Perfil de intoxicações por agrotóxicos em pacientes oncológicos na região Sudoeste do Paraná

Autores

Palavras-chave:

Intoxicação, Epidemiologia, Exposição Ocupacional

Resumo

Introdução: As intoxicações exógenas configuram-se atualmente como um problema de saúde pública, e são caracterizadas por alterações clínicas e/ou laboratoriais a partir da interação por uma ou mais substâncias químicas nocivas ao organismo. Quando a intoxicação se dá por agrotóxicos os efeitos e agravos relacionados a essas substâncias dependem da via e do tempo de absorção, da toxicidade, concentração e classe da substância, das condições ambientais e do acesso aos serviços de saúde. A exposição aos agrotóxicos pode causar inúmeros desfechos, englobando as anomalias congênitas, cânceres, doenças neurológicas e metabólicas, infertilidade e hipotireoidismo. Objetivo: Descrever o perfil das intoxicações em pacientes oncológicos expostos aos agrotóxicos no sudoeste do Paraná. Metodologia: Trata-se de um estudo quantitativo de corte transversal, que apresenta o recorte dos dados de uma pesquisa realizada no Ambulatório de Oncologia do Hospital do Câncer, localizado no município de Pato Branco, na região Sudoeste do Paraná. O município corresponde ao polo da 7ª Regional de Saúde (RS), e a Unidade Oncológica deste local atende os quinze municípios localizados nesta região. Participaram do estudo 367 pacientes que estavam realizando tratamento para câncer, independentemente do tipo, de ambos os sexos, com idade superior a 18 anos, residentes nos municípios de abrangência da 7ª Regional. A coleta de dados ocorreu entre os meses de outubro e novembro de 2024 por meio de uma entrevista contendo questões referentes a características socioeconômicas, ocupacionais, condições de saúde e sobre o uso/exposição aos agrotóxicos. Foi utilizada a estatística descritiva de frequência para apresentação dos resultados. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos (CEP), sob parecer nº 7.104.670. Resultados e Discussão: Dentre os 367 pacientes oncológicos entrevistados, 20,7% relataram que aplicaram agrotóxicos na sua atual/última ocupação, e destes, 7,1% afirmaram já ter sofrido episódios de intoxicações. Dos pacientes que sofreram intoxicações, a maioria era do sexo masculino (73,0%), com idade média de 63,5 ± 9,8 anos (mínima = 40,0; máxima = 84,0), autodeclarados de cor de pele branca (61,5%), casados ou em união estável (80,7%), nível de escolaridade de fundamental incompleto (76,9%), renda familiar de dois a três salários mínimos (53,8%) e residentes atualmente em área urbana (57,9%). Em relação às últimas ocupações exercidas pelos participantes, observou-se o predomínio dos trabalhadores agropecuários, florestais, da caça e pesca (50,0%), seguido dos trabalhadores da produção de bens e serviços industriais (26,9%), trabalhadores dos serviços, vendedores do comércio em lojas e mercados (11,5%), do lar (7,7%) e das forças armadas, policiais e bombeiros militares (3,8%). Quanto a utilização de equipamentos de proteção individual 65,3% afirmaram não fazer uso, e a principal circunstância para a ocorrência das intoxicações foram as atividades relacionadas ao trabalho (84,6%). Os municípios de residência dos pacientes que relataram ter sofrido intoxicação foram: Pato Branco com nove casos; Palmas com cinco casos; Itapejara D’Oeste, São João e Saudade do Iguaçu com dois casos cada; e Bom Sucesso do Sul, Clevelândia, Coronel Domingo Soares, Coronel Vivida, Mangueirinha e Sulina com um caso cada. Considerações finais: Os casos de intoxicação identificados neste estudo estão diretamente relacionados às atividades econômicas predominantes na região, especialmente a agricultura e a pecuária. Os dados observados reforçam a importância da investigação, vigilância e avaliação dos impactos na saúde das populações expostas aos agrotóxicos, além da necessidade de desenvolver estratégias eficazes para a prevenção e controle da exposição a substâncias tóxicas.

Biografia do Autor

  • Karina Seibel, Universidade Comunitária da Região de Chapecó - Unochapecó

    Mestranda do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Ciências da Saúde da Universidade Comunitária da Região de Chapecó, Unochapecó.

  • Vanessa da Silva Corralo, Universidade Comunitária da Região de Chapecó - Unochapecó

    Docente do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Ciências da Saúde da Universidade Comunitária da Região de Chapecó, Unochapecó.

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Publicado

20-07-2025

Edição

Seção

ET 6 - Saúde da população rural