Transcendendo fronteiras e construindo pontes para o cuidado: a saúde mental dos imigrantes em debate
Palavras-chave:
Saúde Mental, Emigrantes e imigrantes, Brasil, Estresse psicológico, diversidade, equidade e inclusãoResumo
Introdução: O fenômeno da imigração de pessoas é um processo que quando ocorre envolve rupturas bruscas de caráter afetivo e cultural, exigindo uma total adaptação a novos contextos sociais, culturais e linguísticos. Esse cenário pode gerar impactos significativos na saúde mental desses indivíduos imigrantes, especialmente quando somado a fatores como barreiras na comunicação, discriminação, isolamento social e dificuldades econômicas. Pesquisas apontam que imigrantes enfrentam níveis elevados de sofrimento psíquico, manifestado por sintomas como ansiedade, insônia, tristeza e baixa autoestima. Em relação ao estado de Santa Catarina, especificamente ao município de Chapecó (principal município do Oeste Catarinense), nota-se que apesar da crescente presença dessa população, principalmente de origem haitiana, ainda são escassas as políticas institucionais voltadas ao acolhimento e cuidado em saúde mental, sensíveis às suas especificidades. Objetivo: Analisar os principais fatores correlacionados à saúde mental de sujeitos imigrantes, considerando suas experiências de adaptação social e cultural, bem como, a eficiência do atendimento que encontram nas unidades básicas de saúde. Metodologia: Este estudo trata-se de uma revisão integrativa de literatura, com enfoque em uma análise qualitativa dos dados coletados. As buscas bibliográficas foram realizadas no primeiro semestre de 2025, utilizando os seguintes bancos de dados: SciELO, Google Acadêmico e PubMed. Como critério de inclusão, foram selecionados apenas artigos publicados nos últimos 10 anos, a fim de garantir a atualidade e a relevância das informações. A análise dos dados ocorreu de maneira descritiva, com a identificação dos principais pontos em comum entre os autores e a organização das ideias em torno do tema central do estudo. Resultados e Discussão: A análise dos estudos revelou que imigrantes de Chapecó enfrentam diversos desafios que impactam diretamente na sua saúde mental. Dentre os principais fatores estão as barreiras linguísticas, a ausência de rede de apoio familiar, a dificuldade de integração com moradores nativos, o sentimento de não pertencimento e a sobrecarga de responsabilidades laborais e pessoais. Esse conjunto de elementos contribui para o surgimento de sintomas como ansiedade, insônia, tristeza, dificuldades com a autoimagem e isolamento social. Além disso, muitos desses indivíduos relatam experiências de discriminação e preconceito, o que acentua o sofrimento psíquico e compromete a qualidade de vida. Observou-se também que a rotina exaustiva, somada às exigências de adaptação cultural, pode desencadear um estado de luto simbólico, marcado pela saudade e pela perda dos vínculos e referências do país de origem. Apesar disso, a formação de redes de apoio entre os próprios imigrantes e a participação em atividades extracurriculares aparecem como estratégias positivas que ajudam a enfrentar as adversidades e a criar um senso de pertencimento. No entanto, ainda são limitadas as ações institucionais voltadas para o acolhimento humanizado da população imigrante, o que reforça a necessidade de políticas públicas que considerem suas especificidades culturais e emocionais. Um exemplo dessa lacuna são os desafios significativos ainda enfrentados pelos imigrantes do município de Chapecó ao buscar um atendimento eficiente, marcados pela tendência à medicalização da experiência migratória. Essa abordagem, baseada no paradigma biomédico, ignora as singularidades dos indivíduos e desvia o foco das reais causas do sofrimento, muitas vezes relacionadas a fatores sociais, culturais, políticos e econômicos. Para superar essa limitação, é fundamental formar profissionais de saúde capazes de compreender a complexidade da imigração e de desenvolver estratégias de cuidado mais humanas, sensíveis e livres de estereótipos, promovendo assim um atendimento verdadeiramente universal e inclusivo. Considerações finais: O estudo evidenciou que os imigrantes no município de Chapecó enfrentam dificuldades significativas que afetam sua saúde mental, agravadas pela falta de preparo institucional para acolhê-los de forma adequada. A principal limitação observada é a escassez de políticas públicas e estratégias eficazes voltadas à saúde mental dessa população, assim como a dificuldade de encontrar serviços que considerem suas especificidades culturais e linguísticas. Como aprendizado, destaca-se a importância de ampliar o olhar para além da medicalização do sofrimento, valorizando abordagens acolhedoras e humanistas que favoreçam a escuta, a inclusão e o bem-estar emocional desses estudantes.