Território e cuidado: desvendando barreiras na adesão à mamografia no Sul do Brasil
Palavras-chave:
Mamografia, Acesso aos serviços de saúde, Disparidades em saúde, Saúde da mulher, Geografia médicaResumo
Introdução: O câncer de mama é o tipo de neoplasia mais incidente entre as mulheres em todas as cinco regiões do Brasil, sendo também a principal causa de mortalidade oncológica nessa população, com exceção dos tumores de pele não melanoma. A mamografia é considerada o exame padrão-ouro para o rastreio da doença, por permitir identificar alterações ainda em estágios iniciais. Apesar de apresentar melhores indicadores de saúde que outras regiões, o Sul ainda enfrenta barreiras que dificultam a cobertura adequada do exame. Compreender essas dificuldades é essencial para subsidiar estratégias que promovam maior equidade no cuidado e no acesso aos serviços, alinhando-se com os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS), que incluem a universalidade, a integralidade e a equidade. Objetivo: Identificar as barreiras e dificuldades à adesão ao exame de mamografia no Sul do Brasil, considerando as desigualdades territoriais, os aspectos estruturais, educacionais e individuais. Metodologia: Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, com abordagem qualitativa, realizada em abril de 2025. A busca foi conduzida inicialmente na plataforma Google Scholar e, em seguida, na base de dados Scientific Electronic Library Online (SciELO), utilizando os descritores “barreiras na prevenção do câncer de mama no Sul do Brasil”, “câncer de mama no Brasil” e “redes de cuidado no câncer de mama”. Foram selecionados três artigos científicos que abordam diretamente as barreiras estruturais, educacionais e individuais para a realização da mamografia, relacionando com o foco na região Sul do Brasil. Os critérios de inclusão contemplam a pertinência temática, idioma português e disponibilidade gratuita. Por se tratar de uma pesquisa com dados secundários de domínio público, não foi necessária a submissão ao Comitê de Ética em Pesquisa. Resultados e Discussão: A literatura revisada indica que, embora o Sul do Brasil apresente indicadores de saúde superiores em comparação a outras regiões do país, ainda persistem entraves significativos no acesso ao rastreamento do câncer de mama. As desigualdades na distribuição geográfica dos serviços de saúde — majoritariamente concentrados nos centros urbanos — limitam o acesso de mulheres residentes em áreas rurais ou periféricas. Os serviços de saúde, majoritariamente concentrados em centros urbanos, limitam o acesso de mulheres residentes em áreas rurais ou periféricas. Essa disparidade é agravada pela falta de transporte público e pela baixa renda, que impedem deslocamentos para os locais de exame. Os determinantes sociais como a baixa escolaridade, renda reduzida e dificuldades de locomoção aprofundam a exclusão de grupos vulneráveis, sobretudo quando associadas à falta de informação qualificada sobre a importância da detecção precoce. No campo da comunicação em saúde, observa-se a carência de estratégias educativas culturalmente adequadas e territorialmente sensíveis. A escassez de ações voltadas à sensibilização da população, com linguagem acessível e abordagem empática, favorece as desinformações e reduz a percepção da necessidade do exame. Além disso, aspectos individuais como o medo do diagnóstico, a expectativa de dor ou desconforto durante o procedimento, a dificuldade em compreender orientações e a falta de tempo são elementos que desestimulam a busca pelo rastreamento. Esses elementos evidenciam a complexidade das barreiras enfrentadas pelas mulheres e sua íntima relação com a configuração territorial, social e cultural do cuidado. Considerações finais: A análise evidenciou que as dificuldades na adesão à mamografia no Sul do Brasil estão profundamente ligadas a desigualdades territoriais, estruturais, sociais e individuais. Mais do que ampliar a oferta do exame, é necessário garantir que ele seja acessível, compreendido e valorizado por todas as mulheres, considerando suas condições de vida e inserção nos territórios. Investir em ações educativas contínuas, descentralizar os serviços e qualificar o atendimento são medidas fundamentais para fortalecer o rastreamento e promover um cuidado mais justo e efetivo. Superar essas barreiras exige o fortalecimento das redes de cuidado com foco na equidade e no compromisso com a promoção da saúde da mulher e sua diversidade geográfica e sociocultural.