ENTRE ESTANTES FÍSICAS E ACERVOS DIGITAIS:

UMA RETOMADA TEÓRICA SOBRE OS CONCEITOS DE BIBLIOTECAS AO LONGO DA HISTÓRIA

  • Angela Piloni Universidade Federal da Fronteira Sul
  • João Carlos Rossi Universidade Federal da Fronteira Sul

Resumo

 

ENTRE ESTANTES FÍSICAS E ACERVOS DIGITAIS: UMA RETOMADA TEÓRICA SOBRE OS CONCEITOS DE BIBLIOTECAS AO LONGO DA HISTÓRIA

 

Angela Piloni

João Carlos Rossi

 

INTRODUÇÃO

 

De acordo com Medeiros (2019), desde os primórdios da humanidade, notamos a necessidade do homem em registrar todo o conhecimento apreendido e produzido. A Literatura evidencia algumas maneiras de materialização do pensamento e com o passar dos anos foram surgindo diversas formas de comunicação, como, por exemplo, os desenhos em cavernas, até os dias atuais, com a mecanização e o avanço tecnológico.

A autora também pontua que há cerca de 4.600 anos a instituição biblioteca possui relatos de sua origem, desde a queda do Império Romano do Ocidente e vem se modificando conforme as novas demandas das sociedades, a fim de favorecer e se fazer presente em todas as instâncias sociais e evolução humana.

À vista disso, o presente resumo, que faz parte da pesquisa de trabalho de conclusão de curso, parte do seguinte questionamento: Como o conceito de biblioteca vem evoluindo ao longo da história? Nesse sentido, definiu-se para este resumo o objetivo de apresentar problematizações parciais sobre a origem e os aspectos em relação à instituição biblioteca ao longo da história, a partir de obras como de Hauser (1977), um escritor e historiador da arte de origem húngara que estudou a história da arte e literatura nas universidades de Budapeste, Viena, Berlim e Paris. Para o autor, a circulação da arte ocorre a partir do importante papel de mediadores culturais. No caso da circulação de materiais de leitura, destaca espaços fundamentais, como bibliotecas, livrarias, escolas, igrejas, entre outros.

Cabe destacar, que foram muitas as bibliotecas na Antiguidade e é interessante dizer que eram bastante distintas entre si. As diferenças entre elas se davam de acordo com o tipo de suporte que fazia parte de seu acervo. Inicialmente, temos as bibliotecas minerais e, posteriormente, as bibliotecas vegetais e minerais. As bibliotecas minerais receberam essa denominação porque seus acervos eram constituídos de tabletes de argila. Já as bibliotecas vegetais e minerais ficaram conhecidas por seus rolos de papiros e pergaminhos. Na Idade Média a biblioteca continuou com perspectivas retrógradas, pois os acervos eram destinados para um grupo específico de pessoas, ou seja, somente a elite, mas continuava sendo uma fonte disseminadora de informação (MARTINS, 2002).

É no renascimento que as bibliotecas começam a construir o papel que temos hoje, conforme Milanesi (2002, p. 7) [...] “em O Nome da Rosa, [...] emerge a figura misteriosa do bibliotecário do convento, que levava a chave de um mundo complexo e misterioso [...], no Renascimento ele surge como um guia de ajuda na caminhada por um mundo novo e aberto”. A coleção de livros raros e importantes e a organização em bibliotecas passam a ser uma constante na vida desses homens de letras. Os fundadores das bibliotecas renascentistas se interessavam ardentemente pelas grandes bibliotecas da Antiguidade e faziam buscas intensas para encontrar livros de seu interesse ou que pudessem aumentar ainda mais seu prestígio junto aos seus pares e súditos (BARATIN; JACOB, 2000).

