Regiões brasileiras com identificação do vírus DENV em mosquitos Ae. aegypti
Palavras-chave:
sorotipagem; dengue; vetores de doenças.Resumo
Introdução: os mosquitos do gênero Aedes têm chamado a atenção das autoridades em saúde, fato devido ao perigos gerados pela transmissão de algumas doenças. O vetor Ae. aegypti (Linnaeus, 1762) (Diptera: Culicidae) é capaz de realizar a transmissão dos vírus causadores da dengue, febre amarela, zika e chikungunya. No Brasil, a circulação dos vírus da dengue ocorre de forma expressiva desde a década de 1980, caracterizando o cenário de transmissão endêmica/epidêmica no país. A doença é causada por quatro sorotipos, DENV 1, DENV 2, DENV 3 e DENV 4. No Brasil também já foram encontrados todos os quatro sorotipos citados. Porém, os casos notificados de dengue não conseguem abranger a totalidade de vírus DENV circulantes naquele momento, ou seja, mesmo que determinado sorotipo não tenha sido notificado, sua ausência não é certa. Objetivo: descrever a partir da literatura, as regiões brasileiras que têm identificação do vírus DENV no mosquito Ae. aegypti. Metodologia: foi realizada uma revisão integrativa de literatura (RIL), através da elaboração da pergunta norteadora, busca na literatura, coleta de dados e análise crítica dos resultados. Para realizar a busca na literatura, foram utilizados Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) e termos pré-definidos, os quais foram inseridos no Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). Foram incluídos no estudo, artigos completos publicados entre os anos de 2000 e 2024, realizados no Brasil. Os artigos selecionados passaram pela leitura de títulos, resumos e o artigo na íntegra. Ao final, foi elaborada uma matriz de organização e síntese dos dados. Foram selecionados 19 artigos que atenderam aos critérios de busca. Resultados e Discussão: um panorama geral mostra que as publicações foram realizadas entre os anos de 2002 e 2023, em 14 revistas. O maior número de trabalhos publicados foi na revista Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, com quatro artigos, seguida pela revista PLOS One e Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. Em relação ao local, foram identificados artigos produzidos em dez estados, pertencentes às seguintes regiões brasileiras: Norte, Nordeste, Centro-oeste e Sudeste. O maior número de artigos encontrados foi da região Nordeste (sete artigos), seguida pela região Sudeste (seis artigos). Nenhum artigo foi identificado na região Sul. Ao todo, 17 artigos apresentaram positividade em relação a presença do vírus DENV em mosquitos Ae. aegypti. Os quatro sorotipos da dengue apareceram na revisão, contudo, o único trabalho com registro dos quatro sorotipos nas amostras foi o artigo do estado do Rio de Janeiro. As outras pesquisas apresentaram um, dois ou três sorotipos. Acerca dos locais de realização dos estudos, a revisão integrativa da literatura mostra a ausência de pesquisas com identificação viral em Ae. aegypti na região Sul do Brasil. Observam-se grandes mudanças no contexto da dengue na região Sul do país, sendo que nos três estados os números aumentam expressivamente a partir de 2019, ou seja, o agravamento da situação epidemiológica da doença é recente no Sul. Esse fator pode explicar a ausência de pesquisas com identificação dos sorotipos no vetor na região. Dados mostram que entre 2001 e 2006, e 2007 e 2013, as regiões Norte, Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste predominavam com os maiores números de casos prováveis. Nota-se a necessidade de ampliar os estudos com detecção viral no vetor Ae. aegypti para outros estados, já que a identificação viral permite estudar a disseminação do vírus para a tomada de decisões. Considerações finais: foi possível identificar quais regiões brasileiras e estados vêm realizando a sorotipagem em mosquitos Ae. aegypti. Nota-se que as pesquisas ocorreram nas regiões Norte, Nordeste, Sudeste e Centro-oeste, nas quais a presença da dengue já vem sendo registrada há bastante tempo. No Sul, porém, o agravamento da doença é recente, o que pode justificar a ausência de estudos na região.