Eficácia do teste molecular de HPV versus papanicolau no rastreamento do câncer cervical: uma revisão bibliográfica
Palavras-chave:
Teste molecular, Papanicolau, Cancer cervicalResumo
Introdução: O câncer do colo do útero representa um grave problema de saúde pública, especialmente em países em desenvolvimento, sendo amplamente associado à infecção persistente pelo papilomavírus humano (HPV). O rastreamento por meio do exame citopatológico de Papanicolau tem sido a principal estratégia de detecção precoce, contribuindo para a redução da mortalidade pela doença. No entanto, a Organização Mundial da Saúde (OMS) já recomenda o teste molecular para HPV como exame primário de rastreamento, dado seu alto desempenho no diagnóstico, especialmente na detecção de lesões precursoras. Estudos já demonstraram que os testes moleculares para HPV apresentam maior sensibilidade que o exame de Papanicolau, sendo considerados mais eficazes para o rastreamento do câncer de colo de útero. A discussão atual se concentra na viabilidade da sua implementação em larga escala e na adaptação dos sistemas de saúde a essa nova conduta. Objetivo: Comparar a eficácia do teste molecular de HPV em relação ao exame citopatológico (Papanicolau) no rastreamento do câncer cervical. Metodologia: Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, sobre a eficácia do teste molecular de HPV em comparação com o exame citopatológico (Papanicolau). A busca foi realizada na plataforma “PubMed” e “SciELO” no mês de abril de 2025. Utilizou-se descritores em ciências da saúde na língua inglesa, utilizando operadores booleanos “HPV molecular tests” and “Papanicolaou tests”, considerando o recorte temporal de 2020 a 2025. Resultados e Discussão: Os testes moleculares para detecção do papilomavírus humano (HPV) de alto risco, baseados na técnica de PCR, apresentam desempenho superior ao exame citopatológico tradicional (Papanicolau) na identificação de lesões precursoras do câncer do colo do útero. O teste molecular padrão possui sensibilidade de aproximadamente 94% para a detecção de lesões de alto grau (CIN2+), superando a sensibilidade do exame citopatológico que possui cerca de 60%. Desse modo, o teste molecular de HPV permite a identificação de lesões precursoras de modo mais efetivo, contribuindo diretamente para a redução da incidência e mortalidade por câncer cervical. O teste molecular para HPV permite o uso de amostras autocoletadas com desempenho semelhante às coletas feitas por profissionais, ampliando o acesso ao rastreamento. Ainda, por serem mais precisos e menos dependentes da interpretação subjetiva, aumentam a confiabilidade dos resultados. Sua alta sensibilidade permite aumentar o intervalo entre os exames de três para cinco anos, otimizando recursos e diminuindo a sobrecarga dos serviços de saúde. No Brasil, o SUS iniciou a implementação deste teste em 2024, utilizando a técnica de PCR para detectar HPV de alto risco, incluindo os genótipos 16 e 18, os mais associados ao câncer cervical. Considerações finais: O uso de testes moleculares representa um avanço significativo no rastreamento do câncer do colo do útero. A possibilidade de aplicação em amostras autocoletadas amplia a cobertura, especialmente em populações de difícil acesso. No entanto, embora esses testes tenham um desempenho superior ao exame citopatológico (Papanicolau) na detecção de lesões precursoras do câncer cervical, sua adoção em larga escala ainda depende de estudos de custo-efetividade e de investimentos em infraestrutura. Tais medidas são essenciais para consolidar sua implementação e contribuir para o avanço da eliminação do câncer cervical.