A CONSTRUÇÃO DA A/NORMALIDADE NA POLÍTICA DE EDUCAÇÃO ESPECIAL E SEU REFLEXO NO CURRÍCULO DO ENSINO DE CIÊNCIAS
Palavras-chave:
Ensino de Ciências, Política Educação EspecialResumo
O artigo analisa como a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (PNEEPEI) de 2008 discute as noções de normalidade e anormalidade e como essas concepções se refletem no currículo de Ciências da Natureza (CN). A abordagem parte da ideia de que políticas educacionais são construídas por sujeitos sociais e políticos e estão em constante transformação.
Utilizando uma pesquisa qualitativa e análise documental, o estudo foca na PNEEPEI com base nas teorias de Michel Foucault, especialmente sobre a “norma” como instrumento de regulação social. As políticas de inclusão são interpretadas como mecanismos que, ao mesmo tempo que incluem, também definem quem está fora da norma, reforçando uma lógica binária e biopolítica que busca controlar e normalizar os corpos.
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é analisada como expressão dessa biopolítica, na medida em que promove um currículo que valoriza certos saberes e comportamentos, enquanto marginaliza outros. O currículo de CN, ao tratar de temas como saúde e sexualidade, atua como ferramenta de controle, incentivando padrões de corpo e conduta considerados “normais”.
O texto conclui que o desafio do ECN é não apenas reproduzir normas sociais, mas problematizá-las, permitindo que os estudantes reflitam criticamente sobre as construções sociais de saúde, corpo e normalidade.