ALTERAÇÕES NEUROANATÔMICAS PREDITIVAS PARA O DIAGNÓSTICO DO TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA: REVISÃO INTEGRATIVA

  • Mirelly de Souza Rosa UFMA https://orcid.org/0000-0001-7821-5472
  • Ana Thereza Silva dos Santos
  • Ana Clara Gonsaga Silva
  • Diêgo de Jesus Correia
  • Fabrício Silva Souza
  • Ana Cristina Pereira de Jesus Costa
Palavras-chave: Transtorno do Espectro Autista. Neuroanatomia. Diagnóstico.

Resumo

Introdução: O transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição mental do neurodesenvolvimento prevalente e genética, caracterizado por distúrbios de comunicação e interação social, uso da linguagem e manipulação de conceitos abstratos. Contudo, há poucas investigações que identifiquem biomarcadores seguros para contribuir no diagnóstico precoce. Objetivo: Identificar alterações neuroanatômicas preditivas para o diagnóstico do TEA. Metodologia: Trata-se de uma revisão integrativa, realizada em setembro de 2020 nas bases de dados Web of Science, Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (Medline), Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature (CINAHL) e Scopus. Os descritores utilizados foram: Autistic Disorder, Autism Spectrum Disorder, Neuroanatomy e Diagnosis, empregando os operadores booleanos OR e AND. A revisão foi executada em cinco etapas, 1) identificação do problema; 2) busca na literatura; 3) extração dos dados; 4) avaliação; 5) análise, síntese e exposição dos resultados. Baseando-se na estratégia PICo, formulou-se a seguinte questão: “Quais as alterações neuroanatômicas preditivas para o diagnóstico do TEA?” Foram incluídos, artigos originais completos, disponíveis nos últimos cinco anos, nos idiomas português e inglês, e excluídos artigos duplicados, com acesso restrito e que não respondiam ao objetivo do estudo. Resultados e Discussão: Foram levantados 128 artigos, predominando 18,7% na Web of Science (1), 21,2% na Medline (2), 6,2% na CINAHL (3) e 50,7% na Scopus (4). Em todas as bases 100% eram artigos originais completos, sendo 0% no idioma português e 100% em inglês. Para o critério de publicação nos últimos 5 anos, foram encontrados um total de 50% na base 1; 38,7% na base 2; 25% na base 3 e 49,2% na base 4. A partir dos critérios de inclusão e exclusão pré-definidos foram selecionados 14 artigos para compor a amostra. Quanto às alterações neuroanatômicas preditivas de TEA, estas estão relacionadas ao funcionamento atípico do cérebro em regiões denominadas “cérebro social”, incluindo córtex pré-frontal, as porções medial e ventral do lobo temporal, amígdala e cerebelo. Em tais estruturas, identificou-se diminuição no tamanho e número de células de Purkinje, envelhecimento atenuado do cérebro, hipoplasia dos lóbulos do vermis cerebelar central,  reduções volumétricas na massa cinzenta, padrões de crescimento cortical excessivo e desordem na ligação desta região com outras regiões do cérebro, aumento da área e espessura do corpo caloso e aumento do volume de líquor. Essas modificações, associadas a uma interação social diminuída, afetam o desenvolvimento dos circuitos neuronais, contribuindo para déficits comportamentais e cognitivos. Conclusão: As evidências apontam que as alterações neuroanatômicas preditivas para o diagnóstico do TEA se relacionam aos mecanismos de comunicação no “cérebro social” e identificá-las é um processo complexo devido a heterogeneidade da doença e as conclusões conflitantes dos estudos. Embora haja um avanço no uso da neuroimagem para caracterizar anormalidades cerebrais, permanece desafiador estabelecer biomarcadores corticais com sensibilidade e especificidade suficientemente altas para um diagnóstico clínico precoce de TEA, sendo necessárias investigações detalhadas para o avanço na compreensão dos substratos neurais deste transtorno.

Publicado
29-03-2021