Panorama da febre de Chikungunya em Santa Catarina entre 2017 e 2025

Autores

  • Claudia Cristina Marmentini Unochapecó
  • Marcelo Monteiro
  • Cleidiane Vedoy Ferraz
  • Junir Antonio Lutinski Unochapecó
  • Maria Assunta Busato Unochapecó
  • Alana Ames
  • Brenda Dalla Costa Rossato

Resumo

Introdução: a Chikungunya é uma arbovirose causada por um alfavírus transmitido por mosquitos do gênero Aedes, especialmente Aedes aegypti. Clinicamente, manifesta-se por febre aguda, dores articulares e musculares, cefaleia, náuseas, fadiga e exantema. Trata-se de uma enfermidade com caráter epidêmico e elevada morbidade, principalmente devido à persistência da artralgia, o que compromete significativamente a produtividade e a qualidade de vida dos indivíduos afetados. Inicialmente descrita em 1952, na África, a Chikungunya disseminou-se por regiões tropicais e subtropicais, apresentando potencial epidêmico mesmo fora das áreas originalmente endêmicas. No Brasil, a transmissão autóctone foi confirmada no segundo semestre de 2014, nos estados do Amapá e da Bahia e, desde então, todos os estados da federação passaram a registrar casos da doença. Nesse contexto, o estado de Santa Catarina se destaca como foco deste estudo, uma vez que a presença do vetor e o aumento progressivo da doença vêm representando um desafio crescente para a saúde pública estadual. Objetivo: analisar a distribuição geográfica e a incidência dos casos notificados de febre de Chikungunya no estado de Santa Catarina, no período de 2017 a 2025. Metodologia: trata-se de um estudo epidemiológico, descritivo e retrospectivo, com abordagem quantitativa, envolvendo os 295 municípios do estado de Santa Catarina, localizado na região Sul do Brasil. Foram considerados todos os casos notificados da doença em residentes no território catarinense, com dados extraídos da plataforma Tabnet, desenvolvida pelo Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), de acesso público. Os dados foram analisados por meio de estatística descritiva, com elaboração de tabelas no software Microsoft Excel. Por utilizar dados secundários, públicos e anonimizados, não houve necessidade de submissão ao Comitê de Ética em Pesquisa. Resultados: entre 2017 e 2025, o estado de Santa Catarina notificou 6.701 casos de febre de Chikungunya, com aumento progressivo ao longo dos anos, de 427 em 2017 para 1.092 casos em 2024 e 1.074 em 2025. Nove municípios apresentaram mais de 100 notificações no período, com destaque para Florianópolis (1.259 casos), Balneário Camboriú (1.257) e Xanxerê (641), sendo os dois primeiros os únicos a ultrapassarem a marca de mil casos. Também se destacaram os municípios de Seara (467), Itajaí (439), Joinville (179), Chapecó (158), São Miguel do Oeste (158) e Blumenau (142). Em relação ao perfil dos casos, 3.522 foram registrados em mulheres e 3.102 em homens. As faixas etárias mais acometidas foram de 20 a 39 anos e de 40 a 59 anos. Quanto à raça/cor, a maior parte dos registros ocorreu em pessoas brancas (5.633), seguidas por pardas (540), pretas (194), amarelas (59) e indígenas (11), com 191 registros ignorados ou em branco. Durante o período analisado, foram registrados dois óbitos diretamente atribuídos à Chikungunya. Considerações finais: a análise da distribuição e da incidência dos casos permitiu evidenciar a expansão geográfica da doença no estado, o aumento expressivo do número de casos e a concentração dos agravos em faixas etárias economicamente ativas e em determinados municípios. Esses achados reforçam a importância da adoção de estratégias de prevenção e controle direcionadas a esses grupos, além de ações intersetoriais que envolvam a gestão em saúde, o meio ambiente e a participação ativa da comunidade. Ainda se considera a possibilidade de subnotificação, especialmente nos anos iniciais da série histórica, o que pode ter limitado a compreensão da real magnitude da Chikungunya em Santa Catarina. O enfrentamento da doença exige medidas integradas e contínuas para a contenção da transmissão e a redução de seus impactos sociais e econômicos no estado.

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Publicado

20-07-2025

Edição

Seção

ET 3 - Território, Ambiente e Saúde