Nos dias atuais, um país como o Brasil, com grandes desigualdades sociais, a escola possui um papel fundamental na formação de leitores. Com a introdução das Tecnologias da Informação e Comunicação (TDICs) veio para facilitar a execução do trabalho dos bibliotecários, com mais acesso a informações, melhores oportunidades de buscas, trazendo mais agilidade. No passado, o acesso aos livros ocorria única e exclusivamente por meio do acervo físico. No entanto, com o tempo,  a Lei 13.696, de 2018, assegura a obrigatoriedade do acesso a livros, a leitura, a escrita, a literatura e as bibliotecas de acesso público no Brasil, no entanto, sabemos que nem sempre é assim.

Dessa forma, neste resumo, buscamos introduzir questões breves acerca da evolução do conceito de biblioteca ao longo da história, apresentando a metodologia adotada para realização do estudo, seguido das discussões e considerações finais.

 

1 METODOLOGIA

 

A presente investigação trata-se de uma pesquisa bibliográfica, uma vez que buscamos fazer um levantamento de dados e seleção de artigos teóricos e científicos que explorem a temática do conceito de biblioteca ao longo da história e as implicações na formação leitora (GIL, 1999). Adotamos um tratamento qualitativo dos dados, ou seja, a geração de informações visam descrever os dados e preocupa-se com aspectos da realidade que não podem ser quantificados, de natureza bibliográfica (BORTONI-RICARDO, 2008).

O recorte de análise contemplará os séculos XIX e XXI, em que será investigado a evolução das bibliotecas, buscando explorar os impactos tecnológicos e na relação de acesso aos livros. A busca das informações se dará por meio de artigos científicos, revistas, livros e demais meios que possam conter investigações sobre o desenvolvimento das bibliotecas ao longo deste período temporal. 

 

2 REFERENCIAL TEÓRICO

 

O projeto de pesquisa justifica-se no âmbito social, já que busca refletir sobre como as bibliotecas, espaços de formação de leitores, modificaram-se ao longo da história. Assim, busca contribuir para o conhecimento, informação e interação necessária ao acesso aos livros, à leitura, por meio do aprofundamento do conteúdo e acervo em pauta.

O presente tema “Entre estantes físicas e acervos digitais: uma retomada teórica sobre os conceitos de bibliotecas ao longo da história” surgiu por meio de uma curiosidade da pesquisadora, em descobrir como a instituição citada foi se desenvolvendo ao longo dos anos. Josiel Machado Santos (2012), em seu artigo “O Processo Evolutivo das Bibliotecas da Antiguidade ao Renascimento”, descreve a bibliotecas minerais e vegetais e visa identificar a importância da preservação e conservação do conhecimento humano, além de descrever as diferenças de atendimento, estrutura, funcionalidade de cada uma delas, expondo sua relevância em evidência no decorrer dessa trajetória. 

O autor destaca que as bibliotecas brasileiras foram esquecidas ao longo da história, que as mesmas no tempo colonial estavam mais concentradas em conventos, sendo que com a expulsão dos Jesuítas do país, os livros foram parar em lugares impróprios. Já com a chegada da Família Real, em 1808, juntamente veio a Biblioteca Real, com 60 mil exemplares de livros, depois com a partida desses membros acabaram ficando apenas alguns caixotes.

Destaca-se que em 1811 foi fundada a Biblioteca Pública da Bahia,  sob a administração de e D. Marcos de Noronha e Brito, Conde dos Arcos e então Capitão-General da Província da Bahia, mas isso só foi pensado graças a iniciativa do senhor de engenho da época Pedro Gomes Ferrão Castelo Branco e alguns outros homens.

Pretende-se com a presente pesquisa, mostrar à população como foi o crescimento das bibliotecas ao longo da história assim como os tipos de bibliotecas com as mudanças nos materiais de leitura e na sociedade. Ademais, de informá-las sobre os presentes espaços de leituras além de levar a refletir sobre as possibilidades de espaços - físicos e virtuais - para acesso aos materiais de leitura, para assim despertar mais interesse na população referente ao mundo literário. 

