Desmistificando o SUS: percepção da comunidade acadêmica sobre o uso cotidiano do Sistema Único de Saúde
Palavras-chave:
Sistema Único de Saúde, Desinformação, Estudantes de MedicinaResumo
Introdução: o Sistema Único de Saúde (SUS) proporciona acesso gratuito aos serviços de saúde no Brasil, atuando com base nos princípios da universalização, equidade e integralidade. Entretanto, devido à desinformação, esse sistema é frequentemente associado apenas à assistência médica direta, o que limita a percepção sobre sua real abrangência, que inclui ações de vigilância sanitária, controle da qualidade da água e dos alimentos, vacinação em massa, entre outras. Diante disso, é relevante conhecer a visão da coletividade e da comunidade acadêmica sobre a temática. Objetivo: relatar a execução de uma atividade de extensão sobre o entendimento da comunidade acadêmica em relação ao SUS, realizada em uma instituição pública de ensino superior no sul do país. Metodologia: trata-se de um relato de experiência relacionado a uma ação de extensão efetuada na disciplina de Saúde Coletiva I, por estudantes do primeiro semestre do curso de Medicina. Essa atividade foi desenvolvida no mês de outubro de 2024, durante um evento, nas dependências do campus de uma universidade pública, envolvendo discentes, docentes, demais servidores e terceirizados. Cerca de 200 pessoas circularam pelo local no período da ação e foram convidadas, presencialmente e por e-mail, a responder um questionário anônimo, disponibilizado por meio do Google Forms, com o objetivo de identificar o nível de conhecimento sobre o tema abordado. Foram obtidas 137 respostas no formulário, que continha 10 perguntas de múltipla escolha. As perguntas variavam de acordo com a resposta inicial do participante sobre o uso cotidiano do SUS, direcionando questionamentos distintos para quem declarou utilizá-lo diariamente e para quem não o utilizava. Ao final do formulário, os participantes tiveram acesso a um folder explicativo, contendo as informações corretas relacionadas aos tópicos abordados nas perguntas, com o objetivo de promover a educação em saúde. Resultados e Discussão: foram obtidas 137 respostas à enquete, sendo que 50,4% afirmaram não fazer uso direto diário dos serviços do SUS. Dentre esses, 97,1% apontaram possuir água tratada em suas casas; 100% afirmaram frequentar restaurantes, lanchonetes e supermercados; 69,6% disseram utilizar algum tipo de cosmético e 94,2% indicaram que acionariam o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) em caso de emergência. Assim, embora metade dos respondentes tenha indicado não usar o SUS todos os dias, suas atividades diárias envolvem setores desse sistema, como o Programa Nacional de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (Vigiagua) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Considerações finais: as principais limitações foram a escassez de público na universidade no dia da ação e a falta de interesse de parte da comunidade em participar. Diante dos resultados obtidos, notou-se uma lacuna de conhecimento, mesmo em um ambiente acadêmico, comprometendo a associação entre hábitos diários e os papéis do SUS. Tal realidade contribui para a desvalorização dessa política e sinaliza a necessidade de novas estratégias para disseminação de informações sobre essa rede de assistência à saúde, reforçando a necessidade de ações contínuas de educação em saúde, como campanhas informativas permanentes no ambiente universitário. Para os discentes realizadores do projeto, a atividade proporcionou aprendizado relevante para a formação profissional e futura prática médica, aproximando-os da realidade em saúde.