COVID-19 E IMUNOSSENESCÊNCIA - IMPACTO NA SAÚDE MENTAL DE IDOSOS

  • Amanda Gollo Bertollo UFFS
  • Roberta Eduarda Grolli
  • Maiqueli E duarda Dama Mingoti
  • Adriana Remião Luzardo
  • Zuleide Maria Ignácio
Palavras-chave: COVID-19; Saúde mental; Imunosenescência.

Resumo

Introdução: A COVID-19 é causada pelo SARS-CoV-2, vírus identificado inicialmente em dezembro de 2019 na China. Os idosos e portadores de doenças crônicas apresentam uma evolução mais grave da doença, principalmente se essas doenças forem relacionadas a um estado inflamatório persistente como em transtornos psiquiátricos. O Transtorno Depressivo Maior (TDM) é uma doença crônica e recorrente que apresenta em muitos indivíduos um estado inflamatório crônico potencializado por situações estressantes. O isolamento social está sendo utilizado como estratégia durante a pandemia com o objetivo de diminuir o risco de contaminação pelo SARS-CoV-2, porém essa situação também pode contribuir para a piora dos quadros mentais, considerando que o isolamento social tem sido associado a um aumento da depressão e do suicídio. A taxa de mortalidade por COVID-19 em adultos saudáveis é em torno de 2 a 3%, no entanto para os idosos a propensão é três vezes maior. Objetivo: Relacionar os impactos da COVID-19 e do estresse na Pandemia  na saúde mental de idosos. Metodologia: Revisão bibliográfica nas bases de dados PubMed, Medline, Scielo, Lilacs e Scholar Google envolvendo publicações nacionais e internacionais. Resultados: Com o envelhecimento humano ocorre a imunosenescência, situação caracterizada pela alteração da resposta imune que pode estar relacionada a um estado inflamatório de baixo grau. Essa condição inflamatória de baixo grau é mais frequente em idosos, principalmente se esses indivíduos apresentarem comorbidades ou doenças crônicas. A imunosenescência gera ativação glial pela liberação de citocinas, e a ativação da glia pode estar relacionada com prejuízos na memória, declínio cognitivo, envelhecimento cerebral e neurodegeneração. Estas alterações são estimuladas pelas moléculas pró-inflamatórias liberadas por células T auto-reativas derivadas do timo atrofiado. O estresse gerado durante a pandemia por diversos estímulos estressores, como o isolamento social e o medo de uma doença nova, pode desregular o  feedback negativo do eixo hipotálamo-pituitária-adrenal (HPA). O aumento crônico dos glicocorticóides, como o cortisol, é acompanhado por um aumento das citocinas e de outras moléculas pró-inflamatórias que, por sua vez, também contribuem para o desequilíbrio do eixo HPA. Essas condições crônicas  podem culminar em resistência aos glicocorticóides, contribuindo para o aumento ou manutenção de um estado pró-inflamatório crônico. A associação desses fatores pode predispor ou agravar transtornos psiquiátricos, pois, entre outros fatores, podem induzir uma tempestade de citocinas, causando hiper inflamação sistêmica que pode danificar a barreira hematoencefálica, resultando em inflamação do sistema nervoso central. Esses indivíduos apresentam aumento da vulnerabilidade frente ao estresse e no caso de contrair COVID-19, considerando principalmente os mecanismos hormonais e inflamatórios do estresse. Com isso, a infecção por SARS-CoV-2 pode desencadear ou agravar o TDM e outros transtornos psiquiátricos, além de torná-los mais vulneráveis à gravidade dos sintomas da COVID-19. Idosos, pessoas com doenças crônicas ou pessoas que apresentam transtornos com características inflamatórias e são infectados por SARS-CoV-2 podem progredir para uma doença mais grave. Além disso, a tempestade de citocinas pró-inflamatórias, uma condição da gravidade da infecção por SARS-CoV-2, pode desencadear ou agravar transtornos psiquiátricos em idosos. Conclusões: As pesquisas que estudaram a saúde mental de idosos no início da pandemia já verificaram um impacto negativo, com o aumento de sintomas depressivos e ansiosos. O sinergismo entre idade, estresse, presença de transtornos psiquiátricos e infecção por SARS-CoV-2 tende a aumentar a gravidade da COVID-19 e os prejuízos na saúde  mental dos idosos.

Publicado
29-10-2021