Alfredo Serrai (1975) discorreu sobre a evolução humana e sobre a necessidade de registrar seus descobrimentos ao longo do tempo, a China e o Egito, segundo o autor, foram países que já tinham bibliotecas muito antes de Cristo. No entanto, a civilização que mais deixou registro foi a Assírio-Babilônia. O autor ressalta sobre como ficou o boom da biblioteca depois do surgimento da imprensa, desde a década de 1940.

Lucas (2004), nos diz que as TDICs, desde a década de 1990, vem mudando o conceito de bibliotecas, mas que sua finalidade não foi alterada, destacando a função social das bibliotecas digitais no processo de formação leitora.



3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

 

 De acordo com investigações realizadas de forma bibliográfica, notamos que houve um avanço enorme nas bibliotecas, especialmente no recorte temporal do século XIX ao XXI. Ressaltamos, que em um país como o Brasil, com muitas desigualdades sociais, a escola continua sendo um importante acesso para que a leitura de livros ocorra.

Ademais, destaca-se que com o advento da tecnologia, novas possibilidades de acesso aos livros foi oferecida para a sociedade. As bibliotecas contemporâneas, digitais, buscam diminuir a desigualdade de acesso à fontes de pesquisas e informações, porém, há de se levar em consideração que uma grande parcela da população brasileira ainda não tem acesso aos bens tecnológicos, o que aponta para a necessidade de construção e efetivação de políticas públicas, educacionais, que garantam esse acesso.

CONCLUSÃO

 

Tendo em vista os aspectos analisados, conclui-se que a biblioteca é uma instituição muito antiga, essa foi se modificando conforme a sociedade foi se desenvolvendo e que grandes desafios ainda são apresentados para a ampliação do acesso aos bens intelectuais, como o acesso à informação, seja por meio de livros físicos e/ou digitais.

 

REFERÊNCIAS 

 

BORTONI-RICARDO, Stella Maris. O professor pesquisador: introdução à pesquisa qualitativa. São Paulo: Parábola, 2008.

 

BRASIL. Lei n. 13.696, de 12 de julho de 2018. Institui a Política Nacional de Leitura e Escrita. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/Lei/L13696.htm Acesso em: 16 outubro 2023.

 

GIL, A. C. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. São Paulo, SP: Atlas, 1999.

 

HAUSER, A. Sociología del arte. Barcelona: Labor, 1977.

 

BARATIN, M.; JACOB, C. (Coord.). O poder das bibliotecas: a memória dos livros no ocidente. Rio de Janeiro: UFRJ, 2000. p. 21-44. 

 

LUCAS, C. R. O CONCEITO DE BIBLIOTECA NAS BIBLIOTECAS DIGITAIS. Informação & Sociedade: Estudos, [S. l.], v. 14, n. 2, 2004. Disponível em: https://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/ies/article/view/58. Acesso em: 6 nov. 2023.

 

MARTINS, Wilson. A palavra escrita: história do livro, da imprensa e da biblioteca. 3 ed. São Paulo: Ática, 2002.

 

MEDEIROS, A. L. As bibliotecas na antiguidade.  [Memória e Informação; v. 3 n. 2, 2019, p. 69-85.

 

MILANESI, L. Biblioteca. Cotia: Ateliê Editorial, 2002.

 

RIBEIRO, A. B. BIBLIOTECAS PÚBLICAS DO BRASIL: presente, passado e futuro. Acesso em: 21 jul.2023

 

SANTOS, J. M.  O Processo Evolutivo das Bibliotecas da Antiguidade ao Renascimento. Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação. São Paulo, v.8, n. 2, p. 175-189, jul./dez. 2012.


SERRAI, Alfredo. História da biblioteca como evolução de uma ideia e de um sistema. Revista Escola de Biblioteconomia, UFMG, Belo Horizonte, v.4, n.2, p.141-161, 1975.

Publicado
19-02-2024