Gravidez na adolescência e transtornos psicossomáticos associados: uma revisão de literatura

Autores

Palavras-chave:

Adolescente, Saúde Pública, Transtornos Mentais, Saúde Mental, Gravidez na Adolescência

Resumo

Introdução: Historicamente, no Brasil, a gravidez na adolescência não era considerada uma questão de saúde pública e nem atraía a atenção de pesquisadores como em dias atuais. A partir do aumento da proporção de nascimentos em mães com menos de 20 anos que se observou ao longo dos anos 90, esse tema passou a ser mais frequente na literatura científica. O estudo da influência da gravidez no bem-estar das adolescentes se mostra relevante, pois essa população enfrenta preconceitos pela visão da sociedade associada à promiscuidade e à imoralidade. Adolescentes grávidas geralmente enfrentam dificuldades no acesso ao pré-natal, com acompanhamento psicológico tardio e um número menor de consultas em comparação com mulheres de outras faixas etárias. Objetivo: Analisar os efeitos da gravidez na adolescência sobre a saúde mental das jovens mães. De modo mais específico, o trabalho visou identificar os fatores que mais contribuem para o desenvolvimento de distúrbios psicoemocionais, no contexto da maternidade precoce, e conhecer quais são esses transtornos. Metodologia: Revisão de literatura, do tipo narrativa, com abordagem qualitativa, cuja realização se deu de agosto a novembro de 2024. Realizou-se uma busca de informações iniciais sobre a temática no site da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). Posteriormente, a estratégia de busca foi definida na base de dados Scientific Electronic Library Online (SciELO), sem uso de filtros: “pregnancy AND (adolescents OR teenagers) AND (mental OR psychological)”, com a qual 81 resultados foram encontrados. Entretanto, foram excluídos artigos com direcionamento específico ao período pandêmico; com foco em estratégias de prevenção da gravidez na adolescência e de tratamento de distúrbios decorrentes dela; e com temática central voltada ao aborto, ao abuso sexual, à violência doméstica, à evasão escolar, dentre outros. Por se tratar de uma pesquisa com dados secundários, a aprovação em Comitê de Ética em Pesquisa não foi necessária, de acordo com as resoluções do Conselho Nacional de Saúde.  Resultados e Discussão: Diferentes autores apontam que aspectos financeiros e socioculturais, como escolaridade, uso de drogas e instabilidade de relações conjugais favorecem a gravidez precoce e o surgimento de problemas psicológicos nesses casos.  Jovens gestantes também costumam ter um acesso limitado ao acompanhamento pré-natal, com suporte psicológico oferecido mais tardiamente e um número inferior de consultas em relação às mulheres adultas. Evidenciam-se, ainda, prejuízos para a formação da mulher ao enfrentar a maternidade com pouca idade, autonomia e experiência de vida, ou seja, condições insuficientes para lidar com os novos desafios. Contudo, dentre múltiplos fatores, a rejeição familiar se destaca no desenvolvimento de problemas emocionais, sendo o transtorno de ansiedade o mais frequente em mulheres com idade reprodutiva, seguido por condições como depressão, fobia social, estresse pós-traumático e transtorno obsessivo-compulsivo. Ademais, a literatura mostra que sintomas psicossomáticos, como desmaios, choro frequente, insônia e pensamentos suicidas são comuns. Por fim, com a sanidade psicoemocional comprometida, as jovens, com frequência, negligenciam sua saúde e do descendente, configurando uma situação de risco. Considerações finais: Os dados reforçam a ideia de que a gravidez durante a fase da adolescência, em conjunto com seus desdobramentos na esfera intelectual, familiar, social e econômica têm relação direta com uma gama de transtornos mentais. Com a utilização da estrutura já existente na Equipe de Saúde da Família, é possível promover ações com ênfase no planejamento familiar e em questões comportamentais nessa faixa etária. Ainda, reitera-se a urgência na elaboração de estudos primários na área, com diferentes populações. Uma limitação da revisão desenvolvida foi a seleção mais restrita de fontes de informação científica. Por fim, também é relevante que, além da comunidade acadêmica e dos profissionais da saúde, os políticos e a população como um todo se atentem à situação, já que as relações domésticas e intrafamiliares são alvos importantes de possíveis intervenções na melhoria da qualidade de vida das mães adolescentes.

Biografia do Autor

  • Carolina Dacroce Dariva, Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS)

    Estudante de Medicina

  • Cilda Cibele Lopes Godinho, Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS)

    Estudante de Medicina

  • Emanuelly Fatima Tomazelli Maertins Vieira, Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS)

    Estudante de Medicina

  • Natan Santos Soares de Oliveira, Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS)

    Estudante de Medicina

  • Jussara Maria Habel, Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS)

    Pós-doutoranda em Estudos Linguísticos

  • Graciela Soares Fonsêca, Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS)

    Cirurgiã dentista, doutora e docente de Saúde Coletiva

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Publicado

20-07-2025

Edição

Seção

ET 1 - Políticas de Equidade, Acessibilidade, redes de atenção e desafios no SUS