeabilidade da barreira hematoencefálica em indivíduos com LES (BENDORIUS et al., 2018). Uma análise prospectiva de eventos neuropsiquiátricos em pacientes com LES constatou que as manifestações clínicas eram comuns, foram destacados distúrbios convulsivos, cefaléia e transtornos de humor como depressão e ansiedade (HANLY, J. G, et al., 2015).
Estudos têm demonstrado que sintomas neuropsiquiátricos nos pacientes acometidos por lúpus podem variar amplamente (QUEZADA & ALMEIDA, 2022), convulsões e psicose são observados em até 20% dos casos, outras manifestações neuropsiquiátricas variam de 9% a 80% nos indivíduos acometidos, sendo a cefaléia sintoma neurológico mais comum e o acidente vascular cerebral a complicação mais grave (QUEZADA & ALMEIDA, 2022).
O tratamento da doença é muito amplo e um dos medicamentos de uso obrigatório para pacientes diagnosticados com LES são os antimaláricos. Outras opções de tratamentos incluem o uso de anti-inflamatórios não esteroidais, micofenolato de mofetila, anti-inflamatórios esteroidais, metotrexato, ciclofosfamida, azatioprina, imunoglobulina intravenosa, retinóides, danazol, clofazamina, rituximabe e anticoagulantes conforme diagnóstico e critério médico. O uso de anti-inflamatórios e anticoagulantes atenuam os danos vasculares, emergindo um estado protetor contra eventos cerebrovasculares agudos que podem ser letais aos pacientes com LES (DE CAMPOS, 2017).
Conclusão
É imperativo destacar que o diagnóstico e o tratamento das manifestações neuropsiquiátricas do lúpus eritematoso sistêmico (LES) continuam a constituir um notável desafio para os profissionais de saúde. A natureza diversificada do LES torna o diagnóstico e o manejo complexo, pois não existe um sintoma exclusivo da doença. Ainda, as manifestações têm o potencial de resultar em uma significativa incapacitação funcional e, por conseguinte, representam um desafio para o estabelecimento do diagnóstico correto. Neste contexto, torna-se de extrema importância que os profissionais da saúde estejam plenamente cientes dessa condição e trabalhem em conjunto proporcionando um cuidado integral aos pacientes acometidos pelo lúpus. A abordagem trabalhada neste estudo, colabora metodologicamente com a comunidade científica além de otimizar os processos e protocolos que visam a qualidade de vida e o bem estar dos pacientes e, ao mesmo tempo, impulsionar o avanço no campo da pesquisa e tratamentos das manifestações do LES.
Referências
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CASTRO ALVES DOS SANTOS COSTA, Catarina. Função do Sistema Nervoso Autónomo em Doentes com Lúpus Eritematoso Sistémico. In: Função do Sistema Nervoso Autónomo em Doentes com Lúpus Eritematoso Sistémico. [S. l.], 15 ago. 2017. Disponível em: https://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/31050/1/CatarinaCSCosta.pdf. Acesso em: 9 out. 2023.
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ZUÑIGA ZAMBRANO, Yenny Carolina; VÁSQUEZ, Rafael. Trastornos psiquiátricos en pacientes pediátricos con lupus eritematoso sistémico en un hospital de referencia. Revista Colombiana de Psiquiatría, v. 43, n. 2, p. 73–79, 2014. Disponível em: <https://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S0034745014000158>. Acesso em: 11 out. 2023.
Palavras-chave: Lúpus Eritematoso Sistêmico; Sistema Nervoso Central; Inflamação.